Com o apoio “HOTEL DO SADO”
“A CRISE RESOLVE-SE COM MUITA CRIATIVIDADE"
Rita Sales é atriz e responsável pelo Teatro do Elefante. Não tem muitas memórias de infância. Recorda-se que andava com o pai que era comunista e vereador na Câmara de Setúbal. Não acredita em Deus, apenas nos homens e nas mulheres. O seu primeiro amor era um rapaz aloirado, de olhos claros que fazia lembrar uma estrela pop. O mundo é uma viagem onde se encontra a si própria. Nunca teve um plano de realização preferindo dizer que nunca soube o que queria ser quando fosse grande. A crise resolve-se entre pessoas e em pequenos grupos com muita criatividade. No futuro quer continuar a ser atriz porque o teatro é aquilo que a Rita é.
Como foi a sua infância?
Nasci em Lisboa, mas vim muito cedo para Setúbal. Tenho poucas memórias da minha infância. Lembro-me de andar numa escola onde tínhamos teatro, música, dança e um jardim enorme. Más recordações são o cheiro da comida que levávamos nos cestos e as sestas que nos obrigavam a fazer e eu não gostava mesmo nada de dormir. Brincava nos quintais de Vanicelos, com o meu irmão e outros amigos. Andava muito com o meu pai que era vereador na Câmara Municipal de Setúbal. Nas férias ía para a zona de Sintra e frequentava as praias da região, como a Praia das Maçãs.
O primeiro amor…
Foi por um rapaz típico dos anos 80, parecia uma estrela pop com o cabelo aloirado e olhos claros. Vestia-se á moda sem, no entanto, ser “beto”. Eu tinha 12 anos. Não chegámos a namorar. Foi um amor quase platónico.
E o primeiro emprego…
No Teatro do Elefante, como atriz. Comecei por ganhar o salário mínimo da altura, cerca de trezentos e poucos euros.
Como é a sua casa? Como a define?
Confortável, em processo e com um grande jardim. É a casa!
O que pensa do mundo?
É uma viagem. É um espaço que permite um tempo para viajar. Encontro diversidade, o outro e encontro-me a mim própria. É a oportunidade para descobrir algo sobre mim própria e para me construir. Poder ser ao mesmo tempo maravilhoso e assustador.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Não. Nunca tive um plano de realização. Eu nunca soube o que queria ser quando fosse grande e estou sempre à espera desse dia para me sentir realizada.
Como se resolve a crise?
Resolve-se entre pessoas, em grupos pequenos e com muita criatividade que é o desenvolvimento de um pensamento divergente, procurar alternativas para a forma como as sociedade se organizam. Outra solução para a crise é viajar porque quando se viaja tem que se sair da sua posição de conforto, temos de nos adaptar, conhecer outros mas, também, dar-nos a conhecer.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Deus não existe. Fui educada por um comunista e acredito nos homens e nas mulheres. A religião é uma história muitas vezes muito bem escrita.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Mudava não sei bem o quê, mas estou segura que mudava. Sou uma pessoa que para a mesma situação encontra várias soluções, pelo que, se voltasse atrás teria soluções diferentes para cada caso.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Trabalho como atriz e sou responsável pelo Teatro do Elefante. No futuro vejo-me a fazer a mesma coisa. O teatro não é só o que eu faço é aquilo que eu sou.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Praga
Um livro
Sidarta (Herman Hess)
Uma música´
Matinal (Madre Deus)
Um ídolo
Elvis Presley
Um prato
Açorda alentejana
Um conceito
Geoestética
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