“O trabalho de natureza social e humano é o que mais me preocupa”
O Eng. Francisco Carriço é o presidente da Associação do Comércio, Indústria, Serviços e Turismo dos distritos de Setúbal e Beja. Nasceu na província, numa aldeia próxima de Condeixa a Nova, mas passou a sua infância em Abrantes. Recorda-se do candeeiro a petróleo, dos burros que carregavam a água e de uma meninice onde não existiam computardores mas sim um telefone de manivela. Pugna pelo interesse dos associados das associações a que preside e diz que as micro e pequenas empresas são as que geram empregos estáveis. É crente em Deus e católico praticante e é da opinião que se devem confrontar responsabilidades a quem nos mergulhou na crise. Pretende continuar a servir o bem comum
Como foi a sua infância?
Foi uma infância ligada à província. Nasci no Rosmaninhal, em Condeixa a Nova, mas passei a infância em Abrantes. Fomos habituados a algumas regras. Não tínhamos computadores. Tínhamos o telefone 110 que se ligava à manivela para chamar a operadora. Na minha altura, anos 60/70 vivia-se na província como hà cerca de 100 anos atrás. No Rosmaninhal tínhamos candeeiros a petróleo e a água era carregada das fontes nos burros com os cântaros. Consegui acompanhar a evolução tecnológica dos ultimos 50 anos. Foi uma infância muito feliz, com muita brincadeira de rua partilhada com os amigos que sempre me habituei a respeitar.
O primeiro amor…
Aos 15 anos quando fui viver para o Fundão. Já jogava futebol na Desportiva do Fundão. Foi um amor de liceu com uma colega.
E o primeiro emprego…
Depois de fazer o curso de engenharia química, trabalhei na Franco Farmacêutica na Amadora. Tinha 21 anos. Não me recordo de quanto ganhava. Trabalhei no gabinente de engenharia e depois passei para o departamento de investigação. No entanto o primeiro emprego com contrato a sério foi na antiga fábrica Movauto, já em Setúbal, como chefe do departamento de pintura em 86.
Como é a sua casa? Como a define?
Moro na baixa da cidade num prédio antigo mas completamente remodelado. É uma casa agradável e sinto-me... em casa, porque estou no meio dos comerciantes.
O que pensa do mundo?
Está a passar-se um fenómeno da globalização em que meia dúzia de empresas multi nacionais e outra meia dúzia de países estão a dominar o mundo. Irá existir uma classe rica dominante e a classe média está a desaparecer que no fundo é aquela que mais falta faz à economia de qualquer país.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sinto-me. Fundamentalmente o trabalho de natureza social e humano é o que mais me preocupa. Fui desde muito cedo ensinado a colocar os meus conhecimentos em prol dos mais necessitados. E isso tem acontecido sobretudo no cargo que ocupo na defesa das micro e pequenas empresas que são as que geram empregos estáveis e quem ajuda ao bem estar da sociedade.
Como se resolve a crise?
Com patriotismo, ou seja, temos que defender o interesse da população portuguesa, confrontar responsabilidades a quem nos mergulhou na crise e sairmos da dependência dos grandes interesses financeiros e ecónomicos europeus.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Deus criou o Homem. Sou crente e praticante. A natureza é o expoente máximo da obra de Deus e o nosso egoísmo é que nos torna descrentes. O papel do Homem é o laço entre o passado e o futuro.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Penso que não. Tudo o que fiz foi de acordo com os meios e a época.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Sou presidente da Associação de Comércio, Indústria, Serviços e Turismo dos distritos de Setúbal e Beja e Diretor da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal. Pretendo continuar a servir o bem comum, nomeadamente, as micro e pequenas empresas de todos os setores de atividade e dar assim também o meu contributo à economia da região e do país.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Tailândia
Um livro
Os Lusíadas
Uma música
Wish you were here (Pink Floyd)
Um ídolo
Papa Francisco
Um prato
Leitão da bairrada
Um conceito
Penso cada vez mais servir os outros