“UM POR TODOS E TODOS POR UM”
O Dr. Arnaldo Marques da Silva é um reconhecido advogado de Palmela. Homem ligado ao movimento associativo da vila já plantou várias árvores e diz que apenas lhe falta escrever o livro para se sentir um homem plenamente realizado. Não tem uma visão filosófica do mundo que acredita que é sempre bom. É católico e isso permite-lhe acreditar, através da sua fé, que Deus é o criador. Pensa que a crise resolve-se por ela própria. Apenas teremos de esperar
Como foi a sua infância?
Nasci em Lisboa. Depois a minha família foi morar para o Pombal. Foi uma infância feliz e ao mesmo tempo difícil. Os meus pais foram emigrantes. Para ir para a escola tinha de ir a pé. Frequentei também alguns colégios. Fui sempre o melhor aluno na primária. Ainda hoje algumas das minhas grandes amizades foram feitas nessa altura
O primeiro amor…
Não houve ninguém especialmente marcante. Tinha uma relação mais de amizade com as raparigas. Quando decidi namorar, casei
E o primeiro emprego…
Servente de estucador nas férias, no Cacém e ganhava 95 escudos por dia, em 1970. Fui professor do ensino secundário a partir dos 18 anos
Como é a sua casa? Como a define?
É um apartamento em Palmela, de que apenas me sirvo para morar
O que pensa do mundo?
Não tenho do mundo uma opinião filosófica. O mundo é uma passagem. A frase «no meu tempo é que era bom» está associada a todas as gerações e não é por isso que o mundo acaba. No fundo isso significa que o mundo é sempre bom; é feito como é em cada momento pelas pessoas de cada época
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sim. Em termos profissionais sinto-me realizado. No aspeto humano só me falta escrever um livro. Já plantei muitas árvores e uma teve um significado especial. Foi plantada em Palmela, no jardim em frente à rodoviária enquanto fui presidente do Rotáry Club desta vila
Como se resolve a crise?
Resolve-se com solidariedade institucional através do lema “um por todos e todos por um”. No entanto acho que a crise se vai resolver a ela própria com o tempo. É uma questão de esperarmos
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Deus criou o Homem. Sou católico. As coisas não nasceram por si próprias. Há um criador. Isso descobri através da minha fé
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Muito. Depende no entanto de uma série de circunstâncias. Sou daqueles que discorda dos que dizem que não mudavam nada. Isso é sinal de que as pessoas não reconhecem os seus erros nem as suas limitações
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Sou advogado e vice-presidente da Associação dos Bombeiros Voluntários de Palmela. Tenho projetos ao nível da formação profissional em Portugal e no estrangeiro e estou a escrever dois livros, um sobre direito e outro que ainda não revelo
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Paris
Um livro
Os Mais (Eça de Queirós)
Uma música
Je t‘aime moi non plus (Jane Birkin & Serge Gainsbourg)
Um ídolo
Eusébio
Um prato
Cozido à Portuguesa
Um conceito
Uma vez perguntaram-me o que é ser-se honesto. Respondi: aquilo que gostava de poder ser todos os dias. Noutra ocasião pediram-me que definisse solidariedade. Respondi: é na prática que se define