Entrevistas de JoaQuim Gouveia

13
Fev 14

 

Com o apoio “HOTEL DO SADO”

 

“APRENDI A LER COM A CARTILHA DE JOÃO DE DEUS”

 

António Quaresma Rosa é um cidadão de Setúbal, preocupado com a valorização e promoção da cidade. Tem colecionado espólio valioso que distribui por várias entidades. A sua infância foi vivida durante a 2ª guerra mundial e lembra-se bem das senhas de racionamento que levava para as bichas de abastecimento de bens essenciais. Aprendeu as primeiras letras com a Cartilha de João de Deus e, mais tarde, viu alguns dos seus colegas de escola fazerem carreira. Diz-se crente em Deus porque ainda não conseguiu resolver o mistério da existência. Faz parte de um grupo denominado “Conhecer Setúbal” e pertence à LASA e ao Centro de Estudos Bocageanos. S. José é o seu ídolo

 

Como foi a sua infância?

Nasci na rua Luís de Camões, em Setúbal. Foi uma boa infância, feliz, embora com as dificuldades da época. Lembro-me de ir com as senhas de racionamento para as bichas de abastecimento de bens essenciais. Era a altura da 2ª guerra mundial. Na minha rua só havia raparigas, eu era o único rapaz, e curiosamente elas faziam jogos de rapaz. Fui para a escola com 8 anos onde primeiro estive no ensino doméstico, aprendi as primeiras letras em casa com a Cartilha de João de Deus. Depois fui para uma professora, a Dona Ângela que me preparou para os exames da 3ª e 4ª classe. Tive a sorte de encontrar colegas que acabaram por fazer carreira. Naquela época as roupas eram lavadas nos tanques em várias quintas dos arredores da cidade. No verão ía para uma dessas quintas passar alguns dias, porque diziam que isso fazia muito bem ao crescimento

 

O primeiro amor…

Devia ter 16 anos. Foi bonito porque nos dá uma preparação para o que vem a seguir e que,  quantas vezes é mesmo definitivo. Foi um primeiro amor muito rápido.

 

E o primeiro emprego…

Na SAPEC, com 16 anos. Era aprendiz de serralheiro. Ganhava 17 escudos por semana. O ordenado deu para comprar uma bicicleta.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É um bom refúgio. É um depósito excessivo de documentos que gostava muito que tivessem aplicação. Parte do meu espólio está a ser entregue a várias entidades.

 

O que pensa do mundo?

Com os meus 75 anos penso que o mundo é bom mas algumas pessoas acabam por o estragar. O mundo é uma peça da natureza mas o Homem também o é, e nem sempre convive corretamente com essa natureza. Mas isso repete-se ao longo da própria história da Terra. Isto secalhar tem mesmo de ser assim.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Profissionalmente sinto-me muito realizado. Por todos os sitios que passei consegui fazer o que queria e com bons colegas e chefias. Como homem ainda não acabei o meu percurso. Espero conseguir mais algumas coisas. Estou num patamar em que a partilha e a generosidade pesam muito na nossa existência. Tenho tido enormes surpresas neste capitulo.

 

Como se resolve a crise?

Não se resolve. A crise é transversal aos tempos, às sociedades e aos governos e faz parte da maneira do Homem estar e viver em sociedade. A crise é permanente. Tem períodos mais ou menos críticos.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Desde que o primeiro ser evoluíu na Terra e a sua capacidade de raciocínio se sobrepôs à sua necessidade de sobrevivência (alimentação e reprodução), começou a procurar uma explicação para a sua existência. Assim encontrou os seus deuses que são a explicação para as suas dúvidas e angústias. Eu sou crente porque também ainda não resolvi os mistérios da existência.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Se calhar em Maio de 74, tinha atado várias cabeças, umas às outras até se darem bem...

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformado. Frequento a UNISETI e um grupo de amigos que à 4ª feira se reúne para “Conhecer Setúbal”, que é o nome deste grupo. Fazemos passeios pela cidade, visitamos exposições e conhecemos pessoas de Setúbal. Pertenço ainda à LASA e ao Centro de Estudos Bocageanos. No futuro pretendo manter estas atividades e participar noutras que promovam a cidade e as suas gentes. Descendo de uma família cuja a atividade associativa era muito ativa quer em associações recreativas como de beneficência.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Açores

 

Um livro

Sidarta (Hermann Hess)

 

Uma música

António Vitorino de Almeida

 

Um ídolo

São José

 

Um prato

Salmonetes grelhados com molho de fígados

 

Um conceito

Honestidade

publicado por Joaquim Gouveia às 09:09

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