“GOSTAVA DE ABRAÇAR UM PROJETO INTERNACIONAL”
Entrevista de Helena Galvão Pacheco
Rui Godinho, 38 anos, natural da Guarda, não terminou a sua licenciatura em Relações Internacionais e Estudos Europeus porque cedo se comprometeu com o mundo laboral.
Um dos mais jovens sindicalistas da União Geral de Trabalhadores, coordena a UGT - Setúbal há já cinco anos, está também à frente dos SAMS (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas) há 8 anos, no distrito de Setúbal e é membro da direcção da Associação Agostinho Roseta, que tem um pólo em Santana, Sesimbra. O sindicalismo corre-lhe nas veias, é um amante da natureza e defende que as crises das nações não se resolvem: ultrapassam-se.
Como foi a sua infância?
Nasci na Guarda, freguesia da Sé, no chamado Bairro da Caixa, ainda bebé a minha família foi viver para a “Avenida do Sanatório”, vivia muito na rua com os outros vizinhos da mesma idade, aquilo era quase campo, sem grande movimento nas estradas, explorávamos as quintas, os campos, em são convívio com a natureza a fazer cabanas e a trepar às árvores , acho que tive a melhor infância que podia ter tido.
O Primeiro amor…
Foi uma colega da Escola Primária, a Carla, mas acho que ela nunca soube, a partir da 4ª classe nunca mais a vi ou soube dela.
O primeiro emprego...
Foi com o meu pai, devia ter uns 6 anos. O meu pai tinha uma livraria/papelaria e um armazém de material escolar e de escritório. O meu pai “pagava-me” 100 escudos para o ajudar a descarregar as carrinhas que chegavam de material e a arrumar tudo nas prateleiras.
Como é a sua casa, como a define?
É um apartamento onde a família se reúne todos os dias para jantar e dormir. O trabalho e os passatempos não deixam que se disfrute mais do lar, é uma vida sempre a correr.
O que pensa do mundo?
Penso que é isso mesmo, um mundo, uma imensidão de tudo, de variedades, sempre em transformação, mas que cada vez está mais ao alcance de cada um, somos a cada dia mais conhecedores de tudo em todo o lado, das culturas, das geografias, dos diferentes humanos, da natureza, do mais simples ao mais complicado.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sim, realizado sim, mas conformado não, há sempre mais e mais para fazer.
Como se resolve a crise?
As crises não se resolvem, vão-se ultrapassando, vai sempre haver alguém que por querer só para si e para os seus, vai tirar a outros. Vai sempre haver gente que engana os outros, incompetentes com sorte que podem tomar decisões… Estragar é muito mais fácil que construir. Por isso o trabalho de muitos anos pode ser destruído em segundos por um erro, uma má decisão, egoísmo ou simplesmente estupidez e falta de competência.
Deus criou o Homem ou foi o Homem quem criou Deus?
Isso é uma questão sociológica, o homem sempre procurou explicação para tudo, de facto ainda não há respostas para muitas coisas. Se existe alguma entidade suprema, não escapou a que o homem o moldasse às sua culturas, a Vê-lo à sua imagem, para o bem e para o mal.
Se pudesse voltar atrás, o que mudaria na sua vida?
Nada, tudo o que fiz ou me aconteceu faz parte do que sou hoje, dos erros e dos enganos aprende-se muito.
O que faz no presente e projectos para o futuro?
Neste momento sou sindicalista, trabalho todos os dias para encontrar com os meus colegas soluções para tudo o que afecta o mundo laboral. Estou envolvido em vários projectos, mas há um que me tem agradado bastante que é a participação na Direcção de uma Associação de uma escola profissional, tenho conhecido pessoas extraordinárias e aprendido muito. No futuro… bem, nunca escondia ninguém que gostaria de abraçar um projecto internacional na área do sindicalismo, emprego, trabalho e formação. Já estive algumas vezes em trabalho e formação no estrangeiro e gostei muito.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino…
fazer o caminho Francês de Santiago de Bicicleta.
Um livro…
“Viagem ao Mundo da Droga”, (foi muito importante ler este livro no fim dos anos 80 para perceber o que estava a acontecer com tanta gente)
Uma música…
Shelter (The XX)
Um Ídolo…
Lance Armstrong
Um prato…
Massada de peixe feita pelo Miguel Sena
Um conceito…
Não sei se sou feliz, mas recuso-me a estar mal disposto.