Entrevistas de JoaQuim Gouveia

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Jul 14

 

Com o apoio: HOTEL DO SADO

 

“TEMOS DE ENCONTRAR LÍDERES CAPAZES”

 

Alberto Carlos Vale Rêgo é o presidente do Rotary Club de Setúbal. Portuense de gema dedicou-se, contudo, à vida na cidade do Sado onde tem desenvolvido trabalho meritório. O seu primeiro amor aconteceu aos 12 anos e o primeiro emprego rendeu-lhe um ordenado de 6.500 escudos. Otimista por natureza tem do mundo a ideia de que existe uma grande energia para ultrapassar as malandrices que os Homens fazem uns aos outros. Sobre Deus pensa que é uma energia superior que existe e quanto à crise diz que tem a ver com as finanças e a própria economia. Está aposentado mas dedica-se a causas da comunidade e de cidadania. Adora bacalhau à Zé do Pipo.

 

Como foi a sua infância?

Sou portuense de gema nascido na freguesia do Bonfim. Andei numa escola primária que ficava na Rua Pinto Bessa, em frente à estação de Campanhã. Fui muito bom aluno. Concluí a 4ª classe com distinção. O primeiro “bolo” (reguada), foi na 2ª classe por estar distraído. Passei por algumas dificuldades pelo facto de o meu pai ser um homem doente. No entanto a família teve recursos para que eu pudesse frequentar o liceu. As brincadeiras eram inventadas pela rapaziada como o hóquei com stick de talo de couve e havia um jogo com uma espécie de botões muito semelhante ao Subutteo. De resto jogávamos às escondidas, à apanhada, ao berlinde, futebol e outras brincadeiras da época, muitas vezes na rua.

 

O primeiro amor…

Tive um amor platónico aos 12 anos, por uma rapariga, que ainda durou durante algum tempo. No fundo foi um amor de adolescentes. Depois conheci a minha mulher e aí encontrei o amor para toda a vida.

 

E o primeiro emprego…

Numa fundição na Arrifana. Era diretor de produção e controlo de qualidade. Ganhava 6.500 escudos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa de família, ponto central de reunião com os nossos filhos e netos. Nela existe, na verdade, uma grande energia que, a nós e aos amigos qua a partilham, nos faz sentir muito bem.

 

O que pensa do mundo?

Sou um otimista. Apesar das questões diárias e a prazo, fruto das maquinações humanas, existe uma grande energia para ultrapassar as malandrices que os Homens fazem uns aos outros. O Homem tem uma capacidade de sobrevivência que lhe permite dar a volta nos momentos mais difíceis, apesar dos estragos e da desgraça que causa.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sem nunhuma dúvida que sim. Naturalmente, poderia ter seguido outros caminhos, mas a minha vida é feliz e cheia e fiz, a maior parte das vezes, aquilo de que gostei, apesar das dificuldades. Fui bafejado com dons profissionais que fui desenvolvendo e que me permitiram ser sempre um dirigente respeitado, seguido e apoiado pelos profissionais com quem trabalhei e onde encontro amigos verdadeiros para sempre.

 

 

Como se resolve a crise?

O grave problema atual é essa principal coisa das finanças e da economia. O poder é baseado na conquista cada vez maior de riqueza. Isto é inerente ao próprio Homem. Vamos ter de encontrar uma solução que garanta, genericamente, a disponibilidade de meios suficientes para que a humanidade e cada humano tenha, globalmente, uma vida com a satisfação plena das necessidades básicas. Temos de encontrar líderes capazes de realizar esse plano, ambição profunda de todos nós.

 

Deus criou o Homem ou foi o Homem quem criou Deus?

Deus, energia superior, não se criou, existe. O Homem intui e sente essa energia superior como algo que, para uns, o enquadra e o completa como ser superior e, para outro, como uma verdade e um sentimento que não conseguem, de todo, negar.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudaria nada daquilo que é o fio condutor da minha existência, os meus sentimentos e procedimentos, a minha prática social, o olhar e ver e considerar cada homem à minha frente como um homem igual a mim.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estou aposentado. Sou presidente do Rotary Club de Setúbal este ano, logo rotário a tempo inteiro. Ainda alimento a esperança de fazer alguma coisa de natureza profissional. Dedico-me a algumas causas da comunidade e de cidadania.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Terra Santa

 

Um livro

Tia Susana, meu amor (Alçada Baptista)

 

Uma música

Pedra Filosofal (António Gedeão, Manuel Freire)

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Bacalhau à Zé do Pipo

 

Um conceito

Respeito por cada Homem, à minha volta

 

publicado por Joaquim Gouveia às 07:36

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