Entrevistas de JoaQuim Gouveia

15
Set 14

 

Com o apoio: HOTEL DO SADO

 

“FUI O MODELO DAS MEIAS DE CAMPINO DO PRÍNCIPE CARLOS”

 

Aureliano Carvalho é uma figura bem conhecida na vila de Palmela. Beirão por nascimento, teve uma passagem por Alverca do Ribatejo radicando-se, mais tarde e em definitivo na vila que elege como o melhor destino do mundo. A sua vida profissional começou aos 14 anos, como aprendiz nas OGMA, oportunidade que agarrou por toda a sua vida ligada ao mundo do trabalho. A sua mulher foi o primeiro e grande amor da sua vida. Pensa que a crise não tem solução porque é cíclica. Para si o mundo é como o corpo humano, tem tudo para ser aproveitado mas o Homem teima em destruí-lo. Sobre Deus diz que existe um para cada cultura. Hoje, reformado, passa os ensinamentos de uma intensa vida profissional aos mais jovens e dedica muito tempo às causas da cidadania.

 

Como foi a sua infância?

Foi uma infância riquissima porque nasci numa aldeia beirã chamada Pêga, entre a Guarda e o Sabugal. Saí de lá com apenas 7 anos porque o meu pai, que era manufator de calçado e comerciante, percebeu que aquela aldeia não tinha futuro para os filhos. Éramos 5 irmãos. Fomos, então, morar para Alverca do Ribatejo, onde estive até aos 28 anos. Entretanto, quando tinha 8 anos assisti à morte do meu pai com grande desgosto, como é natural. A partir daí as coisas tornaram-se um pouco mais complicadas. A minha mãe tornou-se no pilar da casa. Ela fazia meias para os campinos, era uma excelente artesã. Recordo-me que na visita da Rainha Isabel II, a Portugal, fui o modelo para as meias de campino que foram oferecidas ao príncipe Carlos, pelo município de Vila Franca de Xira.

 

O primeiro amor...

Foi a minha mulher que conheci há 52 anos, no casamento de um dos meus irmãos. Eu tinha 17 anos e ela 15. Foi amor à primeira vista e tão forte que tem durado uma vida inteira. Existem duas palavras que costumo transmitir a toda a gente: respeito e tolerância.

 

O primeiro emprego...

Aconteceu aos 14 anos. Entrei nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), em Alverca, como aprendiz e sem vencimento, só tinha direito ao almoço. Foi um emprego que me deu um enorme futuro profissional.

 

Como é a sua casa? Como a define?

O melhor local do mundo para viver e onde procuro ter paz, amor e conforto.

 

O que pensa do mundo?

O mundo está muito bem concebido mas tenho pena que o Homem, pelas suas caraterísticas, o destrua dia após dia. O mundo é como o corpo humano, tem tudo. O mundo tem tudo de bom para aproveitarmos, mas o Homem teima em destruí-lo.

 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

A vida é composta por objetivos que vamos realizando fase após fase. Sendo assim, nunca estou realizado. Todos os dias estabeleço objetivos mais interessantes que não têm a ver com o materialismo. Sou um homem de valores.

 

 

Como se resolve a crise?

Primeiro temos que definir o que é a crise. Os orientais dizem que qualquer crise traz novas oportunidades. Nesta altura são as organizações financeiras quem está a lucrar com a crise. A crise não se resolve porque é cíclica. Tudo isto tem a ver com a formação cívica das pessoas. Temos que nos preocupar mais com o coletivo do que com o individual, ou seja, mais com o “Nós”, do que com o “Eu”.

 

Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Sou religioso de formação católica. O Homem precisa de ter alguma orientação espiritual. Há um deus diferente para cada cultura. Sendo assim, cada um vai procurar ter algo em que possa acreditar. Acho que o Homem criou o seu deus. Eu também tenho que ter a minha âncora.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Nada. Quando tomamos uma decisão deve ser suportada por alguns dados. Portanto, todas as minhas decisões foram ponderadas. No entanto, se nem tudo correu bem terá sido apenas por mero acaso. Logo, não mudaria nada porque tudo foi ponderado.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Estou reformado. De resto vou transmitindo aos jovens a experiência adquirida durante 55 anos de intensa atividade profissional. Por outro lado sou voluntário na Academia dos saberes, em Palmela e na Quinta do Anjo. Sou, ainda presidente da Assembleia Geral da Sociedade Humanitária. Em representação do Conservatório Regional de Palmela, faço parte do Conselho Geral da Escola Secundária de Palmela. Pretendo ainda fazer tudo o que for de interesse para a cidadania.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Palmela

 

Livro

O principezinho (Antoine de Saint-Exupéry)

 

Uma música

Pedra filosofal (Manuel Freire)

 

Um ídolo

A minha mãe

 

Um prato

Arroz de tomate

 

Um conceito

Não fazer aos outros aquilo que não quero que façam a mim

 

publicado por Joaquim Gouveia às 12:31

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