RUI DO CABO
“CONHECI E AMEI A MÃE CORAGEM”
Rui do Cabo é um dos nomes que desponta a cada dia no mundo do fado. Guitarrista e fadista é nestas vertentes plurais que faz hoje a sua vida com a experiência adquirida ao longo de vários anos como entertainer e cantor de música popular. Não guarda grandes memórias de infância mas identifica o seu primeiro amor, numa altura em que o coração bateu mais rápido pela primeira vez. Sente-se recompensado pela vida e se pudesse jamais teria sido empresário.
Eis um homem que acredita que tudo que será seu já lhe está destinado.
Como foi a sua infância?
- Não tenho grandes recordações de infância. Perdi o meu pai quando tinha quatro anos e talvez esse facto me roubasse alguma expectativa no facto de ser criança. Recordo-me essencialmente do Stella Maris, em Setúbal, onde frequentei a creche e parte da Escola Primária, que concluí nos Foros do Trapo, no Montijo. Sei que era uma criança muito activa mas não guardo grandes memórias.
Como eram os seus pais?
- Como lhe disse o meu pai faleceu quando eu era muito novo. Deixou-me de herança uma guitarra e esta paixão que nutro pelo fado. A minha mãe foi uma lutadora. Éramos três irmãos, todos rapazes e ela teve que trabalhar no duro para nos sustentar e fazer de nós homens dignos. A minha mãe merece a nossa melhor homenagem . Após a morte do meu pai lutou sempre sozinha. Foi a minha mãe coragem.
O primeiro amor…
- Ah, o primeiro amor. Boa pergunta. Acho que tinha para aí uns dez anos. Era a Marta, muito bonita. Estava completamente apaixonado. Ía para casa da minha vizinha escrever-lhe cartas de amor. Mas a verdade é que a Marta, não me deu bola e, assim, esta minha primeira paixão não foi correspondida. Foi a primeira vez que o meu coração bateu mais depressa (risos).
E o primeiro emprego…
- Esse foi na Casa Elmano Mendes, na baixa de Setúbal, que vendia chapéus. Tinha catorze anos. Foi uma experiência muito divertida para um rapazito. Achava muita piada quando tinha que medir a cabeça dos clientes.
O que pensa do mundo?
- É uma esfera muito diversificada, muito complexa e complicada. Não há livros nem ensinamentos que decifrem os seus desígnios. Prefiro viver este mundo no seu dia a dia avançando conforme o tempo avança sem me preocupar muito em compreendê-lo.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
- Sem dúvida. Faço o que mais gosto que é criar e recriar a arte. Sinto-me perfeitamente recompensado.
A família, que importância?
- Esse é que é o verdadeiro mundo que nos acompanha a cada momento, sempre presente, nos bons e maus momentos.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
- Nem uma coisa nem outra. Acredito que há uma força na natureza que alimentamos ao longo das nossas vidas e que, por vezes, nos ajuda a tornar as coisas mais simples. Apenas isso!
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
- Talvez alguns hábitos, decisões e percursos. Nunca teria sido empresário, por exemplo.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
- Sou guitarrista e fadista e pretendo continuar esta carreira desenvolvendo ao máximo a guitarra portuguesa e chegando profissionalmente o mais longe possível.
CAIXA ALTA
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- Hollywood
Um livro
- O Principezinho
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- We are de world
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-O meu pai
Um prato
- Açorda alenteja
Um conceito
- Tudo que há-de ser meu já me está destinado
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