Entrevistas de JoaQuim Gouveia

30
Jun 14

 

Com o apoio: HOTEL DO SADO

  

“SINTO-ME REALIZADO A CADA DIA”

 

David Moisés é músico desde muito jovem. Começou a tocar nos bailes com apenas 16 anos e, na altura, já praticava um cachet que rondava os 20 contos, hoje á volta dos cem euros. A música é a sua grande paixão. Recorda um piano de brincar que a avó lhe ofereceu e o seu primeiro amor que não foi correspondido. Toca na banda do Toy e tem, na sua casa, um estúdio de produção e gravação musical. O pai, já falecido é o seu ídolo de sempre e a mãe mora consigo numa casa que admite ser o seu refúgio. Gostava de viajar até ao Brasil e adora comer frango assado

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal, no bairro de S. Gabriel. Ali frequentei a escola primária, brinquei e fiz muitos amigos. Os meus pais mudaram muitas vezes de casa. O ciclo preparatório já o fiz em Palmela. Lembro-me das brincadeiras de rua. Fui um criança feliz. Comecei a aprender orgão eletrónico com 6 anos, com o professor Miranda. A minha avó comprou-me um piano de brincar em Badajoz, quando eu tinha 4 anos.

 

O primeiro amor…

Foi no ciclo. Tinha 12 anos. Não foi um amor correspondido, ela não me ligava muito. Eu é que estava apaixonado por ela.

 

E o primeiro emprego…

Comecei a fazer espetáculos com 12 anos. Um ano depois já fazia bailes e ganhava cachet, talvez à volta dos 20 contos por baile.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É acolhedora, tem um espaço para eu trabalhar, um estúdio na cave. A minha mãe mora comigo. É o meu refúgio.

 

O que pensa do mundo?

As pessoas têm muita falta de compreensão, ajudam-se pouco uns aos outros. O mundo é cada vez mais egoísta. As pessoas olham demasiado para o seu umbigo. Ás vezes ajudamos mais depressa um amigo que um familiar. A família já não tem um papel muito importante na sociedade.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Luto para isso dia após dia. Profissionalmente sinto-me realizado a cada dia. A nível pessoal sinto que ainda não estou realizado.

 

 

Como se resolve a crise?

Acho que não há falta de dinheiro mas sim que está mal distribuído. Há muito dinheiro nas mãos de algumas pessoas. Mas também há muitos carenciados e só com uma distribuição da riqueza se resolve a crise.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acho que foi o Homem quem criou Deus. As pessoas necessitam de acreditar em algo e então criaram uma figura a quem chamam Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Secalhar algumas coisas que já me aconteceram, nomeadamente acidentes de viação. A partir de determinada altura moderei a minha condução.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou músico, teclista, segunda voz e back vocal do Toy hà 10 anos e tenho um estúdio de gravação onde produzo e gravo vários trabalhos de música e de artistas. No futuro pretendo continuar nesta minha grande paixão que é a música.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Brasil

 

Um livro

Livros sobre música

 

Uma música

Rio Azul (Mário Regalado/ Lareano Rocha)

 

Um ídolo

O meu pai

 

Um prato

Frango assado

 

Um conceito

Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje

publicado por Joaquim Gouveia às 09:36

20
Jun 14

 

“O ASSOCIATIVISMO É A MINHA PAIXÃO”

 

João Camolas dedicou toda a sua vida ao associativismo do concelho de Palmela, onde nasceu e de onde guarda gratas recordações. Vendeu jornais pelas ruas da vila e chegou a fazer partes dos corpos redatoriais de algumas publicações. A sua esposa foi o seu primeiro e único amor e os seus netos são a luz maior dos seus olhos. Sente que fez algo de importante pelos seus semelhantes pelo que se sente bem consigo próprio. Para si o mundo é belo mas a ambição desmedida do Homem torna-o bastante desigual. A crise resolve-se com bons políticos e boas políticas e  como é agnóstico respeita o Criador. Não dispensa uma boa caldeirada á setubalense e, ainda, adora ouvir os Beatlles.

 

Como foi a sua infância?

Nasci há 78 anos, na serrana e linda Vila da Palmela, contraforte da esplendorosa Serra da Arrábida. Oriundo de uma família humilde, o meu pai era ferrador e a minha mãe doméstica. Criado com mais três irmãos duas raparigas e um rapaz, que apesar das dificuldades inerentes à época tivemos uma infância feliz. Fiz a escolaridade obrigatória na época que era a 4.ª classe, com relativa facilidade. Quis ir estudar para Setúbal, onde ainda me matriculei, mas o orçamento familiar não podia suportar tal despesa e assim se gorou o meu primeiro sonho.

 

O primeiro amor...

O meu primeiro e único amor foi com quem vou festejar dentro de dias os meus 53 anos de casamento, é a minha mulher Maria Aurélia, que me atura hà perto de 60 anos, mãe dos meus dois filhos e avó dos meus 4 netos.

 

E o primeiro emprego...

O meu primeiro emprego, foi a vender jornais pelas ruas de Palmela, com uma sacola ao ombro. Tinha 11 anos e ganhava noventa escudos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma boa casa bastante grande e arejada, na melhor zona de Palmela. Com uma vista maravilhosa sobre Lisboa. Nela tenho tudo o que preciso para ser feliz. Pena ser um 3.º andar sem elevador, a idade não perdoa. Vivo rodeado de recordações dos meus antepassados, vejo-os todos os dias pelos retratos que tenho espalhados pela casa, juntamente com filhos, noras e netos, pois gosto de ter a família junto de mim.

 

O que pensa do Mundo?

O Mundo é belo. A ambição desmedida e hipócrita do homem é que faz dele tão desigual, onde a riqueza e a miséria continuam a imperar sobre os povos. A evolução tecnológica e a todos outros níveis, nos últimos cinquenta anos foi fantástica, prenúncio de que a capacidade do homem é impressionante na sua evolução. Queremos acreditar que num futuro próximo possa levar a sua inteligência para a vertente mais humana da solidariedade e da partilha. Vamos continuar com essa esperança e a fazer a nossa parte para que tal aconteça.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto que fiz alguma coisa na vida pelos meus semelhantes, daí estar de bem comigo em relação aos meus deveres cívicos. Continuo, porém, teimosamente, a querer acreditar no ser humano, embora muitas vezes me sinta bastante desiludido.

Profissionalmente sempre procurei cumprir os meus deveres e penso que consegui, pois sempre me empenhei por dar o melhor de mim no que fazia.

 

 

Como se resolve a crise?

Portugal, sempre foi um País pobre e em crise. Portanto desde que me conheço que a crise me acompanha. Tenho toda a vida procurado resolver a minha crise, e tenho dentro do possível resolvido as que se me apresentam. A crise generalizada de cada um, cabe aos mesmos resolvê-la, penso eu. Já a crise do nosso País é mais complexa, e dado o atraso com que a herdamos nas últimas décadas, é difícil prever o fim da crise. Para isso, bons políticos e boas políticas, precisam-se.

 

Deus criou o homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Há algo que deve dominar o Universo, para que o Homem se respeite. Se é Deus, que domina todas as religiões e todos o respeitam, eu como agnóstico que nunca me debrucei sobre o assunto, e como homem atento ao que se passa ao meu redor, respeito o Criador.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Num exercício de memória do passado ao presente, talvez algumas  decisões que tomei. Hoje não as tomaria, mas na altura achei por bem tomá-las. O associativismo sempre foi e é a minha paixão, mas essa dedicação prejudica e que de maneira a vida familiar, se não for conduzida de forma equilibrada. Nesse sentido tive a sorte e agradeço à minha mulher ter feito também o meu papel em muitas ocasiões que faltei na educação dos meus filhos. Sinto que nas minhas obrigações de pai muitas vezes faltei ao meu dever, pelo empenho que dedicava ao associativismo. Hoje procuro compensar, na minha condição de avô, acompanhando todos os passos dos meus quatro netos, que já me dão grandes alegrias como bons estudantes e excelentes músicos.

 

O que faz no presente e que projectos tem para o futuro?

Continuo ligado ao associativismo, mas só como elemento dos corpos sociais, com poucas funções.

Apesar da minha provecta idade, não deixo de acompanhar presencialmente a maioria dos muitos eventos e de opinar sobre todos os assuntos inerentes às coisas da minha terra.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Paris

 

Um livro

Guerra e Paz (Leon Tolstoi)

 

Uma música

BEATLES

 

Um ídolo

O meu saudoso pai

 

Um prato

Caldeirada à Setubalense

 

Um conceito

O primeiro passo para o bem é não fazer o mal

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 13:02

18
Jun 14

 

Com o apoio: “HOTEL DO SADO”

 

“DEVERIA TER FICADO NO LUXEMBURGO”

 

Acácio Guerriro é o presidente do Rancho Folclórico das Praias do Sado. Nasceu em Alcácer do Sal, mas veio para Setúbal, com poucos meses de vida. A sua mulher foi mesmo o seu primeiro e único amor. Foi sapateiro, castigo, como diz, imposto por não querer andar na escola. Fala da sua casa para dizer que é confortável e humilde. Do mundo tem uma visão algo preocupada entendendo que teremos que esperar pelo menos mais 50 anos para que as coisas tomem um novo e mais justo e equilibrado rumo. Está arrependido de ter regressado a Portugal, depois de ter imigrado para o Luxemburgo , onde estava muito bem. É ilusionista nos tempos livres e gostava de construir um Centro de Dia em Praias do Sado, para os mais idosos

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Alcácer do Sal mas vim para Setúbal, com poucos meses de vida porque o meu pai trabalhava no talho do Noé, na Rua Antão Girão, onde morávamos. Tenho duas irmãs. Sempre fui muito ligado ao teatro e na minha infância representei e ainda andei, também, ligado aos grupos folclóricos. Tinha muitos amigos com quem brincava bastante. Na escola não fui um bom aluno. Eu era um grande “bandido”, só queria andar aos pássaros e ao banho no rio, quando voltámos a Alcácer.

 

O primeiro amor…

Penso que foi a minha mulher. Tinha 17 anos. Foi um amor à primeira vista num baile em Alcácer do Sal. Depois começámos a namorar e casámos.

 

E o primeiro emprego…

Fui sapateiro. Chorava todo o dia. Era castigo por não querer andar na escola. Ganhava uns trocos para ir ao cinema.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa humilde, sem luxos mas com conforto. É o meu refúgio, uma casa de família onde guardo as minhas relíquias. É confortável.

 

O que pensa do mundo?

Penso que cada vez isto está pior porque os Homens não se entendem. Cada vez há mais desigualdades e injustiças. Vejo o mundo um bocado complicado. Vamos ter que esperar pelo menos mais 50 anos para que o mundo possa mudar para melhor.

 

Sente-se realizadoa humana e profissionalmente?

Sim, graças a Deus. Com o associativismo, com a família e os amigos que é a base fundamental da vida. Gostaria de ter feito muito mais mas o que fiz já me permite sentir de alguma forma um homem realizado.

 

 

Como se resolve a crise?

Com trabalho e com empenho. Não é com o aumento de impostos que a crise se resolve. O desenvolvimento de um país passa pela sua produtividade.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Penso que Deus criou o Homem para que este fizesse tudo quanto é bom, só que o Homem ainda não o sabe fazer.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Talvez tivesse ficado no Luxemburgo. Acho que regressar a Portugal foi a maior asneira que fiz. Regressei pelo contentamento com o 25 de Abril, mas foi um engano. Eu estava lá muito bem. Também as saudades fizeram-me regressar. Hoje poderia estar melhor. Estou arrependido.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformado. Sou presidente do Rancho Folclórico das Praias do Sado. Nos meus tempos livres sou ilusionista e tento contribuir social e culturalmente para a nossa cidade. Gostaria de construir um Centro de Dia para os idosos das Praias do Sado.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Portugal

 

Um livro

Amor de Perdição (Camilo Castelo Branco)

 

Uma música

Mocidade, mocidade (António Calvário)

 

Um ídolo

Os meus netos

 

Um prato

Caldeirada à setubalense

 

Um conceito

Dignidade e respeito pelos outros e pela vida

publicado por Joaquim Gouveia às 09:54

17
Jun 14

 

COM O APOIO DO "HOTEL DO SADO"

 

“NÓS NÃO RESPEITAMOS A PALAVRA DE DEUS”

 

A dra. Helena Ferreira é proprietária do Hotel do Sado, onde faz de cada dia um compromisso para com os que lhe estão mais perto. Teve uma infância feliz e divertida com um relacionamento muito próximo do mar e da serra. Define-se como uma pessoa otimista por natureza. Para si o mais importante é o ser em detrimento do parecer. A crise, no seu entendimento resolve-se quando cada um desempenhar as suas funções com dedicação e brio e acredita que é importante que o Homem crie Deus, a cada dia para ser positivo no mundo. Adora os filhos e sente-se uma pessoa aberta a experimentar as oportunidades que lhe surjam caso nelas acredite.

 

Como foi a sua infância?

Nasci no hospital de Setúbal. Tenho recordações muito ligadas ao mar, aos barcos, aos passeios e à aventura. O meu pai sempre esteve ligado ao desporto. Tinhamos uma vida muito rica em atividades lúdicas muito relacionadas com o mar, a praia, a serra e a região. Na escola fui sempre determinada e boa aluna. Desde criança que faço tudo com muita paixão e envolvência.

 

O primeiro amor…

Com 12 anos tive o primeiro amor, ajudado pela minha irmã mais velha, porque era o irmão da melhor amiga dela e irmão do meu actual cunhado,. Acabámos por ser família, mas por outra via.

 

E o primeiro emprego…

Na Arthur Andersen (agora Delloite),como auditora/consultora, tinha 21 anos. Acho que na altura ganhava 48 contos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

A minha casa é a minha cara. São espaços abertos, arejados e amplos com muita luz. Não gosto de espaços atravancados. Gosto de respirar a boa energia. Desde criança que a luz e o ambiente da Arrábida me alimentam a alma e me trazem a energia de que preciso diariamente.

 

O que pensa do mundo?

Sou uma otimista. Não sou idealista. Sou muito assertiva no que faço. Apesar de todas as alterações que o mundo atravessa, nomeadamente, ao nível dos valores da família, que hoje em dia está fisicamente muito dispersa, acho que podemos tirar partido para nos virarmos mais para o ser em detrimento do parecer. Se formos inteligentes a alteração desses valores beneficiar-nos-á imenso.

 

Sente-se realizadoa humana e profissionalmente?

Gostava de conseguir fazer mais do que tenho feito, mas não é tarde. No campo profissional estou realizada e com orgulho de ter deixado saudades e boa imagem em todos os sítios por onde passei. Gostava de ter mais tempo para a minha família, mas sou uma privilegiada pelos dois filhos fantásticos que tenho que são o melhor que há no mundo e que me ensinam todos os dias mais sobre a vida.

 

 

Como se resolve a crise?

Se toda a gente pensasse em fazer as suas funções o melhor que pode e sabe, com dedicação, tinhamos uma parte significativa dos problemas resolvida. A globalização, a automação e o envelhecimento da população dificultam a resolução da crise.Por outro lado, as grandes empresas podem e deveriam contribuir para o desenvolvimento da economia, se adoptassem uma postura correta com as pequenas e médias empresas. É uma vergonha que procurem (e consigam) a maximização dos seus resultados através das fragilidades e prejuízo das PME – Os negócios têm que ser bons para ambas as partes, e um empresário deve ter sempre isso em consideração.

Tem que existir um compromisso e brio da parte de cada um de nós.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acho que são as duas coisas. Sou católica apesar de não me identificar com todos os dogmas da religião. É importante que o Homem crie Deus, em cada dia para ser positivo no mundo em que vivemos. Nós não respeitamos a palavra de Deus, nomeadamente, a honestidade.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Mudaria algumas coisas, porque estamos sempre a aprender. A vida ensina-nos muita coisa. Se eu não mudasse nada na minha seria porque não tinha aprendido. Há coisas que sódescobrimos vivenciando e temos que arriscar para evoluir. O que mais nos magoa torna-nos mais fortes.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou proprietária do Hotel do Sado, onde cada dia de trabalho é um compromisso com cada um dos meus colaboradores, parceiros e família e é por cada um deles que me empenho com total determinação no meu trabalho. Os projetos para o futuro dependem das oportunidades que surjam. Sou uma pessoa aberta a qualquer desafio que acredite para abraçar com a dedicação e o empenho em que sinta que é uma mais-valia. Não tenho linha definida, mas é isso que me dá gozo.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

África

 

Um livro

Os Contos de Nárnia (Clive Stapleton Lewis)

 

Uma música

Wonderful World (Israel Kamakawino)

 

Um ídolo

Os meus pais

 

Um prato

Não tenho prato de eleição mas gosto de comer

 

Um conceito

Dar no dia-a-dia o melhor que temos para dar porque estamos a construir o nosso amanhã e o amanhã do resto do mundo

publicado por Joaquim Gouveia às 11:16

16
Jun 14

 

“OS GOVERNANTES TÊM MEDO DA CULTURA”

 

Céu Campos é diretora e atriz no Grupo de teatro e Animação Espelho Mágico. Pessoa de bem consigo e com a vida nasceu em Lourenço Marques mas, chegada ao nosso país viveu em várias localidades por força da atividade profissional do pai. A mãe era professora e isso determinou que cedo aprendesse os mistérios do alfabeto. Ricardo Cardoso, o marido foi o seu primeiro amor. Acredita que cabe a cada um de nós dar um pouco de si para que o mundo seja melhor e que a só pela cultura poderemos ultrapassar a crise. É crente em Deus, como entidade superior num universo onde as religiões se cruzam

 

Como foi a sua infância?

Não tenho grandes recordações mas as que tenho são boas. Somos 4 irmãos. O meu pai era empregado bancário e por isso eramos um pouco saltimbancos e vivemos em várias terras. Nasci em Lourenço Marques. Recordo-me das brincadeiras e da escola. A minha mãe era professora. Aprendi a ler com 4 anos e por isso não frequentei a 1ª classe, passei logo para a 2ª.

 

O primeiro amor…

Foi o Ricardo Cardoso. Tinha 18 anos. Fui a Lisboa visitar uma prima minha e conheci-o. Acho que foi amor à primeira vista...

 

E o primeiro emprego…

Numa empresa de publicidade onde um dos sócios era o José Carlos Ary dos Santos. Fazia trabalho administrativo. Não me lembro qual era o ordenado. Tinha 18 ou 19 anos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Tem muita arte quer nas paredes, como nos móveis. Tenho muitas memórias e objetos que nos fazem lembrar pessoas queridas. Tem animais e tem harmonia e muitos afetos.

 

O que pensa do mundo?

O mundo tem muitas coisas más mas cabe-nos a nós transformar cada um dos nossos mundos num lugar melhor. Essa responsabilidade não cabe só ao outro, também depende de nós. É o que tento fazer com o teatro. O mundo pode ser mais agradável consoante o que façamos por ele como a solidariedade, amizade, justiça e partilha.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim. Faço o que gosto. O teatro é o pilar maior das minhas atividades e a realização tanto humana como profissional é plena.

 

 

Como se resolve a crise?

Se soubesse resolvia. Temos que investir na cultura para que existam razões para lutar. Só um povo culto é capaz de decidir e escolher. Por isso os governantes têm medo da cultura.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Deus criou o Homem. Acredito numa entidade superior a tudo isto e que será a grande força do universo. É o Deus de que todas as religiões falam.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Normalmente, não me arrependo do que faço. Tudo tem uma razão de ser. Podemos aperfeiçoar ou corrigir algumas situações. Não mudaria nada embora no futuro possa as coisas fazer de outra maneira.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou diretora e atriz no “ Grupo de Acção Teatral Espelho Mágico”, locutora e produtora do programa infantil “Espelho Mágico”, na PopularFm e faço parte da equipa de produção do programa “Arestas de Vento” de Ricardo Cardoso, também na PopularFm. No futuro pretendo manter estes projetos e dinamizar outros que porventura surjam.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Cabo Verde

 

Um livro

O Príncipezinho (Antoine de Saint-Exuperie)

 

Uma música

Número 2 sexto andar frente (Fernando Tordo)

 

Um ídolo

Antoine de Saint-Exupérie

 

Um prato

Bacalhau

 

Um conceito

O essencial é invísivel ao olhar, só se vê com o coração

publicado por Joaquim Gouveia às 12:17

13
Jun 14

 

“O MUNDO ESTÁ MUITO ESQUISITO”

 

Simões Silva retrata e filma todos os eventos e a monumentalidade arquitetónica, paisagística e humana de Setúbal. Alentejano de Santiago do Escoural está, desde muito jovem radicado na nossa cidade. Foi eletricista durante muitos anos e o seu brio profissional deixou gratas recordações e bons amigos por onde passou. A sua mulher foi o seu primeiro amor e os filhos que o estimam e os netos que ajuda a criar são a sua realização plena. Não gosta de política mas aponta o dedos aos políticos que têm contribuído para o estado de crise em que vivemos. Pensa que cada Homem tem um Deus à sua maneira. No essencial nada mudaria na sua vida.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Santiago do Escoural, no concelho de Montemor-o-Novo, em 1945. Foi uma infância feliz dentro das limitações da época. No fundo a guerra tinha acabado há muito pouco tempo. O meu pai esforçava-se bastante para não nos faltar nada, era um homem de grande fibra. As brincadeiras eram poucas. Tinha uma pequena camioneta de madeira, uns berlindes e um arco com a gancheta. Fiz a 4ª classe e depois a admissão para o ensino secundário na escola de Évora. Com 11 anos vim para Setúbal.

 

O primeiro amor…

Foi a minha mulher. Tinha 19 anos. Senti o coração bater um pouco mais depressa. Foi um amor para toda a vida.

 

E o primeiro emprego…

Nos antigos Estaleiros Navais do Sado, que pertenciam à empresa Eugénio & Severino. Era eletricista. Penso o meu primeiro ordenado foi de 500 escudos ao fim de mês e meio de trabalho.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa organizada. Não há desperdícios. Não é luxuosa mas dá-nos a comodidade para vivermos com dignidade. É uma casa de família.

 

O que pensa do mundo?

O mundo está complicado. Todos os dias assistimos a coisas que não entendemos como as guerras, as injustiças, os pactos religiosos, a pedofilia, enfim, o mundo está mesmo muito esquisito. Não me meto em políticas mas, os políticos contribuem para tudo isto.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Profissionalmente sim. Humanamente ainda tenho muito a fazer. Sempre respeitei os meus colegas e toda a gente

 

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Como se resolve a crise?

É difícil e não tenho resposta porque não estou virado para a política. Há tantas dúvidas... Só se pode resolver com mais seriedade e honestidade por parte dos homens.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

É um grande mistério. Sou católico à minha maneira, mas não sou praticante. Sei estar numa igreja com respeito e dignidade. Ainda não cheguei a nenhuma conclusão. No fundo, o mundo já existe há tantos milhões de anos.., Penso que cada um tem Deus, à sua maneira.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Em princípio não. Tenho um casamento de 48 anos, 2 filhos que me estimam e 2 netos que adoro. Fui um profissional eletricista dedicado. Pelas empresas por onde passei e até no serviço militar deixei muitos amigos. Penso que não há nada de significativo a mudar.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Colaboro na educação dos meus netos. Sou fotógrafo por hóbbie e amante de Setúbal. Tudo o que faço em termos de fotos e vídeos é por paixão. Tenho quase 500 vídeos sobre Setúbal publicados no Youtube. Estou com 69 anos e quero manter-me com este entusiasmo e com esta alegria para partilhar.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Praga

 

Um livro

Segredos da Arrábida (Rui Canas Gaspar)

 

Uma música

S. Francisco (Bronislaw Kaper/ Walter Jurmann/ Gus Kahn)

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Caldeirada à setubalense

 

Um conceito

Honestidade

publicado por Joaquim Gouveia às 09:39

12
Jun 14

 

“ESTAMOS SEMPRE A TEMPO DE MUDAR”

 

Margarida Piedade é uma jovem com um talento natural para subir ao palco e cantar o fado, ou desfilar cantando nas marchas populares ou, ainda, dar de si numa boa revista à portuguesa. Nasceu no seio de uma família bem conhecida em Setúbal, a família que comercializa a famosa e saborosa “Bolacha Piedade”. Trabalha no Hospital de Santiago, onde é técnica administrativa. Tem inúmeras recordações da sua meninice passada entre brincadeiras e a escola lá para os lados do bairro de Tróino. Pensa que o Homem desvaloriza um mundo que é belo e sabe que ainda tem muito para aprender e para dar nesta vida.

 

Como foi a sua infância?

Foi muito feliz e tranquila. Sou uma setubalense de gema, fui criada no bairro de Tróino, pelos meus avós e pela minha tia que cuidavam de mim porque os meus pais trabalhavam. Ainda hoje é o local onde melhor me sinto e admito ser muito bairrista, aquelas ruas e gentes têm magia...  Andei na escola primária do Viso e ainda hoje recordo a minha professora a D. Ana Mantas, assim como na catequese e nos escuteiros da Anunciada. Adorava brincar pelas ruas do bairro com uma amiga de infância chamada Carina, ir à feira com a minha família até porque a casa da minha bisavó era junto ao Largo da Palmeira. Era uma altura maravilhosa era feita numa padaria na Rua da Brasileira e eu adorava ir para lá com a minha avó Delfina, Graças a  Deus tenho uma família muito unida, espírito esse que foi incutido pela minha bisavó Maria Piedade. Outra das coisas que eu gostava muito de fazer era de ir ver os jogos do Vitória com o meu pai. Agradeço-lhe ter feito de mim uma pessoa com muito orgulho na nossa cidade e de tudo o que dela provém. Ele sempre me disse: “se não formos nós a defender o que é nosso não hão-de ser os de fora que o farão por nós”.

 

O primeiro amor...

Devia de ter uns 4 anos.. Era uma rapaz mais velho que eu e os nossos pais eram amigos. A minha mãe conta-me que dormia com a fotografia dele debaixo da almofada, andava sempre apaixonada.

 

O primeiro emprego...

A fazer bolacha Piedade pois claro! Era o meu trabalho de Verão e levava-o muito a sério.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Moro num apartamento em Setúbal, simples mas bastante acolhedor onde respiro o ar do rio e da serra. É o meu refúgio onde recarrego energias para o dia-a-dia.

 

O que pensa do mundo?

Penso que o mundo é belo demais para o Homem o desvalorizar tanto...

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não, mal de mim se já estivesse realizada. Ainda sou muito jovem e quero muito mais da vida. O ser humano quer sempre mais. Gosto de viver um dia de cada vez com os pés bem assentes no chão. Não sou pessoa de fazer grandes planos. Certamente que ainda haverá muita coisa reservada para mim.

 

 

Como se resolve a crise?

Uma boa questão. Estamos a passar por muitas crises e para mim a pior é a que está na base de todas as outras e acaba por desencadeá-las, a crise de valores. Infelizmente, e na minha opinião a tendência é para piorar. As pessoas estão cada vez mais egocêntricas. Tem de partir de nós, de dentro das nossas casas, da educação que damos aos nossos filhos, assim como na transmissão de valores.

 

Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Como católica que sou acredito que tenha sido Deus a criar o Homem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Mudaria, mas não sei bem o quê, talvez algumas decisões que tomei. No entanto, se assim não tivesse sido não seria a pessoa que sou hoje. Sempre fiz o que achava correto, contudo estamos sempre a tempo de mudar ou pelo menos de tentar, basta haver força de vontade.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Trabalho há 7 anos num hospital como técnica administrativa, neste momento na área da medicina dentária. Por outro lado vou cantado que é isso que na realidade me realiza. Neste momento estou focada nas marchas populares que é algo que adoro fazer e me dedico com toda a minha alma. Este ano vou representar a marcha da ACTAS (Academia Cultural de Teatro e Artes de Setúbal). Adoro fazer revista à portuguesa entre outras coisas. Certamente que ainda hão-de surgir muitos projetos, sou muito feliz no palco.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Punta Cana

 

Livro

”Casada à força” (Sameem Ali)

 

Uma música

 “Solamente Tu” (Pablo Albóran)

 

Um ídolo

A minha avó materna Delfina Piedade

 

Um prato

Massa de sapateira

 

Um conceito

“Nada na vida acontece por acaso”

 

publicado por Joaquim Gouveia às 06:56

11
Jun 14

 

 

“TINHA A IDEIA DE QUE O SEC. XXI SERIA MELHOR”

 

Rui Canas é o primeiro presidente eleito da nova União das Freguesias de Setúbal. Nasceu na Avenida Luisa Tódi e cedo contatou com as gentes do mar, ali tão próximo e brincou com as crianças que, na altura, deambulavam na zona envolvente que se estende entre a Fonte Nova e o Viso. Frequentou a escola primária Conde Ferreira e o seu primeiro emprego foi a meio tempo na Casa da Cultura, ao tempo do antigo FAOJ. A sua casa é um refúgio e tem do mundo a ideia de que a globalização trouxe fenómenos negativos. É agnóstico mas sabe que o Homem necessita de crenças para viver. “Os Esteiros” é o seu livro dileto.

 

Como foi a sua infância?

Nasci na Avenida Luísa Todi, ao pé da Saboaria. Tomei contato com o mar, o rio e a pesca. Morava perto da Doca dos Pescadores e ali ía ao banho, andava com os pescadores e passava 4 meses numa praia. Corríamos, nadávamos, íamos à fruta e brincávamos com muita imaginação. Tinha muitos amigos na zona da Fonte Nova, Viso e na avenida. Eramos todos rapazes. As raparigas não tinham o hábito de andar na rua. Andei na escola do Conde Ferreira, com o professor Costa no 1º ano e com o professor Barbeiro, da 2ª à 4ª classe.

 

O primeiro amor…

Talvez com alguma vizinha mas não ficou nenhuma recordação em especial. Acho que isso só aconteceu no ciclo preparatório com uma menina muito bonita da qual não revelo o nome por óbvias razões.

 

E o primeiro emprego…

Foi a meio tempo no FAOJ. Fiquei na Casa da Cultura com o saudoso Sr. Barreto, na área do desporto. Não me recordo quanto ganhava.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Um refúgio. Um sítio onde tenho que me sentir bem apesar do pouco tempo que lá passo. Mas tem que ser um espaço que tem que ver comigo. Preocupo-me mais com a luz, o equílibrio e a funcionalidade. Acho que esta é a casa que sempre gostaria de ter tido.

 

O que pensa do mundo?

É uma coisa que me faz pensar todos os dias. Acordo a ouvir a Antena 1, para saber das notícias que acompanho ao longo de todo o dia. O mundo faz-me refletir porque tinha a ideia de que o séc. XXI seria melhor para todos. Em termos tecnológicos, ciência, medicina e saber, o mundo evoluíu mas no que tocas aos aspetos democráticos, igualitários e resolução de problemas de fundo acho que o mundo não evoluiu nada. A globalização trouxe fenómenos negativos para a sociedade como a questão da perda de direitos sociais e laborais e a crescente desigualdade que se verifica hoje.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sempre pensamos que há mais qualquer coisa para se fazer. Pessoalmente sinto-me satisfeito comigo próprio e isso tem a ver com a minha coerência. A minha vida profissional tem sido variada e muito rica em termos de experiências tanto no público como no privado. Orgulho-me do trabalho realizado.

 

 

Como se resolve a crise?

A crise é uma palavra que quer dizer coisas diferentes para cada um de nós. A crise na Europa é de valores e de projetos que são necessários encontrar para promover o progresso, o desenvolvimento e o conforto. Há situações de guerra que me preocupam bastante. A crise resolve-se com o regresso de valores que entretanto abandonámos, com o investimento para desenvolvimento, cidadania e participação na resolução dos problemas.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Foi o Homem quem criou Deus. Não sou católico nem religioso. Sou agnóstico, mas o Homem não consegue viver sem crenças. Eu acredito no Homem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não. Porque se mudasse faria coisas que quereria voltar a mudar. Não controlamos a vida mas podemos fazer opções. N ão me arrependo das minhas.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou presidente da União das Freguesias de Setúbal. Num futuro imediato quero melhorar a condição de vida das populações das áreas desta nova Junta.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Portugal

 

Um livro

Esteiros (Soeiro Pereira Gomes)

 

Uma música

E depois do Adeus (Paulo de Carvalho)

 

Um ídolo

O meu pai

 

Um prato

Sardinhas assadas

 

Um conceito

Vive com os outros

publicado por Joaquim Gouveia às 13:21

10
Jun 14

 

 

“DEUS É UM SER IMAGINÁRIO”

 

José Manuel Martins é um setubalense bem conhecido na cidade e proprietário do restaurante “Espaço Setúbal”, pertencendo ainda à família da famosa “Bolacha Piedade”. Viveu em Moçambique, até ao 25 de Abril de 74 e por lá conviveu com amigos que teve de deixar para sempre. Começou a trabalhar aos 18 anos, como monitor de tempos livres. Pensa que o mundo é egoísta e sofre da falta de escrúpulos. A sua casa é um refúgio onde guarda as suas pinturas e as poesias da mulher. Para si o Homem criou Deus, para lhe dar força e coragem. Gostava de vir a ter um hotel e Lasanha é a sua comida preferida.

 

Como foi a sua infância?

Nasci na Palhavã, no bairro da Anunciada. Tive uma infância feliz. Com 28 dias de vida fui com os meus pais para Moçambique e só regressámos após o 25 de Abril de 74. O meu pai era embarcado. No entanto vinha frequentemente a Setúbal visitar a família e os amigos. Na escola sempre fui um bom aluno e conclui o ensino primário com êxito. Tinha muitos amigos com quem brincava. Em Moçambique praticava-se muito desporto, nomeadamente o basquetebol.

 

O primeiro amor…

Foi a minha mulher. Tinha 16 anos. Nessa altura o coração disparou mais depressa, é verdade. De resto foram brincadeiras próprias da juventude.

 

E o primeiro emprego…

Como monitor de Tempos Livres no Stella Maris. Tinha 18 anos e devia ganhar uns 8 contos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Está feita para nos sentirmos bem. É a nossa imagem. Tem muito espaço, é confortável e um refúgio onde exponho as minhas pinturas e onde tenho um espaço próprio para mim e para a minha mulher fazer as suas poesias.

 

O que pensa do mundo?

É um mundo sem escrúpulos, onde não há tolerância, nem família. É um mundo muito só e egoísta, sem justiça, sem critérios, nem valores. Neste momento tenho uma ideia muito negativa do mundo.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim porque ao fim e ao cabo sei que queremos sempre atingir novas metas ,e nesse aspeto sempre trabalhei para atingir os meus objetivos. Não é fácil mas a minha maneira de ser permite-me superar as dificuldades.

 

 

Como se resolve a crise?

Mudando a mentalidade dos políticos. O egoísmo que eles mostram não lhes permite pensar no bem estar das pessoas nem nas dificuldades do povo.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Apesar de ser católico não praticante acho que foi o Homem quem criou Deus. Na Igreja nem tudo é correto. Eu sou um homem de fé. Deus é um ser imaginário que nós criámos para irmos buscar forças. Acredito nos Santos, que foram pessoas que sempre fizeram o bem e que nos confortam. A imagem de Nossa Senhora de Fátima dá-me muita força e coragem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Essencialmente algumas coisas que agora faria de outra maneira. No fundo isto é a própria experiência da vida que nos ensina a fazer cada vez melhor e que nos dá a capacidade de vermos a vida de outra forma mais atualizada a cada momento.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou proprietário do restaurante “Espaço Setúbal” e faço parte da “Bolacha Piedade”. Não penso no futuro. Não faço projetos. Limito-me a viver o dia a dia. Gostava de vir a ter um hotel. Nos dias que correm quando acordamos se tiramos a “bola preta” é o fim...

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Itália

 

Um livro

Pappilon (Henri Charrière)

 

Uma música

Beatlles

 

Um ídolo

Vitória de Setúbal

 

Um prato

Lasanha

 

Um conceito

Tolerância. Sem ela não há vida.

publicado por Joaquim Gouveia às 06:00

09
Jun 14

 

 

 

“APAIXONEI-ME POR ESTA CIDADE”

 

Albérico Afonso é professor do ensino superior e investigador da história contemporânea de Setúbal. Oriundo de terras alentejanas apaixonou-se por uma setubalense e depois pela cidade onde tem a sua vida o que lhe confere um estado de realização quase plena. Na infância não passou dificuldades mas viu muitos colegas seus irem descalços para a escola, fato que o marcou. Tem do mundo um pensamento complexo mas admite que é profundamente desigual. Para si o Homem criou todos os deuses que se conhecem. Não tem receita para a crise mas pensa que ingredientes como a solidariedade, a liberdade e o respeito são essenciais. É ainda deputado muncipal pelo Bloco de Esquerda e espera cumprir o seu mandato até ao fim

 

 

Como foi a sua infância?

Sou de Vera Cruz, Alentejo, concelho de Portel. Dividi a minha infância entre essa aldeia e Lisboa, onde frequentei o Colégio Moderno. Foi uma infância normal numa aldeia num período complicado para Portugal com grande pobreza. Não passei dificuldades mas confrontava-me com quem as tinha. Muitos colegas meus iam descalços para a escola e isso marcou-me imenso. Fui sempre um bom aluno. As brincadeiras eram na rua que era o espaço de sociabilização.

 

O primeiro amor…

Estou mais preocupado com o último...

 

E o primeiro emprego…

Foi um emprego sazonal nas férias grandes a organizar uma biblioteca numa fábrica de mobiliário chamava FOK. Tinha 15 anos e não me lembro de quanto ganhava

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o espaço para trabalhar, para passar grande parte do dia e da noite. Foi construído para que me sinta bem. Partilho com a família e com os meus amigos.

 

O que pensa do mundo?

É demasiado grande e complexo para caber num único pensamento. Se nos centrarmos nos problemas sociais e económicos vemos que estamos num mundo profundamente desigual. Basta pensarmos que as 80 pessoas mais ricas do mundo têm uma riqueza equivalente a 70% da riqueza mundial. Isto é desumano e injusto. Mas o mundo também é um local perigoso. O armamento bélico dava para destruir várias vezes o planeta. Mas também noutras dimensões o mundo é um espaço onde há muito para fruir com uma variedade de locais fantásticos.

 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

Considero-me e, também privilegiado porque tenho a sorte e prazer de ter no exercício da minha atividade profissional a docência e investigação ciêntifíca ligada à história. Apaixonei-me por uma setubalense, depois pela cidade e o fato de aqui ter a minha vida é um fator de enorme realização.

 

 

Como se resolve a crise?

Não tenho nenhuma receita. Estou convencido que há um conjunto de ingredientes indispensáveis para fazer o mundo melhor. Na minha prespetiva será solidariedade, liberdade e respeito pela dignidade humana. Se falamos da crise do nosso país dava jeito que este governo terminasse a sua estratégia de empobrecimento tão devastadora.

  

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

O Homem tem sido muito competente em criar vários deuses. Não criou apenas um. Mas centenas e até milhares de deuses. Criou uns mais crueís, outros mais brandos e outros mais próximos da escala humana. Mas foram todos criação do Homem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Esse é um exercício um bocado inútil. O contrafatual não existe e por isso não faz muito sentido. No fundamental não faria grandes mudanças.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou professor do ensino superior que é uma atividade que me dá muito prazer e que espero continuar por mais alguns anos e proseguir a investigação histórica mais centrada na história contemporânea de Setúbal. Sou deputado municipal eleito pelo Bloco de Esquerda e espero cumprir o meu mandato popular até ao fim.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Florença

 

Um livro

A mãe (Máximo Gorki)

 

Uma música

Era um redondo vocábulo (José Afonso)

 

Um ídolo

Não consumo

 

Um prato

Açorda de Baldroegas

 

Um conceito

Solidariedade

publicado por Joaquim Gouveia às 09:30

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