Com o apoio “HOTEL DO SADO”
“SOU UMA PESSOA CHEIA DE SORTE”
Paulo Sérgio é um conhecido jornalista que nos últimos anos tem abraçado a área desportiva tanto em televisão como na rádio. No presente trabalha na RTP e gostava de voltar a ter um experiência no estrangeiro como formador. A infância viveu-a na casa dos avós e na taberna que estes tinham perto do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários. A sua mulher foi mesmo o seu primeiro amor e a sua casa é um refúgio com varanda sobre a baía do Sado. Conhece mais de 100 países e sabe que a pobreza no mundo ocidental é mais dura que no resto do mundo. Para si a crise resolve-se com mais produção e trabalho. Lamenta que os mais capazes estejam a sair do país. Acredita em algo que nos comanda mas não sabe o que é. Gostava de regressar a Hong Kong, não tem ídolos e não dispensa uma boa sardinhada
Como foi a sua infância?
Nasci no hospital de S. Bernardo, e tive uma infância normal e feliz. O meu avô tinha uma taberna na rua António Maria Eusébio e eu, praticamente, cresci e brinquei ali, junto ao antigo quartel dos Bombeiros Voluntários. Andei muito de bicicleta, joguei ao pião e ao berlinde e outras brincadeiras. Frequentei a escola particular da D. Cremilde, no bairro Santos Nicolau. Aprendi as primeiras letras com a D. Irene e depois com a própria D. Cremilde. Fiz lá o exame da 4ª classe. Vivi a minha infância quase toda na casa dos meus avós.
O primeiro amor…
Não tenho memória. Penso que terá sido mesmo a minha mulher, embora até tivesse muitas namoradas enquanto fui jovem. Mas amor, o primeiro amor, foi realmente a minha mulher até porque ela foi a primeira namorada a entrar na minha casa.
E o primeiro emprego…
No restaurante 1ª de Janeiro, na Volta da Pedra, com 15 anos. Ajudava a servir os casamentos e ganhava 500 escudos por festa.
Como é a sua casa? Como a define?
É o meu refúgio, onde tenho os meus livros (sou um leitor compulsivo), onde tenho os meus papéis e fotografias e onde está a minha vida. É um apartamento acolhedor onde vivo com a minha mulher e o meu filho. Tem uma enorme varanda sobre a baía de Setúbal.
O que pensa do mundo?
Sou uma pessoa cheia de sorte porque conheço algum mundo através dos meus olhos nas viagens que faço. Já visitei mais de 100 países. Penso que o mundo é desequilibrado onde há ricos demasiadamente ricos e pobres demasiadamente pobres, ou seja, não há equílibrio e há países onde isso choca mais. Um pobre no mundo ocidental é mais pobre que no resto do mundo. É uma pobreza que impressiona mais. Noutros países a própria natureza reduz os efeitos da pobreza.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Ainda não me sinto totalmente realizado. Humanamente sentir-me-ei realizado quando o meu filho tiver as armas todas para seguir a sua viagem e realizar a sua vida sem dificuldades. Tento ser bom pai, bom marido e bom filho todos os dias. Profissionalmente quero ainda fazer muita coisa. Já fiz muito mas há ainda muito por realizar. Gostava de fazer a cobertura de uma campanha eleitoral.
Como se resolve a crise?
Se eu soubesse... A crise não tem solução. Vai-se resolvendo. É cíclica. O país tem que criar condições para ser diferente, produzir mais, e dar dignidade a quem trabalhar. Preocupa-me o facto das pessoas que foram afetadas pela crise já não conseguirem recuperar e isso torna o país mais pobre. Os mais capazes estão a sair do país.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Acho que foi o Homem quem criou Deus. Não sou muito crente. Acredito que há alguém que manda em nós e nos condiciona. Mas o Homem necessita acreditar nalguma coisa. Há na verdade algo que nos criou mas ninguém ainda nos mostrou o que é. Por isso tem um nome diferente em cada religião.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Do ponto de vista profissional não. Perdi o meu pai recentemente e acho que não fui tão bom filho como ele merecia. Talvez mudasse isso.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Sou um dos responsáveis pela informação diária de desporto da R.T.P.. Estou com o projeto da seleção nacional de futebol até ao Campeonato do Mundo. Gostava de voltar a ter uma experiência no estrangeiro a dar formação tanto na televisão como na rádio.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Hong Kong
Um livro
A primeira aldeia global (Martin Page)
Uma música
All i need is a miracle (Michael and Mechanics)
Um ídolo
Não tenho
Um prato
Sardinhas assada
Um conceito
Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje