Entrevistas de JoaQuim Gouveia

08
Nov 11

 

 

 

DUARTE VICTOR

 

“VOU REGRESSAR Á TV AO LADO DO NICOLAU BREYNER”

 

Duarte Victor é actor há mais de trinta anos. Nasceu em Ílhavo, mas cedo rumou a Setúbal onde cresceu e foi feliz. Não tem ídolos e acha que a crise é virtual, paralela à vida das pessoas e ataca o próprio sistema. O primeiro amor foi ingénuo com cheiro a verão e sente-se feliz pelo reconhecimento do seu trabalho. Adora açorda de bacalhau e recorda “Os Esteiros”, como o seu livro de sempre. Em breve vai regressar às séries televisivas ao lado de nomes como Nicolau Breyner e Fernando Mendes. Não mudaria nada na sua vida que, jura, faz todo o sentido

  

Como foi a sua infância?

 - Começou em Ílhavo, onde nasci numa casa típica da região, que tinha muitos azulejos e um quintal enorme, que acaba por ser a primeira recordação que tenho da vida de campo. Todos os vegetais e legumes que comíamos eram produzidos na horta do quintal. Tínhamos mesmo um hortelão. Fui muito feliz rodeado dos muitos cuidados que os meus pais e a minha avó dispensavam a minha e às minhas duas irmãs. Depois viemos para Setúbal, para uma casa mais ou menos com as mesmas características, no Bairro Salgado e mantivemos  todos os hábitos, até mesmo de o boa vizinhança.

 O primeiro amor...

 - Ingénuo como todos os primeiros amores o são. Foi uma grande paixão e a primeira vez que senti como era gostar de alguém fora do círculos familiar e de amigos. Talvez já tivesse dezassete anos. Ela veio a Setúbal fazer um workshop de teatro. Foi um amor de verão.

 E o primeiro emprego…

 - No Teatro de Animação de Setúbal, com dezasseis anos. Ganhava à volta dos cinco contos (vinte e cinco euros), o que me permitiu, ao fim de cinco anos, comprar uma motorizada “Casal”, de duas velocidades.

 Como é a sua casa, como a define?

 - É o resultado de um percurso de vida. Representa um novo espaço na minha vida, a mudança pessoal que realizei. É o meu local de recolhimento e onde me cruzo com os homens e mulheres da minha vida. É na Quinta do Anjo, concelho de Palmela, onde me sinto muito bem.

 O que pensa do mundo?

 - Penso bem. Para mim, as diferenças e os factores de conflito entre as pessoas é o mais interessante. Se o mundo fosse sempre igual era uma chatice. Temos que ser diferentes para evoluir.

 Como se ultrapassa a crise?

- Esta é uma crise virtual. É paralela à vida das pessoas que não sendo a sua causa acabam por ser as suas vítimas. Só com a reposição dos valores humanos se ultrapassa a crise. Hoje vivemos a própria crise do sistema.

 Sente-se realizado humana e profissionalmente?

 - Nunca estarei realizado. Faço o que gosto mas nunca serei uma pessoas conformada. Todos os dias intervenho profissional e socialmente. Sinto-me feliz com o reconhecimento que dispensam ao meu trabalho. 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

 - Sou um homem religioso sem religião. A nossa cultura é Helénica, vem dos gregos. O mundo é produto da nossa imaginação alimentado fisicamente pelos nossos sentidos. Acredito numa força que há dentro de nós e que nos impele para a vida. A essa força chamo Deus.

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida? 

- Acho que não mudaria nada. A vida que tracei até hoje tem feito sentido. Não penso que a minha vida poderia ter sido melhor se tivesse feito coisas diferentes.

 Que faz no presente e que projectos para o futuro?

 - Sou actor profissional no TAS e tenho feito alguma publicidade e alguns programas televisivos. Neste momento estou a fazer um espectáculo no TAS, com autores futuristas intitulado “Zangtungzaf”. Em breve vou regressar à televisão integrado num elenco com o Nicolau Breyner, Fernando Mendes, Ana Zanatti, Rosa do Canto e Carlos Areias. A série chama-se “Os compadres”.

 

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Um destino

 - Ásia

 Um livro

 - Os esteiros

 Uma música

 - Imagine

 Um ídolo

 - Não tenho

 Um prato

 - Açorda de bacalhau

 Um conceito

 - O sentido da vida é a felicidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 23:37

FERNANDO PAULINO

“A CRISE É UM CHAPÉU DE CHUVA...”

 

Fernando Paulino é um homem multifacetado mas sempre disponível para trabalhar em prol da comunidade. Autarca e mutualista acredita no Deus que o Homem criou pela necessidade de atribuir méritos e derrotas a uma força superior. Viveu entre as vinhas e o mar e calcorreou praia e cidade durante a sua infância que diz ter sido muito feliz. Foi voluntário na Força Aérea, facto que lhe retirou a possibilidade de ter estudado Belas Artes, conhecida que é a sua faceta de pintor. O amor aconteceu aos quinze anos e foi para toda a vida

 

Como foi a sua infância?

- Foi muito feliz e descontraída numa ambiente entre a serra e o mar, entre as encostas vinhateiras da Arrábida e o Portinho. Nasci em Vila Nogueira de Azeitão e depois morei na Aldeia da Piedade, onde frequentei a escola primária e aos dez anos vim para Setúbal. Foi uma infância muito vivida com muitos valores e amigos que hoje perduram.

O primeiro amor...

- Foi a minha mulher. Tinha quinze anos e andávamos no Liceu. Casei muito cedo, com dezanove anos mas mantenho o mesmo casamento. Foi o amor de uma vida.

E o primeiro emprego…

- Aos dezassete anos inscrevi-me, como voluntário, na Força Aérea. Acabei por fazer um contrato de três anos. Ganhava pouco mais de oito contos, na moeda antiga. Se não entrasse na Força Aérea tinha cursado em Belas Artes, na António Arroio. Gosto muito de pintar.

Como é a sua casa, como a define?

-É o meu refúgio onde privo com a família nos poucos momentos disponíveis que tenho por força da minha vida profissional e do meu envolvimento no associativismo e na política. É o meu castelo. Uma casa que vive agora momentos agitados com as visitas do nosso neto. Uma enorme felicidade para todos.

O que pensa do mundo?

- Penso bem. A opinião que tenho é tanto o mundo como o Homem são algo de bom. Contrariamente ao que somos levados a pensar pelo excesso de violência nalguns pontos, acho que o mundo é muito bom. Eu gosto muito de viver.

Como se ultrapassa a crise?

- Com muita solidariedade, partilha e compreensão. A rotura com o passado não leva à eficácia para que se ultrapassem as crises. Acho que esta é mais uma crise de valores que propriamente ao nível material. A crise é um chapéu de chuva que encobre muita coisa. Não podemos desculpar tudo com a crise. Ultrapassá-la está na nossa vontade e nos valores humanos.

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

- Sou um homem realizado. Faria tudo como sempre o fiz até aqui tanto na vivência humana como profissional.

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

- Penso que é o Homem quem cria Deus. Temos que saber que existe uma força que controla o nosso destino e a quem atribuímos o que acontece na nossa vida. Temos necessidade de criar os nossos deuses e demónios. Sou católico porque acredito no Deus que nós criámos.

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

- Não mudava nada. Não sou homem de arrependimentos, antes prefiro os actos e o olhar para a frente. Tento sempre melhorar o que faço. E a verdade é que comemoro agora em Outubro, trinta anos de trabalho na Portucel.

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

- Sou Presidente da Junta de Freguesia de Sta. Maria da Graça e da Associação dos Socorros Mútuos Setubalense. Isto são desafios que abraço com enorme entusiasmo porque trabalho em prol da comunidade. Sou ainda encarregado de turno na Portucel. O futuro tem que ser feito de projectos. Aliás, o próprio futuro é um projecto.

 

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Um destino

- Algarve

Um livro

- As minas de Salomão

Uma música

- Todas dos Rolling Stones, Genesis e Pink Floyd

Um ídolo

-Não tenho ídolos mas algumas referências

Um prato

- Cozido à portuguesa

Um conceito

- Amizade

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 23:30

 

VICTOR BORREGO

“ESTOU PREPARADO PARA O QUE DEUS ME DER”

 

Victor Borrego é o presidente da Assembleia Municipal de Palmela e o autarca mais antigo do concelho, ainda em exercício. Recorda com saudade os tempos de infãncia embora a morte do pai, aos treze tenha marcado de forma trágica parte da sua juventude. Elogia a mãe e os avós, os amigos e o trabalho onde foi sempre bem sucedido. Cabo Verde é destino de eleição e Sole Mio, a sua música favorita. Em Palmela é figura proeminente, respeitada e admirada por todos. Está seriamente envolvido no movimento associativo

 

Como foi a sua infância?

- Feliz porque tive a sorte de ter nascido e vivido em pleno centro histórico de Palmela. Era muito brincalhão. Divertia-me com os amigos a jogar ao pião, à bola, à carica, eu sei lá. Na escola fui um bom aluno e recordo com saudade os meus professores.

Como eram os seus pais?

- Eram duas pessoas muito boas. Sou filho único. O meu pai morreu quando eu tinha apenas treze anos. A minha mãe lutou bastante para me criar. Era modista, humilde mas deu-me uma boa educação. Os meus avós ajudaram-na muito e ainda bem.

O primeiro amor…

- Lembro-me muito bem. Era uma miúda muito conhecida aqui na vila. Nem vou dizer o nome... (risos). Eu tinha quinze anos, estava apaixonadissimo. Todos os dias passava de bicicleta à porta dela. E claro, fui correspondido. Foi muito bonito.

E o primeiro emprego…

- Na empresa Bromaster & Wain, na antiga estação de Palmela, como desenhador praticante. Foi aos vinte anos e acumulava o trabalho com os estudos.

O que pensa do mundo?

- Infelizmente está a tornar-se cada vez mais perigoso. A extrema ambição de uns poucos e do próprio capitalismo selvagem levanta-nos muitas preocupações.

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

- Sem dúvida. Tenho uma família que adoro e alguns bons amigos. Profissionalmente sempre fui bem sucedido.

A família, que importância?

- É fundamental! Estão sempre prontos mesmo quando não damos por eles. É a nossa melhor rectaguarda.

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

- Penso que foi Deus quem criou o Homem e tento compreendê-lo e segui-lo naquilo que me inspira.

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

- Tinha feito um esforço enorme para estudar mais. Só não o fiz devido ás várias dificuldades que a minha família vivia na altura. Hoje teria tido outra atitude na vida.

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

- Sou presidente da Assembleia Municipal de Palmela e pertenço a várias associações desportivas e culturais. Sou ainda o autarca mais antigo do concelho, em exercício. Tenho uma pequena empresa de projectos. Enquanto me sentir com capacidades físicas e intelectuais irei manter-me no activo.

 

 

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Um destino

- Cabo Verde

Um livro

- Equador

Uma música

- Sole Mio

Um ídolo

-O meu pai

Um prato

- Caldeirada

Um conceito

- Procuro o melhor, espero o pior mas estou preparado para aquilo que Deus me der

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 23:26

 

 

ALEXANDRINA PEREIRA

“DÁ JEITO PENSAR QUE O HOMEM CRIOU DEUS”

 

Alexandrina Pereira é poetisa/escritora, uma mulher que não tem rodeios em assumir a felicidade que a vida lhe tem proporcionado. Á sua maneira tenta incutir essa felicidade nos que a rodeiam através de um olhar esclarecido sobre o mundo que idealizava mais justo e fraterno. Dá jeito acreditar numa força a quem chamam Deus e se pudesse acabava com as guerras que vão á cena em nome do Criador. Um absurdo, como diz. Zeca Afonso foi o seu maior ídolo e não dispensa um bom cozido à portuguesa. Eis a mulher, mãe e senhora das palavras

 

Como foi a sua infância?

- Com algumas privações mas muito feliz. Fui criada em Águas de Moura. Na escola detestava os números e adorava as letras. Ainda hoje é assim. Brincava bastante. Entrava em todas as peças de teatro na escola. Adorava dançar e cantar. Mantenho amigos desses tempos. O meio onde vivia era muito rural, trabalhava-se no campo de lés a lés. Éramos sete irmãos e eu era a filha mais nova. Os meus pais esforçaram-se para que nada nos faltasse.

 O primeiro amor...

- Foi o meu marido. Eu tinha quinze anos mas já o conhecia há mais tempo. O facto de trocarmos livros e de ele gostar muito de ler aproximou-nos, ficava seduzida. Temos trinta e oito anos de casamento. Sempre foi um bom rapaz. Destacava-se entre os outros.

E o primeiro emprego…

- Na fábrica de descasque de arroz onde o meu pai trabalhava. Não me lembro do ordenado mas devia de ser muito pouco. Na altura não se ganhava muito.

Como é a sua casa, como a define?

-O lugar onde toda a minha vida se concentra. Nela existe tudo com o que sempre sonhei: ser feliz com o meu casamento e com os meus dois filhos. Temos um excelente ambiente e harmonia. É uma casa sóbria, perfeitamente normal.

O que pensa do mundo?

- Desde sempre ocupei-me muito a pensar no mundo. Na palavra, na escrita, nas intervenções que faço tento que o mundo fique melhor, pelo menos para quem está mais próximo de mim. Mas sei que não o posso mudar. É um mundo conturbado, violento e egoísta. As guerras em nome de Deus, por exemplo, não têm qualquer razão de existir. São um absurdo.

Como se ultrapassa a crise?

- Fico confusa quando penso nisso. Infelizmente parece não haver motivação para se ultrapassar através do trabalho. Não há apoios e incentivos para os empreendedores. Falta colocar em prática uma medida que faça com que a economia cresça através do emprego. Isso é fundamental.

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

- Sim, a vida tem sido boa para mim, sinto-me feliz. Também dou bastante de mim para complementar essa felicidade nos outros. No entanto sinto alguma impaciência pelo facto de haver muito por fazer nesse capítulo.

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

- Para os crentes foi Deus quem criou o Homem. No entanto, também dá jeito pensar o contrário. Há momentos em que acredito que há algo superior a nós, que nos domina e nos comanda. Somos habituados a chamar Deus a essa força.

 Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

- Todos nós pensamos que poderíamos mudar alguma coisa. Apesar disso eu não mudaria nada. O que está feito... feito está.

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

- Sou mãe e esposa. Escrevo prosa e poesia e edito livros de minha autoria. As minhas vertentes culturais e sociais são muito activas. Tenho vários projectos que só não avançam mais rapidamente por falta de apoios. De qualquer forma estou a preparar o lançamento de um livro de poesia e dois de literatura infantil para início do próximo ano. O livro de poesia será ilustrado com pinturas de Sebastião Fortuna e fotos do Paulo Alexandre, tudo gente de Palmela.

 

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Um destino

- Florença

Um livro

- Desculpa lá, mãe

Uma música

- Bolero de Ravel

Um ídolo

-Zeca Afonso

Um prato

- Cozido à portuguesa

Um conceito

- Fidelidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 23:21

 

OCTÁVIO MACHADO

 

“O MEU PRIMEIRO AMOR FOI O FUTEBOL”

 

 Octávio machado é figura por demais conhecida em todos os meios. Presidente dos Bombeiros Voluntários de Palmela continua as suas lides no campo porque um agricultor não deixa morrer os seus sonhos. Jogador e treinador de renome adora sardinhas assadas e elege Eusébio, como o seu ídolo. Não compreende porque a China, domina o mundo e diz-se atento às injustiças e desigualdades. Eis um Palmelão, crente em Deus.

 

Como foi a sua infância?

 - Tive o privilégio de ter nascido em Palmela, terra de história e cultura, com muitos espaços amplos para desfrutar. Os meus tempos de escola foram maravilhosos. Tenho muitas recordações do meu tempo de menino. Era a Volta a Portugal em Bicicleta, que se acompanhava na rádio tal como os mundiais de Hóquei em Patins e o futebol. Depois imitávamos os nossos ídolos. Tínhamos muito respeito pelas autoridades. Ainda parece que sinto o ritual das caminhadas dos trabalhadores rumo aos campos com os cascos dos cavalos a bater na calçada.

 Como eram os seus pais?

 - O meu pai trabalhava na padaria do meu avô. Depois foi industrial de camionagem. A minha mãe trabalhava em casa e cuidava de mim e da minha irmã.

 O primeiro amor…

 - Foi o futebol que me absorvia por completo. Não tinha tempo para os namoros. O meu grande amor foi a minha mulher.

 E o primeiro emprego…

 - No Vitória de Setúbal, como jogador profissional. Fazia o que mais gostava e ainda me pagavam o que deu para continuar os estudos. Tirei o curso de serralheiro mas nunca cheguei a exercer a profissão.

 O que pensa do mundo?

 - Está do avesso. Há qualquer coisa que está errada. Fala-se muito em democracia e gestão mas a China é quem nos domina, um país onde o povo não tem qualquer tipo de regalias. Não compreendo este tipo de competição. Não é possível.

 Sente-se realizado humana e profissionalmente?

 - Já escrevi o livro, plantei a árvore e tenho filhos... Tenho os meus períodos de reflexão onde sou levado a pensar nas injustiças e desigualdades.

 A família, que importância?

 - Total. É o suporte, a estabilidade. Tenho dois filhos e um casamento de quase quarenta anos.

 Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

 - Nunca reflecti sobre isso mas penso que há sempre quem acredite numa entidade superior. Eu próprio acredito. E todos a essa força recorremos. É Deus.

 Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

 - Não é possível julgar o passado. Em cada altura tomei as decisões que achei que deveriam de ser tomadas.

 Que faz no presente e que projectos para o futuro?

 - Sou presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Palmela e empresário agrícola. Faço o que gosto e o que me dá mais prazer. Não tenho grandes projectos para o futuro. Só sei o dia em que nasci, não sei o dia de amanhã.

 

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 Um destino

 - Angola

 Um livro

 - Vocês sabem do que estou a falar

 Uma música

 - Emoções

 Um ídolo

 - Eusébio

 Um prato

 - Sardinhas assadas

 Um conceito

 - Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 23:15

 

 

FERNANDO BAIÃO

“O HOMEM CRIOU O SEU PRÓPRIO DEUS”

 

Fernando Baião é o presidente da Junta de Freguesia de Palmela, vila onde nasceu e continua a perfilhar os cultos da amizade e da sociabilidade. Recorda a taberna dos pais onde aviava copos com apenas sete anos de idade e o seu primeiro e único amor, a mulher com quem ainda hoje partilha a vida e a paixão. O seu maior ídolo é Álvaro Cunhal e quando se fala de comida elege o bacalhau com grão como a sua preferida. De resto é pessoa grata na vila onde tem muitos e bons amigos que estima numa cumplicidade recíproca.

 

Como foi a sua infância?

- Foi muito boa. Quando tinha 7 anos os meus pais ficaram com uma taberna no Largo do Município e eu gostava muito de por lá andar a aviar copos aos velhotes e a toda a gente. Aprendi muito com eles. Os tempos de escola também foram fantásticos. Passei a primeira classe sem levar uma reguada. Recordo com saudade as minhas professoras e os meus colegas. Depois brincava muito com a rapaziada.

Como eram os seus pais?

- Imigraram de Viana do Alentejo, para Palmela. A família veio toda a pé. Faziam cinco léguas por dia. O burro que traziam era apenas para carregar a mobília. Tenho muita saudade deles. Gente trabalhadora e humilde. O meu pai morreu nos meus braços. Em vida era ele quem matava os porcos no Matador Municipal.

O primeiro amor…

- O primeiro e o único que foi a minha mulher. Conhecíamo-nos desde pequeninos mas o amor despontou quando estava na Marinha. Foi paixão até hoje.

E o primeiro emprego…

- No Canuto Machado, com onze anos a vender e a distribuir tabaco. Depois aos catorze fui para a Drogaria-Mercearia do Carlos de Sousa. Aí já fazia descontos.

O que pensa do mundo?

- Está muito mal, muito doente. A fome, a guerra e as desigualdades deixam-me triste. Com o sistema implantado o mundo não é bom para a grande maioria do ser humano.

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

- Sim. Profissionalmente fui sempre bom trabalhador. Como homem tenho uma excelente família e muitos amigos.

A família, que importância?

- É a principal base da vida. Tenho dois filhos e quatro netos que são a nossa maior alegria.

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

- Acho que foi o Homem quem criou Deus. O Homem nunca teve a possibilidade de assistir à criação do mundo por isso acabou por criar o Deus, a quem atribui esse mérito. É o Deus do Homem.

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

- Não mudava nada. Dei sempre o meu melhor psra o bem-estar de todos e sinto-me recompensado.

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

- Sou presidente da Junta de Freguesia de Palmela. Os projectos de futuro passam pela autarquia e pelos meus netos.

 

 

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Um destino

- Cuba

Um livro

- Levantado do chão

Uma música

- Canoas do Tejo

Um ídolo

-Álvaro Cunhal

Um prato

- Bacalhau com grão

Um conceito

- Não quero que digam bem de mim. Apenas quero que de mim digam a verdade

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 23:08

 

 

PIEDADE FERNANDES

“NEM SEMPRE O MEU VALOR É RECONHECIDO”

 

Piedade Fernandes é fadista de reconhecidos méritos tanto pelo nosso distrito como nas principais catedrais do fado na capital. Não guarda memórias da infância pela austeridade imposta pela mãe. Habituou-se a ver o mundo dependurada na janela do seu quarto. Não se arrepende de nada do que já realizou na vida, antes prefere estar abertas a novos conceitos espirituais e  prosseguir com o seu trabalho. Diz, ainda e com mágoa que a imagem que as pessoas têm de si é a de uma mulher rica. Isso não corresponde à sua verdade

 

Como foi a sua infância?

- Numa família tradicional. Nasci em Lisboa mas fui morar para o Barreiro. Curiosamente não brincava nem me divertia. A minha mãe implantou-me uma meninice, e até juventude, com  muita disciplina, quase militar. Não podia sair de casa nem me afastar do meu quarto onde me punha à janela a ver as outras crianças a brincar na rua.. A minha mãe era superprotectora e isso não me permitiu ter uma infância igual à dos meus amigos.

 Como eram os seus pais?

- Como lhe disse a minha mãe impunha muita disciplina, era muito austera. Ao fim e ao cabo também ela foi criada dessa forma. O meu pai era liberal e poeta, um homem de esquerda. Parecia haver um choque tremendo entre os dois mas a verdade é que se amavam, estimavam e compreendiam-se.

 O primeiro amor…

- Foi um rapaz do Porto, que vinha passar férias perto da minha casa. Tinha uma bicicleta muito gira que só queria emprestar a mim. Até aos meus quinze anos limitei-me a contemplá-lo da minha janela. Só depois falámos e chegámos a beijar-nos. Mas os nossos feitios eram incompatíveis. Ficou uma bonita amizade. 

E o primeiro emprego…

- Num atelier de arquitectura em Lisboa, que era de um amigo do meu pai, como desenhadora praticante, ainda no tempo dos grafos.

 O que pensa do mundo?

- Está em mudança cíclica. Isto acontece desde sempre. Mas hoje a culpa é mais do Homem porque já mexe com a natureza e a altera a seu belo prazer interagindo de uma forma muito negativa. 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

- Ás vezes. Como cantora nem sempre o meu valor, empenho e esforço são reconhecidos. A imagem que as pessoas têm de mim é que sou uma mulher rica. Como professora estou desapontada. Exigem-nos coisas que nem sempre passam pelo dever de ensinar que deve ser, afinal, o nosso principal objectivo.

 A família, que importância?

- É o meu pilar. Sem equilíbrio profissional é difícil manter um bom nível e isso mexe muito comigo.

 Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

- Acho que há uma energia que se pode transformar em matéria e dar origem a planetas, à àgua, etc.. Acredito no espírito das pessoas, que isto não acaba aqui, que há outra dimensão. Estou aberta a este tipo de consciência espiritual.

 Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

- Não me arrependo de nada do que fiz na minha vida. Nunca fiz nada de mal nem prejudiquei ninguém. Sofri, talvez, de alguma ingenuidade por falta de experiência.

 Que faz no presente e que projectos para o futuro?

- Sou professora de Educação Visual e fadista. Gostava de editar um CD com poemas feitos por mim. Gostava, ainda, de me poder dedicar à pintura. Quero ter mais tempo disponível para apreciar as coisas, a vida e a família.

 

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Um destino

- África Litoral

 Um livro

- Código Da Vinci

 Uma música

- No teu poema

 Um ídolo

-Da Vinci

 Um prato

- Macarrão

 Um conceito

- Só o amor é a verdade, tudo o resto é efémero

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 23:02

 

 

GENTE GIRA DA REGIÃO COM JOAQUIM GOUVEIA

 

MANUEL FERNANDES

"TUDO POR AMOR AO SPORNTING!"

 

Manuel Fernandes é um leão a toda a prova. O seu amor ao Sporting privou-o de ganhar muito dinheiro em clubes como o rival Benfica, onde, confessa, nunca seria capaz de alinhar. A mãe profetizou-lhe o futuro e acertou. Saiu de Sarilhos para capitanear o seu clube de sempre e marcar golos que fizeram história. Adora os quatro filhos e tem saudades dos tempos em que o mundo não era tão perigoso. Rio de Janeiro é o seu destino predilecto e Equador é o seu livro de eleição. Não se arrepende de coisa alguma e não acredita em Deus.

 

Como foi a sua infância?

- Foi passada em Sarilhos Pequenos, onde nasci, na Rua João de Deus. Tinha eu dez anos quando a minha mãe morreu. Foi ela quem me despertou e incentivou para o futebol. Ela adorava futebol e organizava jogos entre a rapaziada. Éramos três irmãos e, para a época, tínhamos uma vida desafogada.

 Como eram os seus pais?

- A minha mãe, como já lhe disse, era apaixonada pelo futebol. Para além de me incentivar perspectivou-me o futuro. Dizia-me sempre: primeiro irás jogar no Sarilhense, depois na CUF do Barreiro e, finalmente, no Sporting, que era o seu clube do coração e também o meu. E o que é certo é que acertou. Nunca se lembrou de falar no Vitória de Setúbal, onde terminei a carreira. Ela tinha uma taberna e matava as toupeiras e ratos que destruíram os cultivos na Quinta do Esteiro Furado. O meu pai era fragateiro, tinha um bote e passava muito tempo no mar, longe de casa. Deram-nos uma boa educação com muito carinho, amor e respeito. Sinto grande orgulho neles.

 O primeiro amor…

- Eu era muito introvertido. Talvez algumas paixonetas sem grande importância.

 E o primeiro emprego…

- Na CUF, como jogador profissional da equipa de futebol e como serralheiro mecânico na fábrica.

 O que pensa do mundo?

- Prefiro pensar no que será o mundo daqui a cinquenta anos. Há meio século atrás tudo era diferente, mais difícil mas menos perigoso. Hoje é o inverso, muito perigoso.

 Sente-se realizado humana e profissionalmente?

- Como homem não me arrependo de nada e profissionalmente também não. Sempre tentei fazer as coisas da forma mais correcta. Repare, o meu grande objectivo foi o de vestir a camisola do Sporting, nem que fosse apenas por uma vez. Acabei por ser o terceiro jogador com mais jogos disputados (Damas e Hilário), o segundo melhor marcador de sempre (Peyroteo), o jogador que mais golos marcou no antigo Estádio de Alvalade, o que mais vezes foi capitão de equipa e fui, ainda, o melhor marcador nacional ao serviço do meu clube de sempre. Isto é absolutamente fantástico e maravilhoso.

 A família, que importância?

- Muita. Antigamente num meio como o de Sarilhos dizia-se que o rapaz entrava para a escola aos sete anos, ía para a tropa aos vinte e depois casava. E assim aconteceui comigo. Tenho quatro filhos de dois casamentos que são o meu maior equilíbrio e que me dão muita estabilidade emocional.

 Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

- O Homem criou Deus. Não vou à igreja. Só em casamentos e baptizados. Nunca fui a uma missa nem rezei. Apenas acredito no destino. Mas isso não é Deus.

 Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

- Como já lhe disse não me arrependo de nada. Tomei sempre as atitudes que achei mais correctas. Tive oportunidades fabulosas para ganhar muito dinheiro noutros clubes mas só me sentia bem no Sporting. Tive para ir por duas vezes para o Benfica. Era incapaz disso. O amor ao Sporting falou sempre mais alto.

 Que faz no presente e que projectos para o futuro?

- Estou no departamento de formação do Sporting, onde acompanho a evolução dos jogadores mais jovens e dos profissionais que estão emprestados. Decidi terminar a minha carreira de treinador. Trabalho sob a direcção do Dr. Luis Duque. Não tenho mais planos para o futuro.

 

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Um destino

- Rio de Janeiro

 Um livro

- Equador

 Uma música

- We are de champions

 Um ídolo

-Johan Cruyff

 Um prato

- Caldeirada à fragateiro

 Um conceito

- Saúde, amigos e sucesso profissional com empenho e esforço

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 22:45

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