Entrevistas de JoaQuim Gouveia

14
Fev 14

 

Com o apoio “HOTEL DO SADO”

 

"O FUTEBOL FOI O MEU PRIMEIRO AMOR”

 

Fernando Cruz é um antigo jogador de futebol do Vitória de Setúbal, do Sporting C.P. e da seleção nacional. È setubalense de origem e viveu a sua infância na Estrada dos Ciprestes. Frequentou a antiga primária do Bairro Salgado e cedo despertou para o futebol. Com 13 anos já ganhava o seu primeiro ordenado. Aliás, o futebol é mesmo o seu primeiro amor. Para si o mundo é uma caixinha de surpresas, uma obra prima criada por Deus. Pensa que a crise só se resolve incentivando o tecido empresarial e criando melhores condições de vida para todos. Gosta de Michael Bolton e a sua filha é o seu ídolo

 

Como foi a sua infância?

Sou natural de Setúbal. Vivi a minha infância e juventude na Estrada dos Ciprestes. Venho de uma família humilde. O meu pai imigrou cedo, mas tive uma infância feliz e ainda mais quando comecei a estar no desporto que me permitiu experiências únicas que de outro modo não teria sido possível. Andei na antiga escola do Bairro Salgado. Era um bom aluno.

 

O primeiro amor…

Foi no futebol. Acho que o futebol surgio primeiro na minha vida do que as raparigas. Comecei a jogar com 11 anos. Foi uma paixão à primeira vista.

 

E o primeiro emprego…

Como jogador profissional, aos 13 anos de idade. O meu primeiro ordenado foram 40 contos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa modesta, com uma vista fabulosa para a cidade e para o Sado e onde tenho um prazer enorme em estar e conviver. Foi decorada pela minha esposa, ao seu gosto. É o nosso quartel general onde estou com a família e os amigos.

 

O que pensa do mundo?

É uma caixinha de surpresas. Infelizmente, o ser humano a cada dia que passa tem o condão de o estragar. No entanto o mundo é maravilhoso, especialmente, por toda a riqueza que nele está contida e porque é onde nós vivemos.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

A realização plena nunca existe, em particular em quem é ambicioso como eu. Em termos profissionais penso que atingi um bom patamar. Como ser humano estou sempre à procura de mais porque a procura faz parte da minha natureza. Sinto-me satisfeito.

 

Como se resolve a crise?

Uma boa solução seria quem a criou inverter a situação que levou a esta crise, ou seja, essencialmente o sistema económico criou um facilitismo inícial e agora impôs demasiadas dificuldades não deixando evoluir a sociedade. O sistema político não tem facilitado em nada esta resolução com medidas de estrangulamento da sociedade em termos económicos. Para sair da crise temos que incentivar o tecido empresarial, não com impostos, mas de forma a criar mais empresas e melhores condições de vida.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Como católico e crente em Deus acho que foi Deus quem criou o Homem, embora, infelizmente, hajam muito pseudo-deuses criados pelo Homem, através das seitas religiosas e pelos piores motivos. Mas prevalece a obra prima criada por Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não costumo viver do passado porque o que está feito, feito está. Mas a experiência de vida diz-me que secalhar houveram coisas que poderiam ter sido feitas de outra forma.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Trabalho na área dos pavimentos desportivos através da minha empresa “Vigilqual”. Construímos campos de relva sintética e pistas de atlétismo. No futuro pretendo consolidar a empresa e eventualmente, explorar outros tipos de mercado mas também nesta área.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Bahamas

 

Um livro

O nome da Rosa (Umberto Eco)

 

Uma música

Love tenderness (Michael Bolton)

 

Um ídolo

A minha filha

 

Um prato

Arroz de cabidela

 

Um conceito

Amizade

publicado por Joaquim Gouveia às 11:58

13
Fev 14

 

Com o apoio “HOTEL DO SADO”

 

“APRENDI A LER COM A CARTILHA DE JOÃO DE DEUS”

 

António Quaresma Rosa é um cidadão de Setúbal, preocupado com a valorização e promoção da cidade. Tem colecionado espólio valioso que distribui por várias entidades. A sua infância foi vivida durante a 2ª guerra mundial e lembra-se bem das senhas de racionamento que levava para as bichas de abastecimento de bens essenciais. Aprendeu as primeiras letras com a Cartilha de João de Deus e, mais tarde, viu alguns dos seus colegas de escola fazerem carreira. Diz-se crente em Deus porque ainda não conseguiu resolver o mistério da existência. Faz parte de um grupo denominado “Conhecer Setúbal” e pertence à LASA e ao Centro de Estudos Bocageanos. S. José é o seu ídolo

 

Como foi a sua infância?

Nasci na rua Luís de Camões, em Setúbal. Foi uma boa infância, feliz, embora com as dificuldades da época. Lembro-me de ir com as senhas de racionamento para as bichas de abastecimento de bens essenciais. Era a altura da 2ª guerra mundial. Na minha rua só havia raparigas, eu era o único rapaz, e curiosamente elas faziam jogos de rapaz. Fui para a escola com 8 anos onde primeiro estive no ensino doméstico, aprendi as primeiras letras em casa com a Cartilha de João de Deus. Depois fui para uma professora, a Dona Ângela que me preparou para os exames da 3ª e 4ª classe. Tive a sorte de encontrar colegas que acabaram por fazer carreira. Naquela época as roupas eram lavadas nos tanques em várias quintas dos arredores da cidade. No verão ía para uma dessas quintas passar alguns dias, porque diziam que isso fazia muito bem ao crescimento

 

O primeiro amor…

Devia ter 16 anos. Foi bonito porque nos dá uma preparação para o que vem a seguir e que,  quantas vezes é mesmo definitivo. Foi um primeiro amor muito rápido.

 

E o primeiro emprego…

Na SAPEC, com 16 anos. Era aprendiz de serralheiro. Ganhava 17 escudos por semana. O ordenado deu para comprar uma bicicleta.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É um bom refúgio. É um depósito excessivo de documentos que gostava muito que tivessem aplicação. Parte do meu espólio está a ser entregue a várias entidades.

 

O que pensa do mundo?

Com os meus 75 anos penso que o mundo é bom mas algumas pessoas acabam por o estragar. O mundo é uma peça da natureza mas o Homem também o é, e nem sempre convive corretamente com essa natureza. Mas isso repete-se ao longo da própria história da Terra. Isto secalhar tem mesmo de ser assim.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Profissionalmente sinto-me muito realizado. Por todos os sitios que passei consegui fazer o que queria e com bons colegas e chefias. Como homem ainda não acabei o meu percurso. Espero conseguir mais algumas coisas. Estou num patamar em que a partilha e a generosidade pesam muito na nossa existência. Tenho tido enormes surpresas neste capitulo.

 

Como se resolve a crise?

Não se resolve. A crise é transversal aos tempos, às sociedades e aos governos e faz parte da maneira do Homem estar e viver em sociedade. A crise é permanente. Tem períodos mais ou menos críticos.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Desde que o primeiro ser evoluíu na Terra e a sua capacidade de raciocínio se sobrepôs à sua necessidade de sobrevivência (alimentação e reprodução), começou a procurar uma explicação para a sua existência. Assim encontrou os seus deuses que são a explicação para as suas dúvidas e angústias. Eu sou crente porque também ainda não resolvi os mistérios da existência.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Se calhar em Maio de 74, tinha atado várias cabeças, umas às outras até se darem bem...

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformado. Frequento a UNISETI e um grupo de amigos que à 4ª feira se reúne para “Conhecer Setúbal”, que é o nome deste grupo. Fazemos passeios pela cidade, visitamos exposições e conhecemos pessoas de Setúbal. Pertenço ainda à LASA e ao Centro de Estudos Bocageanos. No futuro pretendo manter estas atividades e participar noutras que promovam a cidade e as suas gentes. Descendo de uma família cuja a atividade associativa era muito ativa quer em associações recreativas como de beneficência.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Açores

 

Um livro

Sidarta (Hermann Hess)

 

Uma música

António Vitorino de Almeida

 

Um ídolo

São José

 

Um prato

Salmonetes grelhados com molho de fígados

 

Um conceito

Honestidade

publicado por Joaquim Gouveia às 09:09

12
Fev 14

 

“A EUROPA ESTÁ A PERDER O SEU EX-LIBRIS”

 

Maria do Carmo é uma das mais antigas militantes do PS de Setúbal. No entanto confessa ter sofrido dissabores com a política da qual nunca se serviu. Começou a trabalhar numa livraria e diz que é dos mais belos trabalhos que existe. Natural de Santana da Serra, em pleno Alentejo cedo rumou para Lisboa e finalmente, redicou-se na cidade do Sado. Acha que a Europa está a perder o seu ex-libris de educação, liberdade e atenção aos mais idosos. Sobre a crise portuguesa escreveu um poema, entretanto, premiado na casa do Professor. Sente-se uma mulher realizada com o trabalho. É crente num ser superior mas não é católica. Acredita que há muitos interesses dentro do Vaticano, embora considere que oPpapa Francisco, está a realizar um bom trabalho

 

Como foi a sua infância?

Nasci no Alentejo, na aldeia de Santana da Serra, concelho de Ourique, distrito de Beja. Estive lá até aos 7 anos e depois fui para Lisboa com a minha mãe, onde fiquei até casar aos 19 anos. Fiz a primeira classe ainda em Santana da Serra e as restantes fiz na escola da Calçada da Tapada. Fui sempre boa aluna. Era muito brincalhona. Obrigava os meus irmãos a comer papas para poder ficar com os bonecos que saíam na Farinha 33 e na Farinha Predilecta. Eu não as comia porque não gostava das papas. A minha mãe ralhava bastante comigo. Sempre fui uma rapariga com muitas amigas.

 

O primeiro amor…

Aos 14 anos namorei um rapaz só porque ele era giro e todas as raparigas tinham um namorado. Foi a primeira paixoneta. Era o Manel. Foi um deslumbramento.

 

E o primeiro emprego…

Com 14 anos fui trabalhar para uma livraria. Adorei. A profissão de livreiro é das mais belas que existe. Acho que ganhava 100 escudos. No entanto para ganhar mais algum dinheiro dava explicações a dois miúdos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu mundo. É uma casa muito grande. Faz parte de mim. Teria muito desgosto se um dia tivesse que a deixar. Foi decorada por mim. Acho que tenho jeito e gosto para a decoração.

 

O que pensa do mundo?

Penso que está muito mal. A manipulação das pessoas e a falta de respeito pelos mais carenciados, principalmente na Europa, que está a perder a sua coesão social que era, afinal, o seu principal ex-libris, a educação, a liberdade, a atenção aos mais idosos. Os governantes só pensam no lucro e não no bem estar das populações. Sobre Portugal escrevi um poema entitulado “O Mar” que foi premiado na Casa do Professor. É um poema que faz um apelo aos nossos feitos e aos Homens do antigamente.

  

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Profissionalmente sempre me senti realizada. Fiz o que gostei. Humanamente sinto-me desiludida até mesmo na política. Sou das militantes do PS mais antigas de Setúbal. Tenho tido alguns dissabores porque nunca me servi da política, mas, ao contrário servi-a. Sempre apoiei propostas de outros partidos que achei que eram boas para a nossa cidade.

 

Como se resolve a crise?

Só se resolve com o investimento público. Sem uma economia a crescer não há nada que a resolva. A dívida pública aumentou e vivemos pior. Logo não é assim que se resolve a crise.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Não sei. Tenho muitas dúvidas. Sou cristã mas não sou católica. Acredito que há um ser superior mas não acredito na Igreja. Acho que o Papa Francisco tem feito um bom trabalho mas há muitos interesses dentro do próprio Vaticano.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Talvez tivesse tirado um curso superior. Tirei vários cursos mas nunca me licenciei. Preferi a estabilidade e a atenção à família.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformada. Sou voluntária de honra da Liga dos Amigos do Hospital de S. Bernado e suplente na sua direção, presto serviço no Centro de Estudos Bocageanos e sou membro do centro de investigação Manuel Medeiros, na UNISETI. Sou ainda frequentadora desta universidade sénior. No futuro quero manter todas estas atividades e continuar a escrever e a editar os meus livros. Estou envolvida na criação da Casa da Poesia de Setúbal. Vou participando em várias antologias poéticas. O CEB editou recentemente o meu livro de poesia “O rio que eu canto” em homenagem ao Rio Sado.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Quénia

 

Um livro

As memórias de Adriano (Marguerite Iurcenar)

 

Uma música

Bolero (Ravel)

 

Um ídolo

Nelson Mandela

 

Um prato

Sardinhas assadas

 

Um conceito

A minha liberdade termina onde começa a dos outros.

publicado por Joaquim Gouveia às 10:52

11
Fev 14

 

 

Com o apoio: “HOTEL DO SADO”

 

“O MUNDO É UMA DESILUSÃO CIVILIZACIONAL”

 

Raul Tavares é diretor do semanário “Semmais” e jornalista desde sempre. Iniciou a sua carreira nos tempos da candidatura de Mário Soares, à presidência da República, no gabinete de imprensa do MASP. Nasceu em Sesimbra e teve uma infância feliz, protegida por uma família gigante com 9 irmãos. É originário de gente ligada ao mar. Foi ele quem levou a notícia da revolução de Abril, para casa. A sua primeira paixão foi com uma espanhola. Para si o mundo é uma desilusão civilizacional e a crise resolve-se quando a justiça dos valores for reposta. Acredita que há um poder divino pela crença e pela cultura da fé mas, para si não está provada nenhuma teoria sobre Deus e a criação do Homem. Ao 50 anos sente a cabeça a fervilhar de ideias. Pretende consolidar e ampliar a sua marca com novos projetos no futuro imediato.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Sesimbra. Sou originário de gente ligada ao mar. O meu avô foi o primeiro banheiro do distrito de Setúbal, no Portinho da Arrábida e foi capitão de salva-vidas conhecido pelo “lobo do mar”. O materno, era ‘fogueiro’, na marinha mercante. Foi uma infância feliz, muito protegida por uma família gigante com 9 irmãos. Tenho a genética da mãe, ligada à justiça e à sensibilidade social. E devo ter herdado do pai, que também fez jornalismo, o bichinho do associativismo. Fui um aluno razoável. Lembro os jogos de rua da época, com a praia e o mar sempre muito presentes. Aos dez anos já inventava escritos e jornais em sebentas. Fui eu que trouxe a notícia da Revolução de Abril para casa, e descobri a política cedo, porque tinha dois irmãos na vida militar, um em Moçambique e outro no Alfeite. A minha mãe foi apoiar os militares no Cristo-Rei durante dois dias seguidos.

 

O primeiro amor…

O primeiro amor surgiu com a Mila, minha mulher e mãe dos meus filhos.

 

E o primeiro emprego…

No primeiro MASP (candidatura de Mário Soares, à presidência da República) no gabinete de Imprensa liderado pelo Cáceres Monteiro e pelo Miguel Almeida Fernandes. Não me recordo quanto ganhava.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Espaçosa, confortável, com as condições mínimas para criar três filhos, que fazem parte do meu projecto de vida melhor sucedido. Foi adquirida com o esforço de uma vida profissional, é o ‘cantinho’ da reflexão e fica num sítio paradisíaco, na Quinta do Anjo, numa aldeia pela qual nos apaixonámos.

 

O que pensa do mundo?

Uma desilusão civilizacional, em que o primado da economia e do dinheiro se sobrepõem às leis da democracia e do estado de direito, o que implica, na actualidade, um sentido de luta ideológica pelos direitos sociais cada vez mais vincada. Não é aceitável que uma meia dúzia seja dominadora de das maiorias. E que estejamos a regressar a um empobrecimento quase vegetativo. A Europa, que era o farol do mundo democrático e social está a implodir.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Construí a minha carreira com uma dedicação extrema e fiz de cada oportunidade uma frente para desenvolver as minhas capacidades. Julgo ter sido um bom ‘aprendiz’ e conquistei a maior parte dos meus objetivos e sonhos, em especial o jornalismo, que defendo de forma irrepreensível.

 

Como se resolve a crise?

Quando a justiça dos valores for reposta, o sentido de missão pública voltar ao seu estado puro e quando se fizer regressar as pessoas ao centro da política. Esta crise é falaciosa e os portugueses demonstraram que são capazes de dar a volta por cima. O pior é a falta de rumo. Não era necessário tanto sofrimento. Isso parece já ser inquestionável.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou católico, apostólico romano, mas acredito igualmente na ciência. Não está provada nenhuma das teorias, nem a criacionista, nem a naturalista. Acredito que há um poder divino pela crença e pela cultura da fé, mas a ciência tem conquistado adeptos para a teoria do Big-Bang. Prefiro continuar a acreditar que as duas teorias podem ser coabitáveis na forma de ver e de habitar este espaço terreno. A fé religiosa é similar à experimentação científica.

 

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Tive duas ou três oportunidades para fazer coisas diferentes mas não me arrependo de ter seguido a minha impulsividade e convicções de forma coerente. Um caminho de dádivas e alguns obsctáculos. Essa é a força da vida e a sua provação. Acredito nisso.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Dirijo o jornal ‘Semmais’ e aos 50 anos tenho ainda a cabeça a fervilhar de ideias. Continuar a consolidar e ampliar a marca, com novos projectos, é a fase imediata. Quero também retomar e concluir alguns escritos (sou um fanática das palavras), abordando temas que me perseguem desde que me conheço.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Londres

 

Um livro

Amor e sombras (Isabel Allende)

 

Uma música

“Hotel Califórnia” (Eagles)

 

Um ídolo

A mãe

 

Um prato

Ovos escalfados com ervilhas

 

Um conceito

Fazer valer a liberdade e a justiça

 

publicado por Joaquim Gouveia às 13:56

10
Fev 14

 

Com o apoio “HOTEL DO SADO”

 

“O MUNDO É UMA BARCA ONDE NOS AVENTURAMOS”

 

Fernando Casaca é um homem de teatro. Desenvolve várias áreas técnicas na companhia do Teatro do Elefante. Diz-se filho do Bairro do Liceu, que calcorreou e brincou em criança levando as suas correrias à Várzea da cidade. No seu primeiro emprego ministrou a alfabetização. A sua casa é a sua segunda pele que partilha com família e amigos. Pensa que o mundo é uma barca onde nos aventuramos e que a crise se resolve com criatividade. Deus é apenas uma ideia criada pelo Homem, para explicar dúvidas e fenómenos naturais. É admirador de Che Guevara e adora cozido à portuguesa. Pequim é o seu destino de eleição

 

 

Como foi a sua infância?

Sou de Setúbal, filho do Bairro do Liceu, como costumo dizer. Nasci numa quinta na Urbisado. Foi uma infância comum a quem nasceu nos anos 60. Assisti á expansão da cidade a norte e à implantação de várias fábricas na zona da Mitrena. As férias eram passadas em Tróia. Andei à escola num colégio que existia junto ao Estádio do Bonfim.Era um bom aluno. Brincava a tudo o que era normal naquela altura. Tive, também, uma grande relação com a Várzea da cidade.

 

O primeiro amor…

Tinha 10 anos. Fui a um casamento e vestiram-me com um fato de abas de grilo. Ela parecia a noiva. Aliás, acho que era irmã da noiva. O meu coração bateu mais depressa. Coisas de criança.

 

E o primeiro emprego…

Na alfabetização. Fui professor de cursos de ensino básico para adultos. Tinha 18 anos. Não me recordo quanto ganhava nesse tempo.

 

Como é a sua casa? Como a define?

A minha segunda pele que eu gosto de partilhar com a família e os amigos.

 

O que pensa do mundo?

É uma barca onde nos aventuramos e onde podemos ir construíndo e descobrindo aquilo que realmente somos.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não. Ainda tenho muito para fazer, para construir, para aprender e, sobretudo, para contribuir. Gosto do que faço e isso é um privilégio.

 

Como se resolve a crise?

Com muita criatividade e com uma aposta muito grande no fator humano. A crise é natural no sistema capitalista. O que me preocupa são as medidas de austeridade porque essas são destrutivas. É a política da terra queimada, é a morte. Temos que investir em novos processos e numa nova mentalidade. Os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Estamos abaixo do limiar da pobreza. Pelo investimento na criatividade será possível encontrar soluções para a crise.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

É uma relação dialética, ou seja, o infinito, a natureza criou o Homem e as condições para que ele surgisse neste planeta. O ser humano em face das suas dúvidas e dos fenómenos naturais que acontecem á sua volta criou a ideia de Deus.

 

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não estou arrependido de nada do que fiz apesar de nalguns casos me ter sentido decepcionado. Não coloco essa questão a mim próprio. O passado não me pesa embora me socorra dele para avançar no presente.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou profissional de teatro como ator, encenador, dramaturgista e programador. No futuro quero aprofundar cada uma destas áreas com mais conhecimento, saber e mais recursos técnicos e materiais.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Pequim

 

Um livro

O velho e o mar (Ernest Hemingway)

 

Uma música

Balada das 7 saias (Trovante)

 

Um ídolo

Che Guevara

 

Um prato

Cozido á portuguesa

 

Um conceito

Liberdade

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 09:55

08
Fev 14

 

  

“ O HOMEM É DESTRUIDOR DA BELEZA DO MUNDO”

 

O Dr. Ilídio Ferreira nasceu em Aldeia Grande e as suas raízes rurais têm-no acompanhado ao longo da vida. Teve uma infância difícil mas mesmo assim feliz. Começou a trabalhar nas férias escolares nas vindimas e nas obras. Pensa que o Homem é mais destruidor da beleza do mundo do que usufruidor. Acredita em Deus, figura que ainda anda a tentar descobrir. Para si a crise mais grave é a de valores e sente-se numa fase da vida em que não estando realizado aceita com calma os sucessos e os erros. É membro da Assembleia Municipal de Setúbal, desde 1990

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Aldeia Grande, localidade a dois passos de Setúbal. Sou um homem com raízes rurais e isso tem-se manifestado ao longo da minha vida. Foi uma infância com dificuldades financeiras. O meu pai era operário e a minha mão não trabalhava. No entanto acabou por ser uma infância feliz, com liberdade e muitos amigos. Andei na escola primária de Aldeia Grande, com a professora Maria Helena. Fui um bom aluno.

 

O primeiro amor…

Por volta dos 16 anos na escola Comercial e Industrial. Foi um namoro mais platónico. Para ela não passei de um amigo...

 

E o primeiro emprego…

Nas vindimas perto de casa e nas obras, nas férias. Não me recordo de quanto ganhava mas sei que dava para pagar os cafézinhos durante todo o ano.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa prática. Tenho os meus espaços de lazer, o meu sofá para ler, o meu candeeiro, a minha cama para dormir... É uma casa confortável. Sinto-me bem em casa.

 

O que pensa do mundo?

Penso que existe uma dicotomia entre aquilo que é a beleza de que o Homem dispõe e o pouco que aproveita e o muito que destrói, ou seja, o Homem é mais destruidor do que usufruidor da beleza do mundo.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Cheguei à fase do cruzamento da vida que é uma altura em que o ser humano não se sente realizado e questiona sobre as opções tomadas mas consegue com maturidade encarar a vida com calma e aceitação dos sucessos e dos erros.

 

Como se resolve a crise?

Temos uma crise económica gerada propositadamente ao longo dos anos pelo poder financeiro mundial, mas que só foi possível porque nas últimas três ou quatro décadas se vem assistindo a uma grande crise de valores essenciais da vida. E esta crise é mais grave do que a primeira de que falei.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acredito que Deus, criou o Homem, embora ainda não saiba bem que Deus. Ainda ando á procurar de descobrir que Deus, a sua configuração.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Mudava mas não me pergunte o quê...

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou assessor da Administração da Sécil e continuo a ter a minha participação civíca enquanto membro da Assembleia Municipal de Setúbal, onde ocupo um lugar desde 1990. Portanto também sou autarca. Tenho trabalhado muito desde os meus 18 anos e os meus projetos para o futuro passam por conhecer, ler e caminhar.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Paris

 

Um livro

A mãe (Máximo Gorki)

 

Uma música

Tráz outro amigo também (José Afonso)

 

Um ídolo

 

 

Um prato

Cozido á portuguesa

 

Um conceito

Respeito por todos os seres

publicado por Joaquim Gouveia às 13:09

07
Fev 14

  

“TODA A GENTE GOSTA DE ANDAR NO MUNDO”

 

Bernardino Primo é um homem desde sempre ligado ao movimento associativo da região onde tem, ao serviço de vários clubes, desempenhado vários cargos. A sua infância foi passada no Pinhal Novo e, quando concluiu a 4ª classe recebeu um diploma assinado pelo Ministro da Educação, a confirmar que tinha sido o melhor aluno do distrito de Setúbal. Pensa que o mundo poderia ser melhor porque toda a gente gosta de cá andar. Não tem soluções para a crise e não consegue explicar se Deus criou o Homem, ou se foi o contrário. Não mudaria nada na sua vida porque não sabe se o resultado seria melhor. Adora sardinhas assadas e o sei ídolo é Nélson Mandela

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Palmela, onde morei apenas os primeiros 6 meses de vida. Depois os meus pais foram morar para o Pinhal Novo, porque o meu pai era ferroviário e foi para lá trabalhar.Tive uma infância feliz. Passava a vida a jogar à bola. Fui sempre um adepto do Vitória de Setúbal, porque tinha lá um primo a jogar futebol. Na escola fui um excelente aluno. Recebi um diploma assinado pelo Ministro da Educação, daquela altura a confirmar que fui o melhor aluno do distrito de Setúbal, quando tirei a 4ª classe. O grémio da Lavoura de Palmela, quando soube ofereceu-me outro diploma e um livro. Ainda tenho tudo guardado.

 

O primeiro amor…

Tinha 12 anos. Aconteceu durante o teatro de natal da escola. Eu fazia de lavrador e ela também entrava na peça. Era uma rapariga muito gira. Foi um namoro apenas de escola.

 

E o primeiro emprego…

Nas finanças de Palmela, aos 18 anos. Ganhava mil e quinhentos escudos. Já ganhava mais que o meu pai...

 

Como é a sua casa? Como a define?

Foi construída por mim, ao meu gosto. Agora que estou aposentado passo lá maior parte do meu tempo e é mesmo onde gosto de estar.

 

O que pensa do mundo?

Cada vez está pior. Não é este mundo que eu gostava que houvesse. É um mundo de guerras e em Portugal, há muitos roubos. Cada vez ganhamos menos. Toda a gente gosta de cá andar. É pena que as coisas não sejam melhores.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Ninguém se deve considerar realizado. Há sempre novas coisas para fazer e eu, se calhar, não tive tempo para fazer tudo aquilo que gostava. Joguei futebol federado em equipas do Pinhal Novo e fui júnior na CUF do barreiro. No andebol militei em Palmela e nos Sadinos. No campo profissional passei por diversas repartições das finanças no país e na Madeira. Apesar de tudo trabalhei bastante.

 

Como se resolve a crise?

Com tantos intelectuais e tanta gente formada em finanças penso que a crise já deveria ter acabado. Eu é que não tenho soluções...

 

 

 Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Ninguém sabe responder a essa pergunta. Sou católico não praticante. Acho que o mundo não apareceu por acaso. No entanto, nunca chegámos a uma conclusão. Não sei quem criou quem. Acredito em qualquer coisa, num ser superior.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não. Como não sei se seria melhor ou pior, o melhor é deixar mesmo as coisas assim como estão. O que está feito, está feito.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou aposentado das Finanças. Sou presidente do Conselho fiscal do Grupo Desportivo da Volta da Pedra e do Grupo dos Amigos do Concelho de Palmela. Pertenço, ainda, á Associação das Festas de Palmela (Festas das Vindimas). Pretendo ajudar no que puder os meus filhos e contribuir para o movimento associativo do concelho de Palmela.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Florença

 

Um livro

As vinhas da ira (John Steinbeck)

 

Uma música

beatles

 

Um ídolo

Nélson Mandela

 

Um prato

Sardinhas assadas

 

Um conceito

Honestidade

publicado por Joaquim Gouveia às 09:28

06
Fev 14

 

Com o apoio “HOTEL DO SADO”

 

“SOU UMA PESSOA CHEIA DE SORTE”

 

Paulo Sérgio é um conhecido jornalista que nos últimos anos tem abraçado a área desportiva tanto em televisão como na rádio. No presente trabalha na RTP e gostava de voltar a ter um experiência no estrangeiro como formador. A infância viveu-a  na casa dos avós e na taberna que estes tinham perto do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários. A sua mulher foi mesmo o seu primeiro amor e a sua casa é um refúgio com varanda sobre a baía do Sado. Conhece mais de 100 países e sabe que a pobreza no mundo ocidental é mais dura que no resto do mundo. Para si a crise resolve-se com mais produção e trabalho. Lamenta que os mais capazes estejam a sair do país. Acredita em algo que nos comanda mas não sabe o que é. Gostava de regressar a Hong Kong, não tem ídolos e não dispensa uma boa sardinhada

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci no hospital de S. Bernardo, e tive uma infância normal e feliz. O meu avô tinha uma taberna na rua António Maria Eusébio e eu, praticamente, cresci e brinquei ali, junto ao antigo quartel dos Bombeiros Voluntários. Andei muito de bicicleta, joguei ao pião e ao berlinde e outras brincadeiras. Frequentei a escola particular da D. Cremilde, no bairro Santos Nicolau. Aprendi as primeiras letras com a D. Irene e depois com a própria D. Cremilde. Fiz lá o exame da 4ª classe. Vivi a minha infância quase toda na casa dos meus avós.

 

O primeiro amor…

Não tenho memória. Penso que terá sido mesmo a minha mulher, embora até tivesse muitas namoradas enquanto fui jovem. Mas amor, o primeiro amor, foi realmente a minha mulher até porque ela foi a primeira namorada a entrar na minha casa.

 

E o primeiro emprego…

No restaurante 1ª de Janeiro, na Volta da Pedra, com 15 anos. Ajudava a servir os casamentos e ganhava 500 escudos por festa.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu refúgio, onde tenho os meus livros (sou um leitor compulsivo), onde tenho os meus papéis e fotografias e onde está a minha vida. É um apartamento acolhedor onde vivo com a minha mulher e o meu filho. Tem uma enorme varanda sobre a baía de Setúbal.

 

O que pensa do mundo?

Sou uma pessoa cheia de sorte porque conheço algum mundo através dos meus olhos nas viagens que faço. Já visitei mais de 100 países. Penso que o mundo é desequilibrado onde há ricos demasiadamente ricos e pobres demasiadamente pobres, ou seja, não há equílibrio e há países onde isso choca mais. Um pobre no mundo ocidental é mais pobre que no resto do mundo. É uma pobreza que impressiona mais. Noutros países a própria natureza reduz os efeitos da pobreza.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Ainda não me sinto totalmente realizado. Humanamente sentir-me-ei realizado quando o meu filho tiver as armas todas para seguir a sua viagem e realizar a sua vida sem dificuldades. Tento ser bom pai, bom marido e bom filho todos os dias. Profissionalmente quero ainda fazer muita coisa. Já fiz muito mas há ainda muito por realizar. Gostava de fazer a cobertura de uma campanha eleitoral.

  

Como se resolve a crise?

Se eu soubesse... A crise não tem solução. Vai-se resolvendo. É cíclica. O país tem que criar condições para ser diferente, produzir mais, e dar dignidade a quem trabalhar. Preocupa-me o facto das pessoas que foram afetadas pela crise já não conseguirem recuperar e isso torna o país mais pobre. Os mais capazes estão a sair do país.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acho que foi o Homem quem criou Deus. Não sou muito crente. Acredito que há alguém que manda em nós e nos condiciona. Mas o Homem necessita acreditar nalguma coisa. Há na verdade algo que nos criou mas ninguém ainda nos mostrou o que é. Por isso tem um nome diferente em cada religião.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Do ponto de vista profissional não. Perdi o meu pai recentemente e acho que não fui tão bom filho como ele merecia. Talvez mudasse isso.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou um dos responsáveis pela informação diária de desporto da R.T.P.. Estou com o projeto da seleção nacional de futebol até ao Campeonato do Mundo. Gostava de voltar a ter uma experiência no estrangeiro a dar formação tanto na televisão como na rádio.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Hong Kong

 

Um livro

A primeira aldeia global (Martin Page)

 

Uma música

All i need is a miracle (Michael and Mechanics)

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Sardinhas assada

 

Um conceito

Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje

publicado por Joaquim Gouveia às 09:57

05
Fev 14

 

Com o apoio “HOTEL DO SADO”

 

“A CRISE RESOLVE-SE COM MUITA CRIATIVIDADE"

 

Rita Sales é atriz e responsável pelo Teatro do Elefante. Não tem muitas memórias de infância. Recorda-se que andava com o pai que era comunista e vereador na Câmara de Setúbal. Não acredita em Deus, apenas nos homens e nas mulheres. O seu primeiro amor era um rapaz aloirado, de olhos claros que fazia lembrar uma estrela pop. O mundo é uma viagem onde se encontra a si própria. Nunca teve um plano de realização preferindo dizer que nunca soube o que queria ser quando fosse grande. A crise resolve-se entre pessoas e em pequenos grupos com muita criatividade. No futuro quer continuar a ser atriz porque o teatro é aquilo que a Rita é.

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Lisboa, mas vim muito cedo para Setúbal. Tenho poucas memórias da minha infância. Lembro-me de andar numa escola onde tínhamos teatro, música, dança e um jardim enorme. Más recordações são o cheiro da comida que levávamos nos cestos e as sestas que nos obrigavam a fazer e eu não gostava mesmo nada de dormir. Brincava nos quintais de Vanicelos, com o meu irmão e outros amigos. Andava muito com o meu pai que era vereador na Câmara Municipal de Setúbal. Nas férias ía para a zona de Sintra e frequentava as praias da região, como a Praia das Maçãs.

 

O primeiro amor…

Foi por um rapaz típico dos anos 80, parecia uma estrela pop com o cabelo aloirado e olhos claros. Vestia-se á moda sem, no entanto, ser “beto”. Eu tinha 12 anos. Não chegámos a namorar. Foi um amor quase platónico.

 

E o primeiro emprego…

No Teatro do Elefante, como atriz. Comecei por ganhar o salário mínimo da altura, cerca de trezentos e poucos euros.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Confortável, em processo e com um grande jardim. É a casa!

 

O que pensa do mundo?

É uma viagem. É um espaço que permite um tempo para viajar. Encontro diversidade, o outro e encontro-me a mim própria. É a oportunidade para descobrir algo sobre mim própria e para me construir. Poder ser ao mesmo tempo maravilhoso e assustador.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não. Nunca tive um plano de realização. Eu nunca soube o que queria ser quando fosse grande e estou sempre à espera desse dia para me sentir realizada.

 

Como se resolve a crise?

Resolve-se entre pessoas, em grupos pequenos e com muita criatividade que é o desenvolvimento de um pensamento divergente, procurar alternativas para a forma como as sociedade se organizam. Outra solução para a crise é viajar porque quando se viaja tem que se sair da sua posição de conforto, temos de nos adaptar, conhecer outros mas, também, dar-nos a conhecer.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Deus não existe. Fui educada por um comunista e acredito nos homens e nas mulheres. A religião é uma história muitas vezes muito bem escrita.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Mudava não sei bem o quê, mas estou segura que mudava. Sou uma pessoa que para a mesma situação encontra várias soluções, pelo que, se voltasse atrás teria soluções diferentes para cada caso.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Trabalho como atriz e sou responsável pelo Teatro do Elefante. No futuro vejo-me a fazer a mesma coisa. O teatro não é só o que eu faço é aquilo que eu sou.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Praga

 

Um livro

Sidarta (Herman Hess)

 

Uma música´

Matinal (Madre Deus)

 

Um ídolo

Elvis Presley

 

Um prato
Açorda alentejana

 

Um conceito

Geoestética

publicado por Joaquim Gouveia às 09:11

04
Fev 14

 

 

“ESTÁ NA MÃO DO HOMEM CONSTRUIR UMA SOCIEDADE MELHOR”

 

Américo Pereira esteve desde sempre ligado ao movimento cultural da região como diretor de teatro, encenador, ator, e cantor. Teve uma infância difícil oriundo de uma família muito humilde onde se contam seis irmãos. Começou por trabalhar no escritório de uma serralharia depois de concluído o curso comercial. A sua casa é um local construído para que ele e a sua famíla vivam em conforto e em tranquilidade e onde projeta maior parte da suas atividade intelectual. O mundo deveria ser um lugar onde o Homem seria feliz mas tem consciência que a ambição pelo Poder destrói esse sonho. Para si a crise resolve-se com medidas eficazes no controlo das grandes fortunas e dos investimentos duvidosos. Acredita num ser superior que criou o universo. No futuro irá realizar uma exposição individual de pintura

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Alcácer do Sal, mas vim para Setúbal, com apenas 6 meses de idade e, por isso, considero-me setubalense. Tive uma infância que poderia ter sido melhor se a sociedade em que vivi na altura não fosse tão fechada e não desse tão poucas possibilidades aos mais desprotegidos e pobres. Sou oriundo de uma família muito humilde. Éramos 6 irmãos. Na altura as brincadeiras eram muito inocentes. Andei na antiga escola do Sousa. Nunca fui um bom aluno mas tive uma professora, a Irene Ferreira, que me marcou muito pela forma positiva com que didaticamente lidava com os alunos.

 

O primeiro amor…

Aconteceu muito tarde e foi com a minha mulher. Eu era extremamente tímido e o meu relacionamento pecava por isso. Quando era mais novo limitava-me à troca de bilhetinhos e de olhares com as raparigas.

 

E o primeiro emprego…

Como empregado de escritório na serralharia Jordão, que ficava onde hoje está a loja de calçado “O Guimarães”. Já tinha o curso comercial. Ganhava 800 escudos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É um lugar onde me sinto bem, construído para mim e para a minha família passarmos os dias com conforto e tranquilidade. As nossas casas são sempre o nosso refúgio. É lá que desenvolvo toda a minha actividade intelectual.

 

O que pensa do mundo?

Poderia ser um lugar maravilhoso onde o Homem, se deveria sentir feliz. Mas a febre do Poder destrói tudo aquilo que deveria preservar como o meio ambiente e as ambições pessoais de cada um. Tenho uma ideia bastante negativa do mundo porque o Homem despreza determinados valores em função de outros mais negativos. No entanto, está na mão dos próprios Homens, construírem uma sociedade melhor começando logo pelas relações mais próximas com os amigos e familiares.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Acho que nenhum ser pensante se sente completamente realizado. Haverá áreas onde se sentirá mais satisfeito, outras que gostaria de atingir e, sobretudo, por se sentir que a vida é tão curta que não nos possibilita concretizar todos os objectivos que estão na sua mente.

 

Como se resolve a crise?

Existência de uma maior concertação dos países do Sul, de forma a fazer frente às exigências dos países, de grande poder económico, como a Alemanha e seus aliados do Norte. Aplicação de maiores taxas, nas transações bolsistas, por parte do sector bancário e também nas grandes fortunas existentes no país. Revisão e eventuais rescisões de algumas parcerias público-privadas, cuja utilidade é muito duvidosa. Existência de um Governo que privilegie políticas sociais que faça aumentar o consumo por parte da população, levando as empresas ao aumento de produção e ao consequente aumento de empregos. No entanto, tudo isto é muito condicionado pela políticas económicas globais, que dominam o Mundo.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Penso que existe um ser superior que determinou todo o universo no qual estamos inseridos. A esse ser poder-se- á dar os mais variados nomes conforme as diversas religiões. O maior mistério que o Homem tem enfrentado e que há-de permanecer é o entendimento da sua criação e do mistério de todo o universo.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Ao longo da vida existiram aspetos menos positivos que alguns não gostaria de ter vivido. Mudar erros realizados não sei se seria proveitoso na medida que com eles também aprendemos.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

A minha atividade ao longo da vida foi muito diversificada. Já em adulto e a trabalhar tirei o curso de sociologia e trabalhei como técnico no IEFP e, posteriormente, como professor nas áreas sociais. Estive à frente do Grupo de Teatro Presença, durante 15 anos, como encenador e ator. Fui animador cultural do Inatel, durante 20 anos. Dei aulas de teatro na secundária de Bocage. Atualmente dou aulas na Universidade Sénior de Setúbal nas áreas da história da pintura e pintura contemporânea. Com alguma frequência realizo sessões de poesia e canto. Muito proximamente irei realizar uma exposição individual de pintura.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Um país tropical

 

Um livro

Platero e eu (Juan Ramon Jimenez)

 

Uma música

José Afonso

 

Um ídolo

O meu filho

 

Um prato

Sardinhas assadas

 

Um conceito

Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti

publicado por Joaquim Gouveia às 10:29

Fevereiro 2014
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1

2
3
4
5
6
7
8

9

16

23
25
26


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

subscrever feeds
arquivos
mais sobre mim
pesquisar
 
blogs SAPO