Entrevistas de JoaQuim Gouveia

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Set 14

 

“AS TRANSFORMAÇÕES DESTROEM O MUNDO”

 

Artur Jordão é um dos mais conhecidos músicos de Setúbal. Nasceu em Beja, onde conheceu uma infância muito difícil e está radicado na nossa cidade desde que para cá veio para cumprir o serviço militar. É pianista e foi nessa condição que começou no mundo laboral, no Hotel esperança, onde era músico privativo. O mundo causa-lhe tristeza porque o Homem, não sabe viver no conforto e na harmonia. Ter participado numa das edições do Festival RTP da Canção foi um momento alto na sua vida. Pensa que a crise só se resolverá quando houver emprego para toda a gente reativando a economia. Sobre Deus questiona a sua existência preferindo acreditar em Jesus Cristo, como um homem muito à frente no seu tempo. Os Beatlles são os seus ídolos.

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci no hospital de Beja. Tive uma infância difícil. Éramos 9 irmãos. Só o meu pai é que trabalhava, era engraxador e vendia cautelas. Quando ele conseguia realizar algum dinheiro era o único sustento que tínhamos. Lembro-me de ir descalço para a escola mesmo em dias de chuva. Mas apesar de ser muito pobre fui um bom aluno. Consegui chegar ao antigo 7º ano da escola comercial. São recordações difíceis. Não me lembro de nada maravilhoso enquanto fui criança.

 

O primeiro amor...

Foi a minha mulher e tem sido por toda a vida. Namorámos, casámos e temos dois filhos.

 

O primeiro emprego...

No Hotel Esperança, quando vim para a tropa. Era pianista privativo do hotel. Acho que na altura ganhava 8 contos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu local de eleição. Tenho o meu piano. É lá que componho a maioria das minhas músicas. É agradável, confortável, com muito bom ambiente.

 

O que pensa do mundo?  

Da forma como o mundo se encontra entristece-me e o Homem é o principal culpado. Há cerca de 40 ou 50 anos atrás era tudo diferente. Todas as transformações que estão a ser levadas a cabo destroem o mundo, tal como o aquecimento global, a poluição, as guerras e as injustiças. As crises que estamos a viver são reflexo de tudo isto. Há sítios onde não existe qualquer tipo de desenvolvimento e onde impera a fome e a desigualdade.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não. Acho que ainda tenho algumas coisas para fazer. Gostava de saber mais do que aquilo que sei. Trabalho bastante, todos os dias, estudo e tento sempre evoluir, tudo na área da música. Consegui ir ao Festival RTP da Canção e isso deu-me um enorme prazer. Como homem tenho um bom casamento e dois filhos maravilhosos e uma neta e, portanto, penso que de certa forma estou realizado, embora procure mais e melhor da vida.

 

 

Como se resolve a crise?

Criando mais emprego e dando mais oportunidades às pessoas. Se toda a gente tivesse o seu emprego isto resolvia-se mais depressa. A situação atual não contribui para a resolução da crise. Temos que voltar a ativar a economia e os últimos governos não têm sabido gerir de forma correta essa situação e o desenvolvimento do país.

 

Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

O Homem criou Deus. Já fui mais crente mas agora já não estou tão virado para aí. Pode ter havido um Jesus Cristo, um homem muito à frente no seu tempo. Mas Deus?... Quem é Deus?

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Acho que era capaz de mudar algumas coisas para ter melhor vida. Não sei bem o que mudaria, mas que mudava alguma coisa isso é certo

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Trabalho na Igreja do castelo de Palmela, nas exposições e sou músico profissional, quase residente no Hotel Sana, em Sesimbra, como pianista. Dou aulas particulares a vários alunos. No futuro gostava de abrir uma escola de música com várias vertentes onde o teatro também estará presente. Tenho um estúdio de gravação e pretendo continuar a dinamizá-lo.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Brasil

 

Livro

O segredo (Rhonda Byrne)

 

Uma música

Amor, my love (Artur Jordão)

 

Um ídolo

Beatlles

 

Um prato

Bacalhau com natas feito pela minha mulher

 

Um conceito

Viver cada dia o melhor que possa

 

publicado por Joaquim Gouveia às 19:18

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