Entrevistas de JoaQuim Gouveia

25
Jul 14

 

“ESCREVO SOBRE O QUE REALMENTE AMO”

 

Paula Martins é poetisa setubalense. Nasceu no seio da família Piedade, a da famosa bolacha que desde há várias décadas está presente na Feira de Santiago, com o seu tradicional stand. Daí que o seu primeiro emprego tenha sido precisamente  a ajudar no fabrico daquele produto familiar. Pensa que o mundo está perdido de valores e que as pessoas se tornaram materialistas. Está consciente de que a crise só se ultrapassa com uma boa gestão económica, trabalho e honestidade. Compõe poemas e letras para fados que artistas como Dulce Pontes, por exemplo, já interpretaram. De momento faz parte do espetáculo musical “Por dez réis”. O seu pai é o sei ídolo e as Ilhas Gregas o destino de eleição.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal no bairro Troino. A  minha infância foi muito saudável e feliz, com

um grande espirito de família, onde o amor e a alegria estavam sempre presentes.

Era traquina, adorava brincar na rua com as minhas amigas e com a minha irmã, (nessa época não existiam os perigos que existem hoje). Foi uma infância plena de felicidade.

 

O primeiro amor...

Devia ter uns 12 ou 13 anos, paixões próprias da adolescência.

 

O primeiro emprego...

Tendo eu nascido no seio da família Piedade, o meu primeiro emprego (aliás como o de todos os membros da nossa família), foi ajudar no fabrico da Bolacha Piedade, actividade que era muito divertida e que nos deu muito sentido de responsabilidade e a visão do quanto é importante a nossa tradição.

 

Como é a sua casa? Como a define?

A minha casa é um local com o qual me identifico, tem um espaço harmonioso, onde se respira tranquilidade e onde melhor me inspiro para “voar nas asas da poesia”. Classifico-a como o meu porto de abrigo.

 

O que pensa do mundo?

Penso que o mundo está perdido de valores, as pessoas tornaram-se muito materialistas e com uma ambição desmedida. Pouco ou nada se faz com o coração, o que é muito triste e preocupante. Não embarco em utopias mas creio que se pode fazer muito mais, desde que os governantes não estejam tão preocupados com o seu próprio umbigo.

 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

Faço por isso. Acredito que todos nós nascemos com uma missão na vida e sinto que a minha é ajudar os que me rodeiam com todas as minhas forças. Profissionalmente, trabalho numa área onde estou em contato com o publico, deparo-me com muitos problemas económicos e não só e é aí que tento dar o melhor de mim, agindo com profissionalismo e sempre na expetativa de chegar ao fim do dia com o espirito de missão cumprida e aí sim, sinto-me realizada.

 

 

Como se resolve a crise?

Na verdade o país está a atravessar uma grave crise económica, mas também existe uma grande crise de políticos, pouca verdade e a transparência é inexistente. Não vejo ninguém preocupado em defender causas, vejo sim, políticos muito preocupados em defender o seu património para assegurarem o seu próprio futuro e os problemas do país vão ficando para trás. O povo já não acredita em ninguém. É urgente a consciencialização de que há muito mais para fazer do que correr atrás de um  pseudo progresso onde só a desonestidade impera. Colocando um fim aos “degraus humanos” que os “Xicos espertos” utilizam para chegar onde pretendem e que quando atingidos os objetivos, só deixam feridas em aberto. Com uma boa gestão económica, trabalho e honestidade é possível acabar com a crise que nos vitima a todos.

 

Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Como católica, acredito que foi Deus quem criou o Homem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Talvez não mudasse nada. Aquilo que sou hoje é fruto da minha caminhada. As pedras que não se desviaram do meu caminho fizeram de mim um ser mais forte.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Trabalho e escrevo poesia, que é aquilo que me dá prazer fazer. Escrevo sobre tudo o que realmente amo, e tudo aquilo que me incomoda. Embora já tenha participado em várias antologias poéticas, ainda não editei nenhum livro, talvez ainda não tenha chegado o momento certo, quem sabe um dia. Sou autora de poemas cedidos aos grupos musicais “Alcorrazes” e Massacotes”, letrista de algumas marchas populares para coletividades setubalenses, compus o hino para o Clube de Fuzileiros de Setúbal e escrevo letras para fados, alguns por editar e outros já cedidos, nomeadamente ao grande fadista Lúcio Bamond e à nossa grande e ilustre Dulce Pontes. Neste momento sinto-me entusiasmada com o Musical “Por dez reis”, projeto do qual faço parte, e que vai voltar a estar novamente em cena, com texto da autoria de Alfredo Portugal da Silveira, cenografia de Bruno Frazão, música do Maestro Carlos Pinto e letras de minha autoria e de Bruno Frazão. Uma peça bastante interessante, que retrata um acontecimento verídico que aconteceu em Setúbal em 1911, aquando da revolta dos conserveiros Mariana Torres e António Mendes, em luta por um mísero aumento de salário. Este é efectivamente um grande desafio, que me dá um enorme orgulho em participar. Uma peça que ninguém deve perder.

 

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Um destino

Ilhas Gregas

 

Livro

A prisão do silêncio (Torey Hayden)

 

Uma música

Bohemian Rhapsody  (Queen)

 

Um ídolo

O meu pai

 

Um prato

Paella

 

Um conceito

“…É assim que me entrego/é assim que me dou/

foi assim que nasci/e será assim que me vou…”

 

publicado por Joaquim Gouveia às 11:14

24
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

 

"A MINHA FELICIDADE DEPENDE DA FELICIDADE DOS OUTROS”

 

O Dr. Eugénio da Fonseca é presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal e da Cáritas Portuguesa. Nasceu em pleno bairro Santos Nicolau e esteve ligado ao Grupo Desportivo “Os Amarelos”, onde foi massagista porque a bronquite asmática o impedia de jogar futebol. Para si o mundo não tem sido respeitado tal como a natureza o merecia, porque o Homem, não deixa de ser egoísta apesar de todos os avanços científicos. Tem dúvidas de que a crise tenha solução porque os pseudo senhores do mundo, como lhes chama, não investem numa nova civilização. Em jovem pensou vir a ser padre mas optou por casar e constituir família. O seu ídolo é D. Manuel Martins e em termos gastronómicos não dispensa o bom cozido à portuguesa.

 

Como foi a sua infância?

Nasci no bairro Santos Nicolau, há 57 anos, no seio de uma família ligada ao mar. O meu pai era pescador e a minha mãe conserveira. Nasci num bairro popular. As brincadeiras eram feitas na rua que era um espaço livre e assinalávamos as festividades relacionadas com o povo. Haviam duas coletividades que dividiam o bairro em dois lados, uma era o grupo “Santo” e a outra “Os Amarelos”, a que estive sempre mais ligado. Aos 6 anos tive bronquite asmática e como não podia jogar futebol deram-me a tarefa de massagista e um fato de treino verde e amarelo para poder estar ligados às atividades do clube.

 

O primeiro amor…

Foi o primeiro e único amor. Conheci a minha mulher nos grupos da paróquia da igreja de S. Sebastião. Ela morava nas Fontaínhas. Tinha 10 anos. Quando nos zangávamos arranjava sempre maneira de lhe provocar ciúmes. Ainda pensei que poderia vir a ser padre e levei 10 anos a decidir mas acabei por casar. Ela esperou por mim todo esse tempo.

 

E o primeiro emprego…

Aos 18 anos como professor, em pleno PREC, na Baixa da Banheira, na disciplina de Moral e Religião. Não me recordo de quanto ganhava na altura.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa com 5 assoalhadas e 2 varandas que me põem em contato com o jardim do Bonfim. É uma casa confortável. Como sou muito sedentário acaba por ser o meu refúgio. Gosto muito de lá estar com os amigos.

 

O que pensa do mundo?

É um paradoxo. Por um lado acho que é um espaço de realização do ser humano com todas as condições na diversidade das possibilidades que tem para cada criatura, pela prodigalidade da própria natureza que se gera e se regenera a nosso favor com criaturas fabulosas. Mas ao mesmo tempo é um mundo que não tem sido respeitado como a natureza merecia. O Homem não deixa de ser egoísta apesar de todas as tecnologias e o avanço da longevidade pelas ciências médicas. Revelamos desprezo pelos bens que temos ao nosso alcance com consequências ecológicas. Nem sempre tratamos bem quem tem a possibilidade de viver mais anos. O Homem encontra no lucro a sua forma de viver em detrimento da felicidade o que provoca guerras que nos fazem temer porque podem arrastar-nos para uma tragédia mundial.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não porque para o sentir teria que ter conseguido atingir na plenitude os meus anseios e objectivos. Sinto-me sintonizado com as minhas opções de vida mas nunca estarei realizado se os outros não o estiverem. A minha felicidade depende da felicidade dos outros.

 

 

Como se resolve a crise?

Tenho dúvidas de que a crise tenha solução porque, sem querer ser pessimista, não vejo os pseudo senhores do mundo estarem a dar sinais de investir na criação de uma nova civilização que valorize mais as pessoas e o respeito pela sua dignidade e por tudo o que está à sua volta. O que está a acontecer no mundo é escandaloso.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Não tenho qualquer dúvida de que Deus criou o Homem. A minha conceção de Deus é que ele é a essência perfeita daquilo que nós consideramos o amor. Todos fomos criados pelo amor. Nós não nascemos egoístas, nascemos direcionados para o bem. O mal é a ausência do bem. O mal não existe.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudaria nada. Tenho muito orgulho nas minhas raízes. Os momentos mais angustiantes ajudaram-me a crescer. Talvez não tivesse dado tanta importância aos que menos me querem bem.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou presidente da Cáritas Diocesana, estou no conselho geral do Instituto Politécnico e Escola Profissional de Setúbal e na comissão executiva do PEDEPS. A nível nacional sou presidente da Cáritas Portuguesa, presido à Confederação Portuguesa do Voluntariado e integro o Conselho Económico e Social do país. No futuro irei manter estas tarefas enquanto as pessoas assim o entenderem e pretendo que nunca me falte o trabalho.

 

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Um destino

Brasil

 

Um livro

D. Manuel Martins, um homem plural

 

Uma música

Vemos, ouvimos e lemos (Francisco Fanhais)

 

Um ídolo

D. Manuel Martins

 

Um prato

Cozido à portuguesa

 

Um conceito

Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti

publicado por Joaquim Gouveia às 12:48

23
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

 

“APESAR DE TUDO ACREDITO NAS PESSOAS”

 

A Dra. Maria Helena Mattos é a presidente da Liga dos Amigos do Forúm Municipal Luisa Tódi, entidade que está à beira de concluir o seu trabalho. Cresceu no bairro da Sécil e por ali brincou, frequentou a escola primária e calcorreou montes e vales da serra da Arrábida. O seu primeiro emprego foi a ensinar noções básicas de português e história e cultura a uma rapariga belga filha dos Condes D Armand, proprietários do Palácio da Comenda. Sobre o mundo acredita que carece da urgente ação transformadora do Homem. É cristã e católica e aceita Deus, também como um ideal de amor. Para si a crise poderá não ter cura mas as melhoras são possíveis. Adora o peixe grelhado de Setúbal.

 

Como foi a sua infância?

Talvez um pouco solitária por ter sido filha única. Fui criada com muito carinho dos meus Pais, que ao mesmo tempo me educaram com uma grande exigência de responsabilidade. Era bastante MariaRapaz e lembro-me de, ainda bem pequena, andar por montes e vales com outros miúdos, a explorar os caminhos da Arrábida contíguos à Secil, onde cresci.

 

O primeiro amor…

Um miúdo como eu, nos primeiros anos do Liceu, de sorriso tímido e florinha romântica…

 

E o primeiro emprego…

O meu primeiro trabalho remunerado foi ensinar Português e dar uma panorâmica da história e da cultura portuguesas a uma rapariga belga, que vivia às temporadas na Quinta da Comenda (Filha mais velha dos proprietários, os Condes d´Armand). Depois concorri para Professora do recém criado Ciclo Preparatório, por ser esse, então, o nível de ensino com métodos mais avançados e aí fiquei. Ser Professora não foi apenas um emprego (tinha ao tempo alternativas bem melhor pagas), mas foi, sim, uma vocação que não me arrependo de ter seguido.

 

Como é a sua casa? Como a define?

A casa é um espaço em harmonia comigo, confortável, onde estou rodeada pelos livros e por objectos que acompanharam a minha Família e têm feito parte da minha vida.

 

O que pensa do mundo?

Vejo o mundo como uma entidade global que congrega muitos e diversos mundos em correlação. E olhando para esse mundo global de constantes erupções de violência, eivado de zonas de grande perturbação, onde fome e indignidade das condições de vida contrastam de forma gritante com opulência e desperdício, percebemos como é urgente a acção transformadora do Homem, primeiro de si próprio e logo sobre o seu pequeno mundo mais próximo. Como, apesar de tudo, acredito nas pessoas, quero acreditar na efectividade dessa acção transformadora e que o mundo poderá tornar-se progressivamente melhor.

 

 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

É evidente que olhando para trás pensamos sempre que poderíamos ter feito mais e melhor. Posso no entanto dizer que quando fechei o capítulo da minha vida profissional, senti que tinha realizado o meu trabalho de Professora com amor e com o gosto de ajudar crianças/jovens a crescer e que, por isso, tinha valido a pena. Dou graças a Deus, pela Família que tenho, as filhas, os netos e os genros, bem como pelos amigos que fui encontrando e com quem tenho caminhado. Também na cidadania, no voluntariado, nas áreas da cultura e da solidariedade, tenho-me sentido enriquecida pelo que tenho feito e vou fazendo, onde e como sou capaz, e assim será enquanto puder.

 

 

Como se resolve a crise?

Não será com uma varinha de condão. Seria bom mas não é assim. Também não será apenas com medidas económicas. Esta é também uma crise de valores que já vem de longe. Temos que passar por mudanças de mentalidades e de posturas com menos ganância, arrogância e corrupção desde políticos a empresarios, mídia e cidadãos comuns. A cura é difícil mas as melhoras talvez sejam possíveis. A sociedade deve focar-se mais na produtividade e competividade em detrimento dos ganhos fáceis tendo em conta os valores da solidariedade e dignidade humana.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

O Homem parece ter tido sempre a noção que existe uma força superior que o transcende e que poderá ter levado à sua criação e à do mundo. A essa força chamamos Deus, qualquer que seja a sua forma de representação nas várias religiões. Assumo-me como cristã e católica e não vejo Deus, apenas como criador mas também como um ideal de amor e, por isso, creio que recriamos Deus, sempre que nos damos aos outros com amor.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não sei. Todas as decisões que tomei foram as que a cada momento me pareceram as mais corretas. Se pudesse voltar atrás e tivesse que voltar a decidir certamente teria outros elementos de ponderação.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou presidente da Liga dos Amigos do Fórum Luísa Todi, cuja missão está à beira de se dar por concluída. Sou professora na Universidade Sénior, voluntária da Cáritas e faço parte dos corpos sociais da Liga dos Amigos de Setúbal e Azeitão. Divido-me entre cidadania cultural e de solidariedade e a família, especialmente os meus netos. Quanto a projetos para o futuro são os quase imediatos tendo em conta a minha idade.

 

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Um destino

Munique

 

Um livro

Quarteto de Alexandria (Lawrence Durrell)

 

Uma música

Concerto nº 4 para piano e orquestra (Beethoven)

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Peixe grelhado de Setúbal

 

Um conceito

Dar atenção ás coisas boas que nos rodeiam e nunca transformar uma coisa má numa coisa péssima

publicado por Joaquim Gouveia às 07:21

22
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

 

“HABITUEI-ME A OLHAR PARA AS COISAS DE SETÚBAL”

 

O engenheiro Luis Fernandes é presidente do Coral Luisa Tódi. É um homem de Setúbal, da zona do Bonfim, onde brincou e frequentou o ensino primário. Conheceu o seu primeiro emprego como professor na actual Escola de Sebastião da Gama. A sua casa é um espaço de convívio com a família e, de repouso. Pensa que o desenvolvimento tecnológico comprometeu o relacionamento entre as pessoas e a crise resolve-se quando estas se descomplexarem em relação a determinados princípios que dominam a sociedade. Acredita num Jesus Cristo, que existiu e foi homem e mantém-se disponível para colaborar com a sua cidade.

 

Como foi a sua infância?

Sou um homem filho de Setúbal, da zona do Bonfim. Tive uma infância perfeitamente normal com uma instrução primária que marcou todo o meu percurso a partir daí porque fui bom aluno e tirei um bom proveito da escola. Frequentei o antigo Externato Luisa Tódi, que ficava na parte lateral da Igreja do Senhor do Bonfim. Dado o envolvimento familiar habituei-me a olhar, desde muito novo, de forma especial para as coisas de Setúbal.

 

O primeiro amor…

Não tenho ideia. Já foi há muito tempo.

 

E o primeiro emprego…

Como professor na atual Escola Sebastião da Gama (antiga Escola Industrial e Comercial de Setúbal). Talvez ganhasse à volta de 4 contos mensais.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu espaço de convívio com a família, o meu espaço de trabalho e de repouso. É uma casa agradável e construída por nós.

 

O que pensa do mundo?

Sendo eu engenheiro e apoiando tudo o que tem a ver com o desenvolvimento tecnológico, acho que, por um lado se tirou o que de melhor existe no mundo que é o relacionamento entre as pessoas e perderam-se os valores e tudo é comandado pelo poder económico. Atenuaram-se alguns aspetos belos da vida.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim, de certo modo embora continue a tentar fazer mais e melhor. Considero que o meu projeto está sempre em construção.

 

 

Como se resolve a crise?

Através de uma maior humanização do relacionamento entre as pessoas. Por outro lado descomplexar-mo-nos em relação a determinados princípios que dominam a sociedade em que as pessoas são rotuladas pelos seus pensamentos havendo uma certa necessidade de, face a projetos político partidários desgastados, passarmos a entender as pessoas e os projetos para uma recuperação económica em função de análises objetivas concretas e não dos rótulos que essas pessoas possam ter ou da sua ligação a projetos partidários.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Penso que do ponto de vista histórico há um Jesus Cristo, que existiu e foi homem. A criação de Deus requer uma análise mais profunda, inclusivé um respeito que é devido às várias religiões, se pensarmos que existem vários deuses.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

A vida tem um curso e, no meu caso, esse curso foi seguido. Não devemos colocar “ses”. Não podemos mudar o que aconteceu.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou presidente do Coral Luisa Tódi e diretor do Conservatório de Artes do mesmo coral. No futuro quero continuar a pugnar pelo desenvolvimento cultural da minha cidade mantendo-me aberto e disponível para colaborar em tudo o que diga respeito a Setúbal.

 

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Um destino

Cabo Verde

 

Um livro

A felicidade não se compra (Frank Capra)

 

Uma música

Beatlles

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Arroz de Tamboril

 

Um conceito

A importância de valorizarmos cada vez mais o relacionamento humano e o respeito por cada pessoa

publicado por Joaquim Gouveia às 09:40

21
Jul 14

 

Com o apoio: HOTEL DO SADO

 

“TEMOS DE ENCONTRAR LÍDERES CAPAZES”

 

Alberto Carlos Vale Rêgo é o presidente do Rotary Club de Setúbal. Portuense de gema dedicou-se, contudo, à vida na cidade do Sado onde tem desenvolvido trabalho meritório. O seu primeiro amor aconteceu aos 12 anos e o primeiro emprego rendeu-lhe um ordenado de 6.500 escudos. Otimista por natureza tem do mundo a ideia de que existe uma grande energia para ultrapassar as malandrices que os Homens fazem uns aos outros. Sobre Deus pensa que é uma energia superior que existe e quanto à crise diz que tem a ver com as finanças e a própria economia. Está aposentado mas dedica-se a causas da comunidade e de cidadania. Adora bacalhau à Zé do Pipo.

 

Como foi a sua infância?

Sou portuense de gema nascido na freguesia do Bonfim. Andei numa escola primária que ficava na Rua Pinto Bessa, em frente à estação de Campanhã. Fui muito bom aluno. Concluí a 4ª classe com distinção. O primeiro “bolo” (reguada), foi na 2ª classe por estar distraído. Passei por algumas dificuldades pelo facto de o meu pai ser um homem doente. No entanto a família teve recursos para que eu pudesse frequentar o liceu. As brincadeiras eram inventadas pela rapaziada como o hóquei com stick de talo de couve e havia um jogo com uma espécie de botões muito semelhante ao Subutteo. De resto jogávamos às escondidas, à apanhada, ao berlinde, futebol e outras brincadeiras da época, muitas vezes na rua.

 

O primeiro amor…

Tive um amor platónico aos 12 anos, por uma rapariga, que ainda durou durante algum tempo. No fundo foi um amor de adolescentes. Depois conheci a minha mulher e aí encontrei o amor para toda a vida.

 

E o primeiro emprego…

Numa fundição na Arrifana. Era diretor de produção e controlo de qualidade. Ganhava 6.500 escudos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa de família, ponto central de reunião com os nossos filhos e netos. Nela existe, na verdade, uma grande energia que, a nós e aos amigos qua a partilham, nos faz sentir muito bem.

 

O que pensa do mundo?

Sou um otimista. Apesar das questões diárias e a prazo, fruto das maquinações humanas, existe uma grande energia para ultrapassar as malandrices que os Homens fazem uns aos outros. O Homem tem uma capacidade de sobrevivência que lhe permite dar a volta nos momentos mais difíceis, apesar dos estragos e da desgraça que causa.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sem nunhuma dúvida que sim. Naturalmente, poderia ter seguido outros caminhos, mas a minha vida é feliz e cheia e fiz, a maior parte das vezes, aquilo de que gostei, apesar das dificuldades. Fui bafejado com dons profissionais que fui desenvolvendo e que me permitiram ser sempre um dirigente respeitado, seguido e apoiado pelos profissionais com quem trabalhei e onde encontro amigos verdadeiros para sempre.

 

 

Como se resolve a crise?

O grave problema atual é essa principal coisa das finanças e da economia. O poder é baseado na conquista cada vez maior de riqueza. Isto é inerente ao próprio Homem. Vamos ter de encontrar uma solução que garanta, genericamente, a disponibilidade de meios suficientes para que a humanidade e cada humano tenha, globalmente, uma vida com a satisfação plena das necessidades básicas. Temos de encontrar líderes capazes de realizar esse plano, ambição profunda de todos nós.

 

Deus criou o Homem ou foi o Homem quem criou Deus?

Deus, energia superior, não se criou, existe. O Homem intui e sente essa energia superior como algo que, para uns, o enquadra e o completa como ser superior e, para outro, como uma verdade e um sentimento que não conseguem, de todo, negar.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudaria nada daquilo que é o fio condutor da minha existência, os meus sentimentos e procedimentos, a minha prática social, o olhar e ver e considerar cada homem à minha frente como um homem igual a mim.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou aposentado. Sou presidente do Rotary Club de Setúbal este ano, logo rotário a tempo inteiro. Ainda alimento a esperança de fazer alguma coisa de natureza profissional. Dedico-me a algumas causas da comunidade e de cidadania.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Terra Santa

 

Um livro

Tia Susana, meu amor (Alçada Baptista)

 

Uma música

Pedra Filosofal (António Gedeão, Manuel Freire)

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Bacalhau à Zé do Pipo

 

Um conceito

Respeito por cada Homem, à minha volta

 

publicado por Joaquim Gouveia às 07:36

18
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

 

“A CRISE QUE NOS ASSOLA É ESTRUTURAL”

 

Paulo Pisco é arquitecto urbanístico e professor de artes visuais. Veio para Setúbal, com 5 anos de idade e conheceu amigos, professores e brincadeiras que lhe toldaram a infância. Aos 15 anos substituiu uma funcionária na sede PSD, onde começou a trabalhar. A sua casa é a sua fortaleza e esforça-se por olhar para o lado bom do mundo e da vida. Para si a crise é fruto de uma mudança estrutural. É crente em Deus e, como não há máquinas do tempo tenta corrigir as suas próprias imperfeições. O seu ídolo é leonard Da Vinci e gostava de ir à Lua

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Angola, fruto da história do nosso país e porque o meu pai era militar por profissão. Vim para Portugal, com 2 anos e meio e vivi na casa dos meus tios em Alhandra. Com 5 anos vim para Setúbal. Acabei por ter uma infância feliz. Como morava ao fundo do bairro do Liceu, vivi entre o campo e a cidade com muita brincadeira e muitos amigos que ainda hoje conservo.

 

O primeiro amor…

Com 13 anos uma paixão violenta e assolapada por uma rapariga que era irmã de um amigo do meu irmão. A paixão ainda durou algum tempo. Até conhecer a minha mulher coleccionei algumas paixões.

 

E o primeiro emprego…

Substituí uma funcionária de escritório na sede do PSD de Setúbal. Tinha 15 anos e sei que ganhava dinheiro mas não me lembro de quanto era.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É a minha fortaleza, onde me sinto mais confortável. É um apartamento comum e banal mas agradável e acolhedor que alberga o que pra mim é o mais importante que é a família.

 

O que pensa do mundo?

É um sítio pelo qual temos que passar e na minha opinião teremos que fazê-lo da melhor maneira possível. O mundo tem sempre 2 lados, o mau e o bom. Eu esforço-me por olhar para o lado bom.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me. Temos que escolher os lados da vida e nesse particular sinto que procurei fazer a melhor escolha tanto a nível humano como profissional.

 

 

Como se resolve a crise?

A crise que nos assola nesta altura é estrutural. Estamos a mudar o paradigma da civilização e, portanto, o que vivemos agora é mais um sintoma desta necessária mudança.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou crente. Deus criou o Homem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Talvez mudasse algumas coisas. Não penso nesses termos porque aceito as minhas imperfeições. Não há máquinas do tempo para voltar atrás. O que tenho para corrigir, corrijo no presente.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou arquiteto urbanista e professor de artes visuais no ensino público. Pretendo trabalhar de forma holística em todas as áreas da criatividade.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Lua

 

Um livro

Memória de Adriano (Marguerite Iurcenar)

 

Uma música

Wish you were here (Pink Floyd)

 

Um ídolo

Leonardo Da Vinci

 

Um prato

Ensopado de borrego

 

Um conceito

Trabalhar intensamente, divertir intensamente

publicado por Joaquim Gouveia às 13:30

17
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

  

“TODOS NÓS SOMOS UM NEURÓNIO DE DEUS”

 

Alberto Jorge Pereira é auditor de qualidade numa empresa da região. No entanto é um homem voltado para atividades lúdicas e culturais tão díspares como a pintura, a música e o cinema. É um autodidacta amador com profundos conhecimentos em cada uma das artes. Nasceu na zona da Tebaida e frequentou a Academia Luisa Tódi, em criança onde desenvolveu, também, aptidões na área da música. Para si o grande problema que assiste ao mundo é o próprio Homem e, como diz, o mundo não tem mesmo culpa disso. A crise resolve-se quando o Homem começar a olhar para dentro de si e encontrar soluções. Confessa que sentiu a presença de Deus, aquando do nascimento da sua filha.

 

Como foi a sua infância?

Sou de Setúbal, nasci na Tebaida em 1964. Tive uma infância feliz e normal. Frequentei a Academia Luísa Todi, até à 4ª classe. Fui filho único até aos 8 anos, por isso brincava muito sózinho com os meus carrinhos.

 

O primeiro amor…

Foi aos 13 anos. Andava nos escuteiros (Corpo Nacional de Escutas) e foi nessa altura que a conheci. Foi amor à primeira vista. Acho que chegámos a namorar. Hoje somos bons amigos.

 

E o primeiro emprego…

A dar aulas de música numa escola privada. O primeiro ordenado foram 4 contos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu recanto, principalmente o meu sótão onde estão todas as coisas que gosto de fazer entre a pintura, a música e o cinema. É uma casa confortável com a cidade e o rio Sado, aos meus pés.

 

O que pensa do mundo?

O problema do mundo não é o mundo, é o Homem, e o mundo não tem culpa nenhuma.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Acho que nunca podemos dizer que estamos realizados. Penso que até à nossa morte há sempre algo por fazer. Portanto nunca podemos estar totalmente realizados.

 

 

Como se resolve a crise?

A palavra crise vem da palavra grega crisis. Para nós esta palavra tem um sentido negativo mas na sua fonte ela tem um sentido diferente que revela tomadas de decisão para uma vida melhor. Sempre que há uma crise subentende-se uma mudança do pensamento, de atitude, seja do que for. Penso que para resolver a crise o Homem tem que começar a olhar para dentro de si e encontrar soluções, porque a crise é de valores morais que comprometem tudo o resto. O Homem não pode ser refém de si próprio.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Nada aconteceu nem acontece por acaso. Sou crente que uma força superior nos criou. Senti a presença de Deus, quando assisti ao nascimento da minha filha. Percebi que não era obra do acaso. Todos nós somos um neurónio de Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Mudaria algumas decisões. Tomava decisões diferentes. No entanto não há nada de demasiadamente importante que pudesse mudar.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou auditor de qualidade no setor automóvel, pintor, músico e cineasta em termos de filme documental.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Médio Oriente

 

Um livro

A boa terra (Perl Buck)

 

Uma música

George Gershiwn

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Sardinhas Assadas

 

Um conceito

Como a vida é uma viagem mais de que prever os seus perigos, melhor será fazê-la

publicado por Joaquim Gouveia às 11:57

04
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

 

“NA MINHA RUA HAVIA A SOPA DA LEGIÃO”

 

Duarte Machado é presidente da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha. Nasceu numa rua por onde os pescadores passavam todas as noites a a caminho do mar e a sua infância ficou marcada pelo medo da II Guerra Mundial e dos aviões que sobrevoavam Setúbal. O seu primeiro emprego foi no escritório da Casa dos Pescadores. Para si o mundo é um sítio muito complicado e só com a união de todos é possível ultrapassar a crise. Sente-se um homem realizado e tem dúvidas que se possa considerar a existência de um Deus

 

Como foi a sua infância?

Sou um homem de Setúbal, nasci na rua João de Deus, onde os pescadores passavam para ir para o mar falando em altas vozes com um sotaque setubalense. A minha infância foi muito interessante. Foi uma época pobre com o medo da II Guerra Mundial. Quando ouvíamos um avião pensávamos que íamos ser bombardeados. Na minha rua havia “a sopa da Legião”, para os pobres. Andei na escola dos pescadores onde até fui bom aluno. Não tive avós e o meu pai era um homem ausente. Não passei fome mas tive muitas carências afetivas.

 

O primeiro amor…

Foi a minha mulher. Tinha 20 anos. Foi amor à primeira vista. Conheci-a em Sesimbra, mas ela era do Pinhal Novo, onde ia namorá-la. Tem sido um amor para toda a vida.

 

E o primeiro emprego…

Na Casa dos Pescadores, como empregado de escritório. Não me recordo de quanto ganhava, mas não ultrapassava, seguramente, os 400 escudos por mês, dinheiro que dava religiosamente ao meu pai.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa bonita. Sou um amante da natureza. Tenho uma quinta entre Palmela e Quinta do Anjo, esse é o meu espaço lúdico onde tenho as oliveiras mais antigas do distrito, com mais de 2 mil anos.

 

O que pensa do mundo?

Está a ficar um sítio muito complicado. Desde que o Homem está na Terra, já se passaram períodos muito complicados, mas este será o mais difícil pelos aspetos de consumo que o Homem acabou por ter em expetativa e por agora não puder cumprir. Fizeram-nos sentir que nós éramos ricos. Nunca existiu tanta desigualdade como a que existe hoje. A fome existente nalgumas zonas do mundo e que está a passar para a Europa, não tem razão de existir. A riqueza está mal distribuída pela ganância de alguns Homens. Neste momento as áreas destruidas para agricultura intensiva e pecuária equivalem ao continente africano e à América do Sul. É aterrador.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me realizado. No aspeto profissional tentei valorizar-me, e no humano acho que com a idade tenho vindo a melhorar com mais sensiblidade e abertura para os outros.

 

 

Como se resolve a crise?

Um dia destes vamos ter que nos organizar de outra maneira. O sistema politico/partidário já não responde ás necessidades das pessoas. Cada um de nós terá de ter esta consciência e temos de nos unir porque vamos ser obrigados a isso.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acredito que há uma força universal superior que não sei definir olhando para o planeta, para o Homem e para toda a sua mecanização. Sou um admirador do Papa Francisco, mas tenho sérias dúvidas que se possa considerar a existência de um Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Dedicaria muito mais tempo à minha família e amigos e menos ao trabalho.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou reformado. Sou presidente da delegação de Setúbal da Cruz Vermelha que quero tornar numa delegação modelo no aspeto altruísta. Quero continuar nesta instituição e estar mais perto dos meus netos e passar-lhes a minha experiência de vida.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Cataratas do Iguaçu

 

Um livro

Cem anos de solidão (Gabriel Garcia Marquez)

 

Uma música

Imagine (John Lennon)

 

Um ídolo

O meu filho

 

Um prato

Caldeirada à Setúbalense

 

Um conceito

Que trabalhemos todos para um mundo melhor, mais equílibrado e mais justo

publicado por Joaquim Gouveia às 13:21

03
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

 

“DEUS É CIADOR DE UMA BELEZA MATEMÁTICA”

 

Luisa Sobral é enfermeira/parteira no Hospital de S. Bernardo. Adora a sua profissão e com a sua determinação, empenho e profissionalismo já ajudou ao nascimento de centenas de crianças nesta cidade. Teve uma infância feliz e ficou de cama quando o seu primeiro amor partiu para terras de França. Apesar de encontrar muita controvérsia no mundo ainda acredita nas pessoas de boa vontade e em Deus, como o criador de uma beleza matemática. Sente-se uma pessoa determinada e é vegetariana porque, para si, os animais não são para comer

 

Como foi a sua infância?

Nasci no Hospital de S. Bernardo, hà 54 anos. Tive uma infância feliz. Estudei e brinquei. A minha mãe era doméstica e o meu pai trabalhava na Sécil. Tinha um irmão e muitos amigos com quem brincava bastante. Lembro-me que ia comprar o pão todos os dias à rua da Brasileira e, também, do primeiro autocarro de passageiros que subiu à Reboreda.

 

O primeiro amor…

Foi por um rapaz francês chamado Pierre Costa. Nunca me esqueci dele. Tinha 16 anos. Depois ele foi para França. Chorei baba e ranho e fiquei de cama uns dias.

 

E o primeiro emprego…

No laboratório de análises clínicas do Dr. Perdigão, em 19981/82. Ganhava 9 contos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu lar.

 

O que pensa do mundo?

Penso que cada um de nós podia investir um pouco mais a cada dia para que houvesse mais justiça, equiíbrio social e solidariedade. É um mundo controverso que está a tomar proporções que ultrapassam o nosso entendimento. Ainda acredito nas pessoas de boa vontade.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim, muito. Se aproveitarmos bem a vida vamos crescendo e desfrutando os potenciais que nos são dispensados e evoluímos mesmo. Tenho atingido os objetivos a que me propus mas quero ainda fazer muito mais.

 

 

Como se resolve a crise?

Com a boa vontade daqueles que o povo português escolheu, mas essa boa vontade perdeu-se pelo caminho. É necessário que o povo também faça os seus esforços embora com ajuda. Temos que ser impulsionados para dar o nosso melhor e gratificados por isso. A sociedade deveria ser de todos e para todos.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acho que Deus criou o Homem. Sou cristã. Também por força da minha profissão de obstetra não acredito que o Homem seja obra do acaso, porque a perfeição é tanta que do nada nunca poderia existir a beleza contida no ser humano e na própria Terra. É tudo muito matemático. Temos que ter muita fé para sabermos quem é este Deus, de que tanto falamos e temos que conhecê-lo.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Pouca coisa. Sou uma pessoa muito determinada.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou enfermeira obstetra no Centro Hospitalar de Setúbal. Sou uma lutadora pela causa animal e estou integrada em várias organizações nacionais e internacionais. Não como carne, mas como peixe. Os animais não são para comer. No futuro pretendo manter-me na minha atividade profissional e aproveitar o melhor da vida.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Brasil

 

Um livro

A Bíblia

 

Uma música

Je t’aime (Lara Fabian)

 

Um ídolo

Jesus Cristo

 

Um prato

Vegetariano

 

Um conceito

Amar e ser amado

publicado por Joaquim Gouveia às 07:26

02
Jul 14

 

Com o apoio: Hotel do Sado

 

“O MUNDO VAI NUMA DIREÇÃO ESQUISITA”

 

Marcos Santos é tenor com carreira de destaque nos Estados Unidos, onde reside. Nasceu no bairro do Liceu, frequentou o Externato Diocesano Sebastião da Gama e brincou com amigos nos tempos em que a meninice lhe concedeu privilégios tal como uma infância feliz. O seu primeiro amor aconteceu aos 15 anos, embora não fosse inteiramente correspondido. Tem do mundo a ideia de que vai numa direção esquisita e pensa que a crise resolve-se com a mudança da mentalidade do povo. Já pisou os grandes palcos mundiais e cantou para a Imperatriz do Japão. Como bom setubalense que é, o tema “Rio Azul” é da sua predileção

 

Como foi a sua infância?

Nasci no bairro do Liceu e estudei no Externato Diocesano Sebastião da Gama. Logo aí as minhas aptidões artisticas foram experimentadas. Cantava bastante em todas as festas. Eu era o primeiro a memorizar as canções e mais depressa do que a própria tabuada. Brincava ao pião, aos berlindes, ás escondidas, enfim, brincadeiras próprias da época. Andava de bicicleta. Vendia os talões do totobola que eram de borla, aos amigos que achavam graça e lá me compravam.

 

O primeiro amor…

Aos 15 anos. Era uma bailarina da Academia de Dança Contemporânea. Apaixonei-me por ela ao longo de 5 anos. Foi uma paixão assolapada mas não foi totalmente correspondida.

 

E o primeiro emprego…

Foi na Torralta, em Tróia, como operador telefónico. Tinha 18 anos. Ganhava à volta de 60 contos, e com os primeiros ordenados comprei uma aparelhagem na saudosa Artiflash.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Tenho 3 casas: uma em Boston, outra em Lisboa e uma no Ribatejo. Uma desarrumação constante. Anda sempre tudo em rotação.

 

O que pensa do mundo?

Vai numa direção esquisita. É uma sociedade que se inclina cada vez mais para o materialismo e para o artificialismo. As pessoas têm medo de dizer que as coisas não estão bem na vida delas. Vive-se para a beleza exterior.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim. Sinto que tenho explorado a minha voz ao máximo e já cantei em sítios onde nunca pensei que viesse a cantar como o Carnegie Hall e para a Imperatriz do Japão. A nível pessoal tenho um excelente casamento com uma excelente mulher.

 

 

Como se resolve a crise?

Mudando a mentalidade das pessoas e do povo. A ideia de um estado social que nos dá tudo nos dias de hoje está ultrapassada. As pessoas pensam que têm apenas direitos mas esquecem-se que também têm deveres. Somos um povo extremamente trabalhador e brioso mas precisamos de uma direção mais capaz e correta. Falta-nos empreendedorismo para nos mandarmos para a frente como nos tempos das descobertas. Hoje as pessoas lamentam-se demasiadamente.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acredito que Deus criou o Homem. Sou católico e acredito que há vida para além desta noutro plano e que falta fé ao Homem e à nossa sociedade. Penso que será uma visão demasiado egoísta considerar que só existe este plano que é material.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Nos meus ultimos 10 anos não mudava nada. Nos outros sim. Talvez tivesse partido mais cedo para fora e descoberto outras oportunidades e outras pessoas.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou a acabar o doutoramento em canto/interpretação, tenho um recital este mês no Palácio Fronteira, em Lisboa, em Novembro darei concertos em Nova York e Boston e em Janeiro do próximo ano realizarei um concerto no Forum Luísa Todi, na minha cidade.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Índia

 

Um livro

Equador (Miguel de Sousa Tavares)

 

Uma música

Rio Azul (Mário Regalado/Laureano Rocha)

 

Um ídolo

Luciano Pavarotti

 

Um prato

Bacalhau

 

Um conceito

Nunca deixes para amanhã o que podes fazer hoje

publicado por Joaquim Gouveia às 21:43

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