Com o apoio: HOTEL DO SADO
“TEMOS DE ENCONTRAR LÍDERES CAPAZES”
Alberto Carlos Vale Rêgo é o presidente do Rotary Club de Setúbal. Portuense de gema dedicou-se, contudo, à vida na cidade do Sado onde tem desenvolvido trabalho meritório. O seu primeiro amor aconteceu aos 12 anos e o primeiro emprego rendeu-lhe um ordenado de 6.500 escudos. Otimista por natureza tem do mundo a ideia de que existe uma grande energia para ultrapassar as malandrices que os Homens fazem uns aos outros. Sobre Deus pensa que é uma energia superior que existe e quanto à crise diz que tem a ver com as finanças e a própria economia. Está aposentado mas dedica-se a causas da comunidade e de cidadania. Adora bacalhau à Zé do Pipo.
Como foi a sua infância?
Sou portuense de gema nascido na freguesia do Bonfim. Andei numa escola primária que ficava na Rua Pinto Bessa, em frente à estação de Campanhã. Fui muito bom aluno. Concluí a 4ª classe com distinção. O primeiro “bolo” (reguada), foi na 2ª classe por estar distraído. Passei por algumas dificuldades pelo facto de o meu pai ser um homem doente. No entanto a família teve recursos para que eu pudesse frequentar o liceu. As brincadeiras eram inventadas pela rapaziada como o hóquei com stick de talo de couve e havia um jogo com uma espécie de botões muito semelhante ao Subutteo. De resto jogávamos às escondidas, à apanhada, ao berlinde, futebol e outras brincadeiras da época, muitas vezes na rua.
O primeiro amor…
Tive um amor platónico aos 12 anos, por uma rapariga, que ainda durou durante algum tempo. No fundo foi um amor de adolescentes. Depois conheci a minha mulher e aí encontrei o amor para toda a vida.
E o primeiro emprego…
Numa fundição na Arrifana. Era diretor de produção e controlo de qualidade. Ganhava 6.500 escudos por mês.
Como é a sua casa? Como a define?
É uma casa de família, ponto central de reunião com os nossos filhos e netos. Nela existe, na verdade, uma grande energia que, a nós e aos amigos qua a partilham, nos faz sentir muito bem.
O que pensa do mundo?
Sou um otimista. Apesar das questões diárias e a prazo, fruto das maquinações humanas, existe uma grande energia para ultrapassar as malandrices que os Homens fazem uns aos outros. O Homem tem uma capacidade de sobrevivência que lhe permite dar a volta nos momentos mais difíceis, apesar dos estragos e da desgraça que causa.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sem nunhuma dúvida que sim. Naturalmente, poderia ter seguido outros caminhos, mas a minha vida é feliz e cheia e fiz, a maior parte das vezes, aquilo de que gostei, apesar das dificuldades. Fui bafejado com dons profissionais que fui desenvolvendo e que me permitiram ser sempre um dirigente respeitado, seguido e apoiado pelos profissionais com quem trabalhei e onde encontro amigos verdadeiros para sempre.
Como se resolve a crise?
O grave problema atual é essa principal coisa das finanças e da economia. O poder é baseado na conquista cada vez maior de riqueza. Isto é inerente ao próprio Homem. Vamos ter de encontrar uma solução que garanta, genericamente, a disponibilidade de meios suficientes para que a humanidade e cada humano tenha, globalmente, uma vida com a satisfação plena das necessidades básicas. Temos de encontrar líderes capazes de realizar esse plano, ambição profunda de todos nós.
Deus criou o Homem ou foi o Homem quem criou Deus?
Deus, energia superior, não se criou, existe. O Homem intui e sente essa energia superior como algo que, para uns, o enquadra e o completa como ser superior e, para outro, como uma verdade e um sentimento que não conseguem, de todo, negar.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Não mudaria nada daquilo que é o fio condutor da minha existência, os meus sentimentos e procedimentos, a minha prática social, o olhar e ver e considerar cada homem à minha frente como um homem igual a mim.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Estou aposentado. Sou presidente do Rotary Club de Setúbal este ano, logo rotário a tempo inteiro. Ainda alimento a esperança de fazer alguma coisa de natureza profissional. Dedico-me a algumas causas da comunidade e de cidadania.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Terra Santa
Um livro
Tia Susana, meu amor (Alçada Baptista)
Uma música
Pedra Filosofal (António Gedeão, Manuel Freire)
Um ídolo
Não tenho
Um prato
Bacalhau à Zé do Pipo
Um conceito
Respeito por cada Homem, à minha volta