Entrevistas de JoaQuim Gouveia

14
Nov 13

“O MUNDO É AQUILO QUE O HOMEM QUER”

 

José Raposo é um farmacêutico reformado que ao longo de 48 anos de atividade granjeou amizades e simpatias na cidade. A par disso sempre foi poeta, daqueles capazes de reinventar o amor. Nasceu em Santiago do Cacém e o Alentejo, continua a ser o seu destino preferido. Pensa que o mundo não é melhor porque o Homem não quer e enquanto for o Homem a decidir este será sempre o mundo que teremos. Foi Boletineiro nos correios e casou com a mulher da sua vida, o seu primeiro e único amor

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Santiago do Cacém. Sou filho de pessoas simples e pobres e tenho duas irmãs mais novas. O meu pai era servente de pedreiro no inverno e caiador no verão. Os meus pais eram analfabetos mas criaram-nos muito bem. Apesar das dificuldades tive uma infância feliz. Sempre me adaptei ás circunstâncias. Brinquei muito e fui um aluno dentro do razoável

 

O primeiro amor…

Não tenho grande memória mas penso daquilo que me lembro que terá sido a minha mulher. Eu tinha 17 anos. Ela despertou-me interesse quase à primeira vista. É o meu amor de toda a vida

 

E o primeiro emprego…

Boletineiro. Entregava telegramas nos correios. Ganhava 6 tostões por telegrama

Como é a sua casa? Como a define?

Tenho a casa que posso ter. Estou feliz com a minha casa. É acolhedora num bairro bom da cidade que é o Montalvão. É onde gosto de estar

 

O que pensa do mundo?

O mundo é aquilo que o Homem quer mas o Homem não quer que um mundo feliz. E enquanto for o Homem a mandar é o mundo que temos. O culpado de tudo o que se passa no mundo afinal é o Homem

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Tenho uma família e afins que me permite sentir realizado humanamente. Profissionalmente fiz durante 48 anos o que sempre gostei de fazer. Sempre fui dedicado à minha profissão de farmacêutico, a tal ponto que considerava a farmácia onde trabalhava como se fosse minha.

 

Como se resolve a crise?

Acho que se os nossos políticos olhassem para as gerações mais antigas, analfabetos e sem recursos, criavam filhos, trabalhavam e pagavam as contas, percebiam como se resolvia a crise: não gastar mais do que se ganha e respeitar as regras do bom senso

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou católico. Acredito que existe algo a quem nós chamamos Deus, algo superior a nós. Deus deu-nos o livre arbítrio. Cada um terá de saber gerir a vida à sua maneira

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Tudo o que pretendi para a minha vida alcancei com maior ou menor dificuldade. Nunca tive horizontes muito largos. As coisas na minha vida foram acontecendo naturalmente, por isso acho que não mudaria nada

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformado. De momento a minha principal atividade é cuidar dos meus 3 netos com a minha mulher. Depois faço poesia, cantigas, marchas e outras. Não devemos fazer muitos projetos para a vida porque acabamos por esquecer os projetos que a vida tem para nós

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Alentejo

 

Um livro

Afectos e cumplicidades (José Raposo)

 

Uma música

Love me tender (Elvis Presley)

 

Um ídolo

O meu pai

 

Um prato

Cozido à portuguesa

 

Um conceito

Se vires um cágado em cima de uma árvore

não penses que foi ele que subiu. Alguém lá o pôs

 

publicado por Joaquim Gouveia às 05:07

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