Entrevistas de JoaQuim Gouveia

21
Jan 14

 

 

 

 

Com o apoio: "HOTEL DO SADO"

 

“O MUNDO OBRIGA-NOS A CORRER PARA NOS SAFARMOS”

 

Entrevista de Helena Galvão Pacheco

 

Nasceu em Setúbal, tem 41 anos, formou-se em Engenharia de Operações Florestais e especializou-se em Sistemas de Informação Geográfica. Trabalhou na AFLOPS – Associação de Produtores Florestais da Península de Setúbal cerca de quatro anos. O Projeto do “Charroque da Profundurra” surgiu, há quatro anos atrás, por brincadeira, quando decidiu fazer um blog com o mesmo nome para divulgar textos sobre o falar setubalense.

 

Como foi a sua infância?

Foi uma infância muito feliz e muito diversificada em termos de espaço. Até aos 5 anos vivi em Setúbal mas a partir daí os meus pais foram viver para um meio semi-rural em Palmela. O meio que terá influenciado a minha formação académica. Aprendi muitas brincadeiras ligadas ao campo, como a das fisgas, faziam-se fogueiras e muitas outras brincadeiras que actualmente são proibidas.

 

O primeiro Amor…

A minha mulher, o meu único amor, mãe das minhas duas filhas.

 

E o primeiro emprego…

Foi na CELPA,indústria papeleira, já estava formado. Estava relacionado com sistemas de informação geográfica e fazia a verificação de mapas. 

 

Como define a sua casa?

É uma casa espaçosa, adoro a minha sala toda em madeiras. É uma casa muito agradável, onde gosto de receber os meus amigos. É o lugar onde guardo as minhas várias colecções de banda desenhada, vinil, entre outros objectos que contam muitas histórias.

 

O que pensa do mundo?

Vejo o mundo muito acelerado, que nos obriga a correr para nos safarmos. Vivemos num sistema de capitalismo que não funciona, porque não dá prioridade às pessoas. Reconheço, no entanto, que faz avançar muito o mundo.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim, humanamente formei a minha família, continuo a conviver diariamente com os meus pais e sinto que tenho sorte em conseguir conjugar trabalho e família.

Profissionalmente, embora já tivesse feito imensas coisas, ainda há muitas ideias para desenvolver. O projecto “Charroque da Profundurra” é um projecto para levar pela vida fora.

 

Como se resolve a crise?

Com o actual sistema criado vai ser muito difícil. Os nossos governantes querem resolver a crise mas acabam por criar problemas às pessoas. Acredito que se resolve com a criação de um sistema que assente nas necessidades básicas das pessoas.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem que criou Deus?

Sou ateu e não acredito num Deus superior, não foi educado a acreditar num Deus. Prefiro acreditar numa série de coincidências do tempo do que num Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudava nada, fazia tudo igualzinho.

 

Que faz no presente e que projetos para o futuro?

Tenho várias ideias que vão avançar para o desenvolvimento do “Charroque da Profundurra”. Criarei pacotes à semelhança dos produtos da “Vida é Bela”. As t-shirts do “Charroque” passarão a proporcionar experiências, como o direito a um excerto de uma peça de teatro à charroco, em casa ou num restaurante, entre outras possibilidades. Voltarei, também, a promover a iniciativa da tatuagem do charroco, através da aquisição de uma t-shirt.

 

CAIXA DE PALAVRAS

 

Um destino

India

 

Um livro

 Os Correios (Charles Bukowski)

 

Uma Música

The Number of the Beast (Iron Maiden)

 

Um ídolo

Jane Goodall

 

Um prato

Choco Frito

 

Um Conceito

A Amizade

 

publicado por Joaquim Gouveia às 19:13

20
Jan 14

 

 

“UTILIZAMOS A TECNOLOGIA DA PIOR FORMA”

 

João Viegas é militante do CDS/PP e deputado na Assembleia da República. Nasceu em Sá da Bandeira e conviveu com os momentos conturbados da descolonização após o 25 de Abril. Já em Setúbal, recorda uma infância feliz. Brincou, namorou e começou a trabalhar com 17 anos. Tem do mundo uma imagem de evolução rápida à qual é necessária uma permanente adaptação. É católico, acredita em Deus, mas pensa que que a criação do Homem é assunto para uma discussão mais alargada. Tem projetos para o futuro, nomeadamente, para a dinamização do tecido empresarial de Setúbal

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Sá da Bandeira, 1970. Vim para Setúbal com 5 anos. Recordo-me dos tempos conturbados da independência. A nossa vinda para Portugal, foi bastante complicada pela falta de transportes e pelas incertezas que existiam na altura. Tivemos para integrar uma caravana automóvel que seguia para a África do Sul, que acabou por ser atacada. Acabámos por ir para Luanda, para um campo de refugiados até conseguirmos avião para Portugal. Já em Setúbal, tive uma infância normal, atribulada no inicio, mas, depois as coisas recompuseram-se. Morei no bairro de Troino, dos 5 aos 23 anos. Andei na escola 14 do Montalvão, conhecida pelas Laranjeiras.

 

O primeiro amor…

Tive vários namoricos na escola primária, inocentes e sem consequências. Um piscar de olhos, umas brincadeiras e uns beijinhos ás escondidas.

 

E o primeiro emprego…

Aos 17 anos na Mafersul, no departamento de contabilidade, penso que deveria ganhar à volta de 45 contos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Tem uma vista privilegiada sobre a cidade e sobre o rio Sado , na zona da Anunciada. Tem uma decoração moderna. É o espaço onde nos sentimos confortáveis. E em certa medida é o nosso refúgio. É o espaço onde a família se reúne, o nosso porto de abrigo.

 

O que pensa do mundo?

Está num processo de mudança permanente. É o período de evolução da humanidade onde maior mudança se regista e onde temos que permanentemente nos adaptar embora essa evolução nem sempre aponte nos melhores caminhos, nomeadamente, os ambientais e até mesmo os humanos. Há novas tecnologias que utilizadas ao serviço da guerra são um aspeto negativo desta evolução. Melhorámos em termos tecnológicos mas utilizamos essa tecnologia da pior forma no que se refere à guerra e ao armamento. É estranho que ainda existam tantos conflitos no mundo.

  

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Nunca nos devemos sentir totalmente realizados. Ainda sou novo para sentir a realização. Há muito que ainda gostaria de fazer e não tive oportunidade tanto a nível profissional como pessoal.

 

Como se resolve a crise?

Era bom termos uma varinha mágica... Em Portugal temos que alterar aquilo que foram as práticas das ultimas décadas em que se ganhou mais do que aquilo que se tinha.Temos que criar condições para a implementação de novas empresas que gerem riqueza e postos de trabalho. Essa tem de ser a grande aposta. Os ultimos dados mostram que estamos a inverter a tendência para o aparecimento dessas novas empresas. Hoje por cada empresa que fica insolvente abrem duas novas. São dados oficiais. Isto mostra que as pessoas acreditam, apostam e investem. Este é o caminho certo para resolver a crise. Em determinada altura as empresas começaram a depender em demasia do Estado. Por força da crise essa têndencia teve que se alterar e as empresas exportam cada vez mais. Mesmo ao nível da agricultura este é um dado relevante.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou católico. Essa é uma questão muito difícil. Tem a ver com a crença. Na dúvida refugiamo-nos em algo mais abstrato. Penso que existe Deus e que ele terá criado o Homem, mas este assunto é muito complexo e daria muita discussão.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Tenho como modo de vida que o que está feito, feito está. Não valeria a pena alterar nada. É preciso passar pelas situações e experiências para lhes dar valor e termos a perceção se deveríamos mesmo não fazer diferente.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou deputado na Assembleia da República pelo CDS/PP. Temos vários projetos para desenvolver, principalmente, em Setúbal, ao nível da dinamização do tecido empresarial. A experiência que tenho adquirido ao nível político tem-me dado o conhecimento mais aprofundado para puder no futuro desenvolver alguns projetos pessoais que possam contribuir para a realização pessoal e para a comunidade.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Nova York

 

Um livro

O nome da rosa (Umberto Eco)

 

Uma música

Raffles Nakes (Loyd Cole)

 

Um ídolo

A minha mãe

 

Um prato

As lulas recheadas que a minha mãe fazia

 

Um conceito

Nunca desistir e acreditar nas nossas convicções

publicado por Joaquim Gouveia às 07:54

18
Jan 14

 

 

“NÃO ME REVEJO NUMA IDEIA FATALISTA DO MUNDO”

 

A Dra. Paula Guerreiro é uma empresário que aceita o dever das responsabilidades. Dinamiza a sua empresa e os seus projetos com denodada convicção. Nasceu na Alemanha, mas as suas raízes são alentejanas, de Montemor o Novo, para onde veio morar ainda muito jovem e de onde guarda todas suas suas recordações de infância. Adorava andar de bicicleta, foi boa aluna porque era esforçada. Começou a trabalhar na rádio local como locutora, afinal, a sua grande paixão na altura. Depois veio para Setúbal, casou e hoje é empresária de sucesso. Sobre o mundo fala como António Gedeão e sobre a crise pensa que existem muitos interesses no nosso país que atrasam a sua resolução. Gosta de migas á alentejana e o seu destino é S. Tomé e Princípe

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci na Alemanha. Os meus pais eram imigrantes. Toda a minha família é alentejana de Montemor o Novo. Vim para Setúbal, já com 20 anos. Cheguei a Montemor, com 5 anos e é a partir daí que guardo as minhas memórias de infância. Montemor tinha um ambiente bastante pacato, onde tinha muitos amigos e brincava muito. Acho que passei a minha infância a andar de bicicleta. Adorava! Fui uma boa aluna na escola porque era esforçada.

 

O primeiro amor…

Não fui muito namoradeira. Tinha sempre muitos projetos que me ocupavam todo o tempo. O meu primeiro amor foi o meu marido.

 

E o primeiro emprego…

Na rádio Almansor, em Montemor. Era locutora. Ganhava um valor quase simbólico mas a rádio era a minha paixão.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu refúgio. É onde me sinto bem e onde me dedico ao meu papel principal que é o de ser mãe.

 

O que pensa do mundo?

Começo com uma citação do António Gedeão " eles não sabem , nem sonham que o sonho comanda a vida que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança " ou seja não me revejo numa ideia fatalista do mundo.JUNTOS conseguimos mudar as coisas . Não é uma utopia basta acreditar...

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto orgulho naquilo que já conquistei. Como empresária tenho responsabilidades acrescidas mas não me sinto realizada. Acho que ainda tenho muitos projetos para desenvolver. Em termos humanos cresci e melhorei bastante enquanto mulher, mãe, esposa e amiga.

 

Como se resolve a crise?

As crises são cíclicas. Devíamos ter a capacidade de nos momentos menos bons tirarmos ilações para melhorar e isso não está a acontecer no nosso país porque existem muitos interesses. Acredito na nossa capacidade para dar a volta aos acontecimentos.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Deus criou o Homem. Sou católica praticante. A minha fé permite-me pensar que Deus existe e criou não só o Homem como o universo. Tenho também uma grande fé nos Homens.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Teria outras opções na vida mas não me arrependo do meu percurso.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Empresária na área da mediação imobiliária, sou proprietária da empresa Comunidade das Casas e tenho um projeto ao nível da gestão de condomínios. Pretendo continuar fazendocrescer estasatividades.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

S. Tomé e Princípe

 

Um livro

O cônsulo desobediente (Sónia Louro)

 

Uma música

A gente vai continuar (Jorge Palma)

 

Um ídolo

O meu pai

 

Um prato

Migas Alentejanas

 

Um conceito

Vive e deixa viver

publicado por Joaquim Gouveia às 10:29

17
Jan 14

 

 

“COMO SE EXPLICA O MILAGRE DA VIDA?...”

 

Pedro Marques da Costa é o diretor do Hotel do Sado, profissional preocupado em oferecer o melhor conforto e agradabilidade aos seus clientes. Teve uma infância muito partilhada com a família e aprendeu a criar para além do que lhe foi oferecido. Acredita que há uma força superior que nos controla e sente-se um homem comprometido com a Igreja. Pensa que a resolução da crise passa por um exercício individual de cada um de nós. Sente-se feliz mas não realizado porque sabe que ainda existem vários objectivos por concretizar

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Lisboa, mas toda a minha infância foi passada em Setúbal, na casa dos meus pais, com mais 3 irmãos e a minha avó materna. Era uma casa sempre muito cheia. Éramos 7 pessoas à mesa, todos os dias. Foi uma infância muito preenchida na convivência com a família onde junto tios e primos. Andei 7 anos no Externato Diocesano. Foram momentos que recordo com felicidade e saudade. Ainda guardo algumas amizades desses tempos do colégio. O meu pai era técnico na Câmara de Setúbal e a minha mãe era professora na Escola Comercial. Foi-nos proporcionada a ideia de que tinhamos que criar mais do que aquilo que nos era oferecido. Todas as experiências foram muito ricas, nomeadamente aquelas que nos levaram a lugares fora no nosso meio ambiente.

 

O primeiro amor…

Não fui muito namoradeiro. Talvez tivesse acontecido no colégio numa brincadeira que não teve nada de marcante.

 

E o primeiro emprego…

No Hotel Méridian, em Lisboa. Tinha 19 anos e ainda estudava. Devia ganhar cerca de 50 contos. Estava no departamento financeiro. Foi uma experiência muito boa em termos de início de atividade profissional mas uma desilusão em termos de produto final. Achava que íamos mudar o mundo e isso não aconteceu...

 

Como é a sua casa? Como a define?

É um espaço onde nos sentimos confortáveis e que gostamos que quem nos visita se sinta bem. Gosto muito de antiguidades e, por isso, temos um misto de mobiliário entre o antigo e o contemporâneo. É o meu porto de abrigo, o meu ninho.

 

O que pensa do mundo?

Acredito que há uma força superior que nos controla e que nos vai mostrando o caminho. O mundo vai-se reajustando em função de diferentes conjunturas. Este cenário atual de crise tem-nos ajudado a relativizar o que é importante e a nossa relação uns com os outros.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Acho que não porque ainda existem vários objectivo por realizar . No entanto, sinto-me muito feliz a nível pessoal e familiar. Temos um equilíbrio na nossa vida a vários níveis que me tranquiliza. Em termos profissionais gosto imenso do que faço, é uma atividade que me fascina. Procuro dar o melhor conforto e agradabilidade aos nossos clientes

 

Como se resolve a crise?

Deve ser um exercício individual de cada um. Temos que perceber do que precisamos e não precisamos e, essencialmente, onde podemos contribuir para melhorar a situação dos que nos rodeiam. Vivemos uma crise de valores.

 

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Para mim foi Deus, quem criou o Homem. A minha fé diz-me isso. Tenho um referencial de educação nesse sentido. As coisas extraordinárias que nos acontecem levam-nos a pensar assim. Como se explica o milagre da vida? Sou católico praticante e comprometido com a Igreja.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Sou uma pessoa muito ponderada e as minhas decisões são muito pensadas e amadurecidas. Não sou pessoa de impulsos. Se calhar teria dito a algumas pessoas que já partiram o quanto gostava delas e que acabei por não o fazer talvez por preconceito.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou diretor do Hotel do Sado e professor no Turismo de Portugal e na Escola Profissional de Setúbal. Prevejo continuar nesta atividade, embora esteja aberto a novos desafios e propostas que sejam enriquecedoras para mim e que eu possa dar um contributo positivo.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Nova Iorque

 

Um livro

O caminho (São José Maria Escrivá)

 

Uma música

Carmina Burana (Carl Off)

 

Um ídolo

João Paulo II

 

Um prato

Bifes panados

 

Um conceito

Transparência

publicado por Joaquim Gouveia às 12:04

16
Jan 14

 

 

“FELIZ É QUEM TEM A OPORTUNIDADE DE ERRAR”

 

É o comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, Major/Engenheiro, no Exército e adora praticar Triatlo. Paulo Lamego apaixonou-se pela bicicleta aos 16 anos e desde aí mantém uma relação intensa com o mundo do ciclismo. Conviveu com os conflitos sociais do bairro da Cova da Moura, onde passou toda a sua infância depois do regresso de Moçambique, após Abril de 74. Foi um excelente aluno na escola e escolheu a vida militar por convicção. Diz que cada dia deve ser vivido como se fosse o último e que feliz é aquele a quem lhe é dada a oportunidade de errar. A crise é uma excelente oportunidade para inovar

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci na Amadora, em 1971, em casa. Sou o filho mais velho de 4 irmãos. Com 4 meses fomos para Moçambique, onde o meu pai cumpria serviço de polícia, em Maputo. Regressámos no 25 de Abri de 74. Depois morei no alto da Cova da Moura e ali convivi com todo o tipo de situações sociais. Foi uma infância feliz com muita brincadeira, com complicações conflitos no bairro. Lembro-me das brincadeiras saudáveis como os carrinhos de rolamentos e o futebol, embora não tivesse muito jeito para jogar. Fui um excelente aluno na escola.

 

O primeiro amor…

Fui sempre muito tímido. O primeiro amor foi a minha bicicleta, aos 16 anos. Apaixonei-me por ela. Tive, no entanto, algumas namoradas mas a bicicleta foi mesmo esse primeiro amor.

 

E o primeiro emprego…

A ajudar a minha mãe na casa de frangos que ela tinha, aos 12 anos. Mais tarde tivemos um café.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma alegria constante. Tenho 3 filhos e uma mulher que amo. A decoração é confortável. Moro no Barreiro. É o local onde nos sentimos felizes.

 

O que pensa do mundo?

O mundo é o que nós queremos. Ele existe mas quem o faz somos nós. O bom e o mau ambiente é gerado pelas pessoas. O mundo é maravilhoso. Temos que levar a vida com muito boa disposição. Todos os momentos são uma lição de vida. Feliz é aquele a quem lhe é dada a oportunidade de errar.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Cem por cento realizado. Vivo com empenho e paixão tudo o que faço. Vivo com a mesma intensidade as alegrias e as desilusões. Também choro.

 

Como se resolve a crise?

A crise é uma excelente oportunidade para inovarmos, e só inovando e mudando a nossa maneira de ser é possível resolver a crise. Não temos que ter medo de arriscar. A vida é para se viver como se fosse o último dia.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou católico. Acredito que Deus criou o Homem. Não será o Deus que imaginamos com as barbas e os mantos, mas um Deus divino, uma energia, uma fé, e é a fé que nos move. Acredito na emoção.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudaria nada, A minha filosofia diz que devo fechar as portas. Os meus caminhos têm um princípio, um meio e um fim.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou Major/Engenheiro no Exército, Comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal e faço Triatlo nos meus tempo livres, actividade que também adoro. Tenho a possibilidade de praticar 3 modalidades como o ciclismo, a natação e o atletismo. No futuro quero continuar a exercer a engenharia em pleno. O meu sonho é, aos 50 anos, montar uma empresa de construção civil na área da reabilitação urbana.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Uma ilha tropical

 

Um livro

A filha do capitão (José Rodrigues dos Santos)

 

Uma música

Sultans of Swing ( Dire Straits)

 

Um ídolo

Jane Ulrich

 

Um prato

Cozido à portuguesa

 

Um conceito

Encarar cada dia como se fosse o último

publicado por Joaquim Gouveia às 09:01

15
Jan 14

 

“GOSTAVA DE ABRAÇAR UM PROJETO INTERNACIONAL”

 

Entrevista de Helena Galvão Pacheco

 

Rui Godinho, 38 anos, natural da Guarda, não terminou a sua licenciatura em Relações Internacionais e Estudos Europeus porque cedo se comprometeu com o mundo laboral.

Um dos mais jovens sindicalistas da União Geral de Trabalhadores, coordena a UGT - Setúbal há já cinco anos, está também à frente dos SAMS (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas) há 8 anos, no distrito de Setúbal e é membro da direcção da Associação Agostinho Roseta, que tem um pólo em Santana, Sesimbra. O sindicalismo corre-lhe nas veias, é um amante da natureza e defende que as crises das nações não se resolvem: ultrapassam-se.

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci na Guarda, freguesia da Sé, no chamado Bairro da Caixa, ainda bebé a minha família foi viver para a “Avenida do Sanatório”, vivia muito na rua com os outros vizinhos da mesma idade, aquilo era quase campo, sem grande movimento nas estradas, explorávamos as quintas, os campos, em são convívio com a natureza a fazer cabanas e a trepar às árvores , acho que tive a melhor infância que podia ter tido.

 

O Primeiro amor…

Foi uma colega da Escola Primária, a Carla, mas acho que ela nunca soube, a partir da 4ª classe nunca mais a vi ou soube dela.

 

O primeiro emprego...

Foi com o meu pai, devia ter uns 6 anos. O meu pai tinha uma livraria/papelaria e um armazém de material escolar e de escritório. O meu pai “pagava-me” 100 escudos para o ajudar a descarregar as carrinhas que chegavam de material e a arrumar tudo nas prateleiras.

 

Como é a sua casa, como a define?

É um apartamento onde a família se reúne todos os dias para jantar e dormir. O trabalho e os passatempos não deixam que se disfrute mais do lar, é uma vida sempre a correr.

 

O que pensa do mundo?

Penso que é isso mesmo, um mundo, uma imensidão de tudo, de variedades, sempre em transformação, mas que cada vez está mais ao alcance de cada um, somos a cada dia mais conhecedores de tudo em todo o lado, das culturas, das geografias, dos diferentes humanos, da natureza, do mais simples ao mais complicado.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim, realizado sim, mas conformado não, há sempre mais e mais para fazer.

 

Como se resolve a crise?

As crises não se resolvem, vão-se ultrapassando, vai sempre haver alguém que por querer só para si e para os seus, vai tirar a outros. Vai sempre haver gente que engana os outros, incompetentes com sorte que podem tomar decisões… Estragar é muito mais fácil que construir. Por isso o trabalho de muitos anos pode ser destruído em segundos por um erro, uma má decisão, egoísmo ou simplesmente estupidez e falta de competência.

 

 

Deus criou o Homem ou foi o Homem quem criou Deus?

Isso é uma questão sociológica, o homem sempre procurou explicação para tudo, de facto ainda não há respostas para muitas coisas. Se existe alguma entidade suprema, não escapou a que o homem o moldasse às sua culturas, a Vê-lo à sua imagem, para o bem e para o mal.

 

Se pudesse voltar atrás, o que mudaria na sua vida?

Nada, tudo o que fiz ou me aconteceu faz parte do que sou hoje, dos erros e dos enganos aprende-se muito.

 

O que faz no presente e projectos para o futuro?

Neste momento sou sindicalista, trabalho todos os dias para encontrar com os meus colegas soluções para tudo o que afecta o mundo laboral. Estou envolvido em vários projectos, mas há um que me tem agradado bastante que é a participação na Direcção de uma Associação de uma escola profissional, tenho conhecido pessoas extraordinárias e aprendido muito. No futuro… bem, nunca escondia ninguém que gostaria de abraçar um projecto internacional na área do sindicalismo, emprego, trabalho e formação. Já estive algumas vezes em trabalho e formação no estrangeiro e gostei muito.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino…

fazer o caminho Francês de Santiago de Bicicleta.

 

Um livro…

“Viagem ao Mundo da Droga”, (foi muito importante ler este livro no fim dos anos 80 para perceber o que estava a acontecer com tanta gente)

 

Uma música…

 Shelter (The XX)

 

Um Ídolo…

Lance Armstrong

 

Um prato…

Massada de peixe feita pelo Miguel Sena

 

Um conceito…

Não sei se sou feliz, mas recuso-me a estar mal disposto.

 

publicado por Joaquim Gouveia às 14:33

14
Jan 14

 

 

“SOU UM CONTESTATÁRIO ACOMODADO”

 

José Flórido foi professor de ginástica no ensino secundário durante 38 anos. É um homem muito conhecido pelas gerações de alunos que tiveram aulas consigo e por todos quantos com ele têm privado reconhecendo-lhe uma afabilidade extraordinária. A sua infância foi repartida entre as ruas das Caldas da Raínha, onde nasceu e as de Setúbal, onde se radicou. Conheceu José Afonso e outros opositores do antigo regime ainda muito novo, começou a despertar para uma consciência política. Frequentou o Circulo Cultural de Setúbal e sentiu o apoio dos amigos que, diz, sempre os teve em abundância. Hoje considera-se um contestatário acomodado e aproveita a sua reforma para ler, ouvir música, viajar e, acima de tudo, para ver os netos crescerem. Acredita que teria sido um bom médico

 

Como foi a sua infância?

Tive uma infância feliz. Nasci nas Caldas da Raínha, em 1951. Foi uma infância muito variada ainda com a presença do meu pai. Vim para Setúbal, em Junho de 1962, com 10 anos. Fiz a escola primária e o primeiro ano da Escola Técnica, ainda nas Caldas da Raínha. Os meus pais não tinham dinheiro para que eu pudesse estudar num colégio. Sempre tive muitos amigos com quem brinquei bastante. Brincávamos nas ruas. Nas Caldas, o ambiente era muito fechado.

 

O primeiro amor…

Aconteceu aos 13 anos. Foi com uma miuda que era minha vizinha, morava no 1º andar do prédio em frente ao meu. Andávamos no Liceu. Durou até aos 15 anos. Entretanto ela foi morar para Carcavelos e o namoro acabou.

 

E o primeiro emprego…

Nos escritórios dos antigos “Belos”, em Setúbal, durante os 3 meses de férias do 5º ano. Ganhava cerca de 750 escudos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa confortável. Tenho 3 filhos que, entretanto, já saíram de casa por isso a casa ficou grande demais para nós. O meu refúgio será mais o apartamento que temos em Tróia. É uma casa com uma decoração simples e tradicional.

 

O que pensa do mundo?

Desde muito novo, talvez 15 anos, por razões económicas e de revolta, comecei a pensar politicamente. Na altura juntei-me ao Circulo Cultural de Setúbal e ao Secretariado Cristão de Ação Social, onde estava o então padre Mário Pereira. Conheci o José Afonso e mais alguns opositores de Setúbal. Comecei a ter consciência. Senti muito apoio dos amigos, aliás, os amigos sempre me têm acompanhado vida fora. Penso que o mundo deveria ser mais fraterno e justo. O dinheiro não é tudo, é apenas a ditadura financeira. No presente direi que sou um contestatário acomodado.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Penso que fiz bem o meu trabalho quer como professor, quer como técnico na secção de ginástica do Vitória de Setúbal. Fui professor no ensino secundário durante 38 anos e estive durante 24 anos no Vitória. Sinto-me realizado como homem mas não estou satisfeito.

 

Como se resolve a crise?

Desde que me conheço e que tenho consciência poíitica sempre houve crise. Penso que vamos ultrapassar mais esta crise que, no entanto, é mais longa. Temos que mudar a atitude e a credibilidade dos nossos politícos. A crise tem raízes internacionais mas, fundamentalmente, tem raízes nossas. Vivemos mesmo acima das nossas posses endividando-nos e vamos ter que olhar muito seriamente para a nossa forma de estar.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Penso que Deus foi criado pelo Homem. Precisávamos de uma explicação para o mistério do universo.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Todos nós mudaríamos um pouco o nosso rumo se soubessemos o que sabemos hoje. No meu caso mudaria a profissão. Teria seguido medicina e só por uma mera hesitação não o fiz. Acredito que teria dado um bom médico.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformado e sinto-me bem com a sensação do dever cumprido. Dedico-me à leitura, a ouvir música, aos netos, frequento um grupo coral e continuo a ter alguma atividade físíca e de lazer. Ver crescer os netos dá-me muito prazer. Gosto imenso de viajar.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Lapónia (Pólo norte)

 

Um livro

O Fio da navalha (Somerset Maugham)

 

Uma música

Cantigas do Maio (José Afonso)

 

Um ídolo

José Afonso e a minha avó materna

 

Um prato

Cozido à portuguesa

 

Um conceito

Deus manda-nos amar uns aos outros mas não nos manda ser parvos

publicado por Joaquim Gouveia às 09:29

13
Jan 14

 

 

“A CRISE ULTRAPASSA-SE COM ENTENDIMENTO”

 

entrevista de Helena galvão Pacheco

 

Custódio Pinto nasceu em Setúbal, na freguesia de S. Julião, há 84 anos. Bancário de profissão, foi monitor de natação nos seus tempos livres e ensinou centenas de pessoas a nadar, não só no Clube Naval Setubalense, como em outras instituições. Custódio Pinto recebeu várias medalhas de mérito e reconhecimento, entre elas figura a distinção atribuída pelo Governo Civil de Setúbal em 1991. Aliás, medalhas e outras honras é o que não falta no seu vasto currículo, pelo seu empenho e dedicação ao desenvolvimento da natação. Há dois anos atrás, o Instituto de Socorros a Náufragos homenageou-o pelos salvamentos que efectuou. Colaborador assíduo da imprensa escrita setubalense, foi o impulsionador da criação da Comissão de Antigos Alunos da Escola Primária Conde de Ferreira.

 

Como foi a sua infância?

Foi uma infância dura e feliz ao mesmo tempo. Em plena Segunda Guerra, e com 9 anos de idade, perdi o meu pai. Viviam-se tempos difíceis, a minha era doméstica e houve necessidade de recorrer às filas para adquirir géneros alimentícios.

Também recordo com felicidade as brincadeiras de rua, e no recreio da escola, com os meus irmãos e amigos. Jogava-se ao berlinde, peão, eixo, arco, corda e brinquei muito com o io-io.

 

O primeiro Amor…

Foi a minha primeira mulher. Conhecemo-nos no casamento da filha dos meus patrões.

 

E o primeiro emprego…

Tinha entre sete ou oito anos de idade. Saía da escola e ia ajudar o meu pai num armazém de peixe da lota, onde se preparavam as celhas e as talhas de sal para a venda do peixe.

O meu pai dava-me uma féria que ia de cinco a oito tostões.

 

Como define a sua casa?

 A minha casa é o meu ninho, muito acolhedora. É o meu mundo onde me sinto feliz. A minha sala guarda as minhas memórias e recordações do passado.

 

 O que pensa do mundo?

Vejo o mundo de duas formas: por um lado é uma tristeza ver as pessoas tão ambiciosas pelo dinheiro. Por outro, assiste-se a um grande desenvolvimento tecnológico e industrial. No entanto, em relação ao turismo o nosso país já podia estar muito mais desenvolvido. Noto a diferença quando viajo para o estrangeiro.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente

Consegui vencer muitas batalhas como a criação da Escola de Natação dos Bancários, da comissão dos antigos alunos da Escola Primária Conde de Ferreira mas continuo a lutar pela transformação do Forte de Albarquel em centro náutico. Um espaço que está completamente abandonado e pelo qual tenho pedido a intervenção das entidades oficiais.

 

Como se resolve a crise?

Precisamos de gente competente e não vejo ninguém à altura desde 1974. Precisamos de mais união política e entendimento. Temos que mudar.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem que criou Deus?

Sou católico mas não praticante. Estou convencido que existiu alguém soberano que terá criado o ser humano. Uma grande força que chamamos Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Fazia tudo o que fiz e tudo o que fiz foi em defesa e benefício da vida e da minha cidade de Setúbal.

 

Que faz no presente e que projetos para o futuro?

Estou reformado mas continuarei a lutar pela recuperação do Forte de Albarquel que poderia dar um excelente centro náutico ou até mesmo uma unidade hoteleira.

Estou a pensar escrever um livro. 

 

CAIXA DE PALAVRAS

 

Um destino

Canadá

 

Um livro

Serra Mãe (Sebastião da Gama)

 

Uma Música

Rio Azul (do Chico da Cana)

 

Um ídolo

Os meus pais

 

Um prato

Sardilhas assadas

 

Um Conceito

Honestidade

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 14:23

Janeiro 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4

5
6
7
8
9
10
11

12

19

26


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
arquivos
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO