DUARTE VICTOR
“VOU REGRESSAR Á TV AO LADO DO NICOLAU BREYNER”
Duarte Victor é actor há mais de trinta anos. Nasceu em Ílhavo, mas cedo rumou a Setúbal onde cresceu e foi feliz. Não tem ídolos e acha que a crise é virtual, paralela à vida das pessoas e ataca o próprio sistema. O primeiro amor foi ingénuo com cheiro a verão e sente-se feliz pelo reconhecimento do seu trabalho. Adora açorda de bacalhau e recorda “Os Esteiros”, como o seu livro de sempre. Em breve vai regressar às séries televisivas ao lado de nomes como Nicolau Breyner e Fernando Mendes. Não mudaria nada na sua vida que, jura, faz todo o sentido
Como foi a sua infância?
- Começou em Ílhavo, onde nasci numa casa típica da região, que tinha muitos azulejos e um quintal enorme, que acaba por ser a primeira recordação que tenho da vida de campo. Todos os vegetais e legumes que comíamos eram produzidos na horta do quintal. Tínhamos mesmo um hortelão. Fui muito feliz rodeado dos muitos cuidados que os meus pais e a minha avó dispensavam a minha e às minhas duas irmãs. Depois viemos para Setúbal, para uma casa mais ou menos com as mesmas características, no Bairro Salgado e mantivemos todos os hábitos, até mesmo de o boa vizinhança.
O primeiro amor...
- Ingénuo como todos os primeiros amores o são. Foi uma grande paixão e a primeira vez que senti como era gostar de alguém fora do círculos familiar e de amigos. Talvez já tivesse dezassete anos. Ela veio a Setúbal fazer um workshop de teatro. Foi um amor de verão.
E o primeiro emprego…
- No Teatro de Animação de Setúbal, com dezasseis anos. Ganhava à volta dos cinco contos (vinte e cinco euros), o que me permitiu, ao fim de cinco anos, comprar uma motorizada “Casal”, de duas velocidades.
Como é a sua casa, como a define?
- É o resultado de um percurso de vida. Representa um novo espaço na minha vida, a mudança pessoal que realizei. É o meu local de recolhimento e onde me cruzo com os homens e mulheres da minha vida. É na Quinta do Anjo, concelho de Palmela, onde me sinto muito bem.
O que pensa do mundo?
- Penso bem. Para mim, as diferenças e os factores de conflito entre as pessoas é o mais interessante. Se o mundo fosse sempre igual era uma chatice. Temos que ser diferentes para evoluir.
Como se ultrapassa a crise?
- Esta é uma crise virtual. É paralela à vida das pessoas que não sendo a sua causa acabam por ser as suas vítimas. Só com a reposição dos valores humanos se ultrapassa a crise. Hoje vivemos a própria crise do sistema.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
- Nunca estarei realizado. Faço o que gosto mas nunca serei uma pessoas conformada. Todos os dias intervenho profissional e socialmente. Sinto-me feliz com o reconhecimento que dispensam ao meu trabalho.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
- Sou um homem religioso sem religião. A nossa cultura é Helénica, vem dos gregos. O mundo é produto da nossa imaginação alimentado fisicamente pelos nossos sentidos. Acredito numa força que há dentro de nós e que nos impele para a vida. A essa força chamo Deus.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
- Acho que não mudaria nada. A vida que tracei até hoje tem feito sentido. Não penso que a minha vida poderia ter sido melhor se tivesse feito coisas diferentes.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
- Sou actor profissional no TAS e tenho feito alguma publicidade e alguns programas televisivos. Neste momento estou a fazer um espectáculo no TAS, com autores futuristas intitulado “Zangtungzaf”. Em breve vou regressar à televisão integrado num elenco com o Nicolau Breyner, Fernando Mendes, Ana Zanatti, Rosa do Canto e Carlos Areias. A série chama-se “Os compadres”.
CAIXA ALTA
Um destino
- Ásia
Um livro
- Os esteiros
Uma música
- Imagine
Um ídolo
- Não tenho
Um prato
- Açorda de bacalhau
Um conceito
- O sentido da vida é a felicidade