“SINTO-ME REALIZADO POR SERVIR AS PESSOAS”
Álvaro Amaro é, à presente data, presidente da Câmara Municipal de Palmela. Nasceu e passou toda a sua infância e adolescência no Pinhal Novo, onde para além de crescer em ambiente feliz conheceu o seu primeiro emprego nas obras de saneamento da freguesia. Pensa que o mundo está repleto de tradições e que a crise se resolve na formação e educação das pessoas para a cidadania. Deus é uma idéia de bondade e perfeição mas lamenta que Ele não esteja sempre presente nos nossos atos. O seu pai é o seu ídolo e “Feiticeira”, a sua música de eleição
Como foi a sua infância?
Uma infância feliz; com a presença, apoio e referências da família, com amigos… entre gente humilde, sem fartura, nem fome. Sem muita coisa… que, afinal, parece não ter feito falta. Um tempo de descobertas, sem perigos e sem receios, em liberdade, entre a aldeia de Pinhal Novo e a sua periferia rural
O primeiro amor…
Uma colega de escola, a Dite, filha de uma professora, em 1971, na primeira Escola Preparatória acabada de inaugurar em Palmela. Não fui totalmente correspondido, ela preferia rapazes mais velhos, senti-me um patinho feio, fiquei magoado… só durante três dias. Risquei-a da lista e passei à(s) seguinte(s)
E o primeiro emprego…
Desde muito cedo, 13 anos de idade, trabalhava e ajudava na Papelaria Bet, dos meus pais. Mas o primeiro trabalho remunerado, por conta de outrem, aconteceu no verão de 1977. Iniciavam-se as obras de saneamento em Pinhal Novo e fui ganhar uns trocos nas férias, abrindo valas para ramais de esgotos, a pá e picareta, desde o coletor de esgotos no centro da rua à porta das habitações. Eram 400 escudos por ramal.
Como é a sua casa? Como a define?
A minha casa é um ninho, um refúgio onde passo pouco tempo. Moro numa casa não muito grande, num espaço agradável, isolado, no meio da ruralidade e da natureza… passo a vida a fazer planos para a remodelar, reparar, a pensar em obras e embelezar o quintal, mas fica tudo adiado para amanhã, pois o pouco tempo que estou em casa tento aproveitá-lo para, descansar, reflectir e usufruir dos afectos da família
O que pensa do mundo?
Está repleto de contradições e de injustiças. Temos um planeta fantástico, rico em múltiplos aspectos, com diversidade e povos fantásticos, mas há sempre, em todo lado, uma minoria que o destrói, explora e obsta a que a felicidade seja para todos. O meu sonho é continuar a lutar para transformá-lo
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sim, sinto-me realizado porque tenho vivido intensamente e feliz com oportunidade de intervir social e profissionalmente para servir as pessoas. Por outro lado, sempre fiz aquilo que gosto, nunca me senti obrigado ou constrangido. O ensino e a política são missões, a música é mais um hobby, embora também uma paixão. Outras actividades que tive, na área comercial, na gestão, na área editorial, entre outras, tudo contribuiu para moldar a minha personalidade…
Como se resolve a crise?
Apostando nas pessoas, na sua formação, na educação para a cidadania, no seu talento, em vez de apostar nos agiotas da banca. Apostar na economia, em vez da finança. Apostar na honestidade e na competência, em vez de valorizar a embalagem e o discurso de alguns produtos políticos apodrecidos. Aprofundando a democracia participativa. Resolve-se a crise também com uma distribuição mais justa da riqueza, uma aposta no sector produtivo nacional, com salários justos que permitam dinamizar a economia, não só com exportações, mas sobretudo com o aumento do consumo interno….
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
O homem cria Deuses e Mitos, por vezes para tentar encontrar explicações para coisas ditas inexplicáveis. Deus é uma ideia de bondade, de solidariedade e de perfeição, um conjunto de valores humanistas, uma referência que nos deve nortear nesta passagem pelo mundo. O seu exemplo de sacrifício pela humanidade deveria estar presente em muitas das acções da nossa vida quotidiana. Se assim fosse, o mundo seria mais perfeito. Independentemente do que cada um pensa da religião, ELE está no nosso espírito e nos nossos pensamentos, sobretudo quando egoistamente algo nos faz falta. É pena que não esteja sempre nos nossos atos
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Não mudaria nada, só parava o relógio do tempo, pois ainda tenho muito para fazer nesta vida
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Presentemente sou autarca, Presidente da Câmara de Palmela, a tempo inteiro. O meu projecto para o Futuro é Continuar o Futuro no concelho de Palmela. O meu futuro pouco importa. Importa-me mais o Futuro dos meus concidadãos dos meus filhos
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Ilha de Moçambique
Um livro
A Catedral do Mar (Ildefonso Falcone)
Uma música
Feiticeira (Luis Represas)
Um ídolo
O meu pai
Um prato
Feijoada de Búzios
Um conceito
Dialéctica