Entrevistas de JoaQuim Gouveia

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Fev 14

 

 

Com o apoio: “HOTEL DO SADO”

 

“O MUNDO É UMA DESILUSÃO CIVILIZACIONAL”

 

Raul Tavares é diretor do semanário “Semmais” e jornalista desde sempre. Iniciou a sua carreira nos tempos da candidatura de Mário Soares, à presidência da República, no gabinete de imprensa do MASP. Nasceu em Sesimbra e teve uma infância feliz, protegida por uma família gigante com 9 irmãos. É originário de gente ligada ao mar. Foi ele quem levou a notícia da revolução de Abril, para casa. A sua primeira paixão foi com uma espanhola. Para si o mundo é uma desilusão civilizacional e a crise resolve-se quando a justiça dos valores for reposta. Acredita que há um poder divino pela crença e pela cultura da fé mas, para si não está provada nenhuma teoria sobre Deus e a criação do Homem. Ao 50 anos sente a cabeça a fervilhar de ideias. Pretende consolidar e ampliar a sua marca com novos projetos no futuro imediato.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Sesimbra. Sou originário de gente ligada ao mar. O meu avô foi o primeiro banheiro do distrito de Setúbal, no Portinho da Arrábida e foi capitão de salva-vidas conhecido pelo “lobo do mar”. O materno, era ‘fogueiro’, na marinha mercante. Foi uma infância feliz, muito protegida por uma família gigante com 9 irmãos. Tenho a genética da mãe, ligada à justiça e à sensibilidade social. E devo ter herdado do pai, que também fez jornalismo, o bichinho do associativismo. Fui um aluno razoável. Lembro os jogos de rua da época, com a praia e o mar sempre muito presentes. Aos dez anos já inventava escritos e jornais em sebentas. Fui eu que trouxe a notícia da Revolução de Abril para casa, e descobri a política cedo, porque tinha dois irmãos na vida militar, um em Moçambique e outro no Alfeite. A minha mãe foi apoiar os militares no Cristo-Rei durante dois dias seguidos.

 

O primeiro amor…

O primeiro amor surgiu com a Mila, minha mulher e mãe dos meus filhos.

 

E o primeiro emprego…

No primeiro MASP (candidatura de Mário Soares, à presidência da República) no gabinete de Imprensa liderado pelo Cáceres Monteiro e pelo Miguel Almeida Fernandes. Não me recordo quanto ganhava.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Espaçosa, confortável, com as condições mínimas para criar três filhos, que fazem parte do meu projecto de vida melhor sucedido. Foi adquirida com o esforço de uma vida profissional, é o ‘cantinho’ da reflexão e fica num sítio paradisíaco, na Quinta do Anjo, numa aldeia pela qual nos apaixonámos.

 

O que pensa do mundo?

Uma desilusão civilizacional, em que o primado da economia e do dinheiro se sobrepõem às leis da democracia e do estado de direito, o que implica, na actualidade, um sentido de luta ideológica pelos direitos sociais cada vez mais vincada. Não é aceitável que uma meia dúzia seja dominadora de das maiorias. E que estejamos a regressar a um empobrecimento quase vegetativo. A Europa, que era o farol do mundo democrático e social está a implodir.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Construí a minha carreira com uma dedicação extrema e fiz de cada oportunidade uma frente para desenvolver as minhas capacidades. Julgo ter sido um bom ‘aprendiz’ e conquistei a maior parte dos meus objetivos e sonhos, em especial o jornalismo, que defendo de forma irrepreensível.

 

Como se resolve a crise?

Quando a justiça dos valores for reposta, o sentido de missão pública voltar ao seu estado puro e quando se fizer regressar as pessoas ao centro da política. Esta crise é falaciosa e os portugueses demonstraram que são capazes de dar a volta por cima. O pior é a falta de rumo. Não era necessário tanto sofrimento. Isso parece já ser inquestionável.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou católico, apostólico romano, mas acredito igualmente na ciência. Não está provada nenhuma das teorias, nem a criacionista, nem a naturalista. Acredito que há um poder divino pela crença e pela cultura da fé, mas a ciência tem conquistado adeptos para a teoria do Big-Bang. Prefiro continuar a acreditar que as duas teorias podem ser coabitáveis na forma de ver e de habitar este espaço terreno. A fé religiosa é similar à experimentação científica.

 

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Tive duas ou três oportunidades para fazer coisas diferentes mas não me arrependo de ter seguido a minha impulsividade e convicções de forma coerente. Um caminho de dádivas e alguns obsctáculos. Essa é a força da vida e a sua provação. Acredito nisso.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Dirijo o jornal ‘Semmais’ e aos 50 anos tenho ainda a cabeça a fervilhar de ideias. Continuar a consolidar e ampliar a marca, com novos projectos, é a fase imediata. Quero também retomar e concluir alguns escritos (sou um fanática das palavras), abordando temas que me perseguem desde que me conheço.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Londres

 

Um livro

Amor e sombras (Isabel Allende)

 

Uma música

“Hotel Califórnia” (Eagles)

 

Um ídolo

A mãe

 

Um prato

Ovos escalfados com ervilhas

 

Um conceito

Fazer valer a liberdade e a justiça

 

publicado por Joaquim Gouveia às 13:56

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