Entrevistas de JoaQuim Gouveia

24
Mar 14

 

 

“A REALIZAÇÃO PLENA SÓ ACONTECE COM A MORTE”

 

Henrique João é o presidente da Associação de Comerciantes do Mercado do Livramento. Nasceu no bairro Santos Nicolau e teve uma infância difícil a partir dos 8 anos, altura em que a avó materna morreu. Teve a sorte de encontrar o professor Serpa, que p ajudou a moldar a personalidade que ainda hoje tem. Foi empregado de mesa, conheceu um amor platónico e pensa que a crise se resolve com perseverança e responasbilidade. Sobre a existência de Deus diz que acredita porque é católico mas não lhe custa admitir que foi o Homem, a criar essa figura divina. Gostava de visitar a Argentina e quer-se dedicar em exclusivo aos netos. Adora caldeirada à setubalense

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal, na terceira azinhada do Mal Talhado, no antigo bairro Carmona, ao pé do Independente. Foi uma infância feliz até à morte da minha avó materna. Depois a vida complicou-se devido a problemas familiares. Lembro-me que com 8 anos comecei a abandonar a escola mas acabei por voltar porque tive a sorte de encontrar um professor primário competentissimo, reto, um açoriano de gema que era o professor Serpa, dos Pinheirinhos.

Essa altura marcou-me bastante, decisivamente ajudou-me na minha personalidade.

 

O primeiro amor…

Foi um amor platónico. Tinha 14 anos mas por uma questão de respeito reservo-me a revelar a identidade da pessoa em questão.

 

E o primeiro emprego…

Fui empregado de mesa na Tasca 540. Não me recordo quanto ganhava, talvez 500 escudos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa familiar com respeito, com amor e compreensão. Sou casado há 31 anos, tenho uma filha e dois netos. A minha casa é o meu refúgio. É a casa com que sempre sonhei.

 

O que pensa do mundo?

O mundo está muito egoísta. As questões materiais sobrepôem-se aos valores, à cultura, a tudo. O que é material é essencial e eu não me identifico com isso. Não sou samaritano mas temos que saber respeitar os outros.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não. Posso-me sentir realizado nalgumas questões da vida mas acho que o Homem nunca se deve sentir totalmente realizado porque a realização plena só acontece com a morte. Até lá estamos sempre a descobrir coisas novas.

 

Como se resolve a crise?

Resolve-se com as pessoas e não contra as pessoas. Os políticos têm que transmitir ás pessoas que não é com um Estado Social pleno que se resolve a crise, mas também não será acabando com esse Estado totalmente, isto é, só com trabalho perseverança e responsabilidade se conseguem resultados. Mas os exemplos têm que vir de cima.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Como católico, apostólico romano diria que Deus criou o Homem. Mas não me custa rigorosamente nada admitir que foi o Homem, que criou a figura de Deus. Quando Abraão deixa o Ur, para procurar àgua o que terá acontecido? Encontrou-a porque a procurou ou porque houve mão divina? A resposta cabe a cada um perante as suas próprias convicções.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Claro que sim. O António Mourão tinha razão quando dizia “ó tempo volta para trás”. De todas as decisões que tomei não me arrependo de nenhuma pelo conhecimento que tinha na altura.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou comerciante de peixe no mercado do livramento e presidente da Associação de Comerciantes deste mercado. No futuro pretendo continuar a trabalhar e a pensar quase em exclusívo nos meus netos.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Argentina

 

Um livro

O sangue dos inocentes (Julia Navarro)

 

Uma música

Wish you were here (Pink Floyd)

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Caldeirada à Setubalense

 

Um conceito

Se queres ser respeitado dá-te ao respeito

publicado por Joaquim Gouveia às 09:18

22
Mar 14

 

COM O APOIO DO “HOTEL DO SADO”

 

 “O BIG BANG EXISTIU, ESTÁ PROVADO”

 

O arquiteto Frederico Nascimento tem muitas e boas recordações da sua infância, dos tempos em se jogava hóquei patins no alcatrão e na terra batida. O seu primeiro amor continua a ser a sua mulher com quem mantém um casamento duradouro. Diz que a sua casa é um espaço de amor e harmonia com boas energias. Para si o mundo está numa mudança muito significativa, no limiar de uma nova era. A crise resolve-se quando se gerir os recursos em função das pessoas e não dos números. Sente-se um ser cósmico e pensa que o Homem foi feito à imagem de Deus, como pensamento universal. All you need is love é a sua música de eleição

 

 

Como foi a sua infância?

Feliz. Nasci em Setúbal, no bairro Santos Nicolau. Tenho muitas e boas recordações da minha infância. Recordo que privilégio nós tínhamos de brincar na rua, jogar hóquei em patins no alcatrão e na terra batida nos tempos em que a nossa seleção era campeã mundial. Frequentei uma escola particular onde fui um aluno normal. Lembro que a D. Cremilde foi a minha professora da 1ª à 4ª classe. O curioso é que na mesma sala estavam alunos de todas as classes o que ajudava os mais novos a desenvolver as suas capacidades ouvindo falar de matérias de outros anos.

 

O primeiro amor…

Foi com a minha mulher, aos 13 anos. Foi um amor que cresceu com o tempo e tem sido duradouro.

 

E o primeiro emprego…

Como professor na Escola Industrial e Comercial de Setúbal, hoje Sebastião da Gama. Ganhava quatro mil escudos o que na altura era muito dinheiro. Mas desde muito novo que comecei a trabalhar ajudando os meus pais que tinham um negócio na área da pecuária. Aí começaram os meus hábitos de trabalho.

 

Como é a sua casa? Como a define?

È um espaço de amor e harmonia com boas energias. O terreno onde a casa está construída foi propriedade dos meus avós e dos avós da minha mulher.

 

O que pensa do mundo?

Sinto-me, acima de tudo, um ser cósmico, com todas as implicações que isso possa ter. Acho que todos os seres humanos têm algo em comum que é a sua ligação ao pensamento universal. Não somos só matéria. O planeta terra é o melhor local conhecido para o Homem viver. Só que o Homem não tem sabido cuidar desta sua casa comum. O mundo está numa mudança muito significativa, estamos no limiar de uma nova era que irá trazer uma consciência solidária e fraternal. Os poderes instituidos no mundo não têm ajudado ao crescimento e dignificação do próprio Homem e da humanidade. O mundo tem cada vez mais duas caraterísticas: é pequeno e redondo. Os seus maiores inimigos são o analfabetismo, a fome, a pobreza, as guerras, as doenças e outros flagelos.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim. Tenho a profissão de que gosto e que exerço com toda a alegria e com muito prazer. Sinto-me um privilegiado porque sempre fiz o que gostei. Quando se faz o que se gosta tudo sai de forma natural e fácil. Penso que, nalguns casos, já deixei para o futuro uma marca pessoal. Tenho tido, a nível pessoal, a felicidade de outras pessoas terem considerado que posso ser útil em vários setores da sociedade em geral.

 

Como se resolve a crise?

A crise, que não é só nossa resolve-se quando houver por parte dos decisores políticos a capacidade de gerir os recursos em função das pessoas e não em função dos números.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sinto que existe Deus, enquanto Pensamento Universal. Nós não somos só matéria. O Homem, enquanto Ser Pensante, foi feito à imagem de Deus. A este propósito Descartes dizia: “…penso, logo existo “ e para António Damásio, “…existo, logo penso”. Não vamos agora entrar nesta discussão filosófica, mas fica clara que o Pensamento é algo  que nos acompanha e nos distingue dos demais seres terrenos. O Homem, os outros animais e plantas são o resultado da evolução das espécies dentro de um contexto meramente material. O Big Bang existiu, está provado. O próprio universo está em expansão e as galáxias estão a afastar-se umas das outras. Nada nos diz que esta expansão não termine e não se inicie um movimento inverso de regressão, até um núcleo que dê origem a outro Big Bang. A pergunta que fica é: Como foi criado o primeiro núcleo de energia que deu origem ao universo conhecido ?

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudaria nada porque o Homem tem que aprender com os seus erros.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Continuo com a minha atividade profissional na área da arquitetura e afins e assim continuarei enquanto me sentir saudável do ponto de vista mental. Estou ligado a várias organizações da sociedade setubalense, ao movimento Rotary Internacional (onde desempenho funções a nível nacional). Por outro lado ainda sou presidente da Assembleia Geral do Vitória de Setúbal.Tenho projetos para o futuro quer na minha área profissional como nas entidades a que estou ligado. Ainda não estou nem me sinto reformado.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

O mundo

 

Um livro

Saber ver a arquitectura (Bruno Zevi)

 

Uma música

All you need is love (Beatles)

 

Um ídolo

Arquiteto Frank Lloyd Wrigth

 

Um prato

Caldeirada à Setubalense

 

Um conceito

Dar de si para além de si

-

 

publicado por Joaquim Gouveia às 12:53

20
Mar 14

  

“O HOMEM TEVE A NECESSIDADE DE CRIAR DEUS”

 

Madureira Lopes é um bibliófilo que pesquisa e investiga sobre a história de Setúbal, que reconta nos livros por si já publicados. Filho de pai pescador e mãe doméstica conheceu uma infância sem brinquedos. O seu primeiro emprego foi na Socel, como eletricista. Para si o mundo está rodeado de coisas belas mas também adulterado devido ao egoísmo e ganância humana. Para resolver qualquer crise é necessário, em primeira instância mudar as metalidades. È nisso que acredita. Por outro lado acha que o Homem, na sua ignorância teve necessidade de criar Deus. Quer continuar com a sua missão de enriquecer o património bibliográfico da cidade

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci nas Fontaínhas mas passei a infância no bairro Santos Nicolau. Foi uma infância igual a todos os da minha condicção isto que eu era filho de pescador e de mãe que era doméstica e que devido ás dificuldades nem brinquedos tínhamos. Tinha mais 2 irmãos. As nossas brincadeiras eram de rua com jogos de futebol intermináveis e outros jogos populares. Frequentei a escola primária nº19 do meu bairro e fui um aluno mediano.

 

O primeiro amor…

Foi com uma miúda com uns olhos lindos e como é natural foi tudo muito ingénuo. Tinha 15 anos.

 

E o primeiro emprego…

Foi na Socel. Era eletricista e não me recordo quanto ganhava.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É onde sinto tranquilidade e paz de espírito, rodeado pelo meu mundo ligado ao colecionismo.

 

O que pensa do mundo?

É um mundo rodeado de coisas belas mas adulterado na sua condição devido ao egoísmo e à ganância humana.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Acho que nunca nos podemos sentir realizados humanamente, devido ao nosso contínuo e obrigatório melhoramento como seres humanos e profissionalmente devido à contínua evolução tecnológica.

 

Como se resolve a crise?

Qual crise? A moral ou a económica? A crise económica não se resolve sem resolver primeiro a crise moral mudando as mentalidades.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

O Homem na sua ignorância para a compreensão de determinados fenómenos naturais teve a necessidade de uma justificação para tal fato. Daí o aparecimento de alguém sobrenatural a que se chama Deus e que mais tarde deu origem ás religiões.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Partindo do fato que é uma pergunta utópica haveria coisas que as teria feito de outra maneira e outras que nem as teria feito.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformado e dedico-me a pesquisar e investigar sobre a história de Setúbal, o que faço à dezenas de anos como hobby, continuando assim a enriquecê-la (modéstia à parte), através das publicações que tenho editado.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Tanzânia

 

Um livro

Escuta Zé Ninguém (Wilhelm Reich)

 

Uma música

Beatles

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Peixe

 

Um conceito

Sentir que não passámos por aqui em vão

publicado por Joaquim Gouveia às 02:44

05
Mar 14

 

 “TER SORTE DÁ MUITO TRABALHO”

 

O Dr. José Araújo tem à sua responsabilidade a tarefa de recolocar o jornal “O Setubalense”, na vida da cidade e da região, tarefa árdua mas que diz aceitar com responsabilidade- Teve uma infância dificil com a morte da mãe aos 6 anos e a do pai um pouco mais tarde. Aproveitou ao máximo os estudos e formou-se em áreas de que gosta particularmente. Pensa que o mundo podia ser mais solidário e que a crise se resolve controlando o sistema financeiro. É católico e praticante nos valores e não na organização. Diz que o Homem precisa de uma referência que é Deus. Não se arrepende de nada do que fez na vida e quer contribuir para o bem estar da cidade que aprendeu a gostar

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci no Lavradio, Barreiro e tive uma infância difícil porque a minha mãe faleceu quando eu tinha apenas 6 anos de idade e depois faleceu o meu pai quando eu já tinha 16 anos. Fui viver com os meus avós e depois vim para Setúbal, para casa dos meus tios. Foram experiências que me deram capacidade para lidar com a frustração e a perda. Apesar destes percalços acabei por teu uma infância feliz, com amigos, amado pela família e fazendo o que nos dá prazer. Investi na minha educação aproveitando ao máximo a escola.

 

O primeiro amor…

Foi uma amor de verão, no Algarve, com uma miuda muito gira. Mas não passou disso mesmo, um amor de verão.

 

E o primeiro emprego…

No jornal “O setubalense”, substituíndo, nas férias, a responsável administrativa para, depois, garantir as minhas próprias férias. Não me recordo quanto ganhava na altura.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa virada para a família, principalmente olhando para os meus 3 filhos.

 

O que pensa do mundo?

É um lugar bom para se viver mas podia ser mais solidário. O mundo dá-nos oportunidades mas nós devemos estar em condições para as poder aproveitar. E é a isso que eu chamo de sorte. Ter sorte dá muito trabalho.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim, posso considerar que do ponto de vista profissional atingi os patamares a que me propus. No entanto procuro sempre novos desafios. Pessoalmente, tenho 3 filhos de que muito me orgulho e que tenho acompanhado desde o seus primeiros segundos de vida e espero continuar a proporcionar –lhes os valores, os princípios e os meios para que possam ser pessoas corretas e de sucesso.

 

Como se resolve a crise?

Controlando o sistema financeiro. Evitando sobreendividamentos, taxas usurárias, apoiando iniciativas criadoras de valor e sucesso e educar para os valores e não para o mercado de trabalho.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Como sou católico praticante nos valores, não na organização, acredito que há uma força superior a nós. Não sei se é Deus. Até poderá ser a própria natureza. O Homem precisa de uma referência.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não me arrependo de nada do que fiz. Tudo foi feito na convicção de que seria o melhor dadas as circunstâncias de cada momento. Mas se pudesse voltar a trás faria outras coisas que não fiz.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

No presente tenho o grande desafio de recolocar o jornal “O Setubalense”, na vida da cidade e da região e contribuir para a melhoria das condições económicas e sociais de Setúbal. Sou ainda formador nas áreas da contabilidade, fiscalidade e gestão financeira. No futuro pretendo ser cada vez melhor naquilo a que me proponho sejam quais forem os desafios.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Trópicos

 

Um livro

Anjos e demónios (Dan Brown)

 

Uma música

U2

 

Um ídolo

A minha tia

 

Um prato

Francesinhas

 

Um conceito

Lealdade

publicado por Joaquim Gouveia às 09:33

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