“O MUNDO ESTÁ TORNAR-SE IMPREVISÍVEL”
O Eng. Luis Rodrigues é vereador na Câmara Municipal de Setúbal, em representação do PSD. As suas origens remontam a Turquel – Alcobaça, mas viveu entre a Cova da Piedade e o Seixal, onde hoje reside. No colégio, ainda criança completou o ensino básico sempre com notas a merecer destaque no quadro de honra. O seu primeiro emprego apenas lhe deu experiência e na sua casa tem um painel com a representação do Cabo das Tormentas. Acredita que o mundo está em mudança acelerada e que a sede de poder origina ganância e desigualdades no mundo ocidental. É católico e crente em Deus. Se pudesse voltar atrás nada mudaria na sua vida e acredita que a crise nos acompanha há mais de um século. O seu livro preferido são “Os Maias”, de Eça de Queirós.
Como foi a sua infância?
Nasci na maternidade Magalhães Coutinho, onde estive na incubadora durante 15 dias. Depois fui para casa dos meus avós paternos na Cova da Piedade. Com 3 meses fui para o Feijó e aos 3 anos para o Fogueteiro. Fiquei lá até aos 13. A minha origem é de Turquel – Alcobaça. Brincava muito na rua, andava de bicicleta. Frequentei o colégio Novo Dia, onde concluí o ensino primário. Estive sempre no Quadro de Honra do colégio. Os meus pais eram pequenos empresários. A fábrica deles ardeu completamente o que tornou a nossa vida um pouco mais difícil.
O primeiro amor…
Foi no colégio, com 8 anos e ela nem sabia. Chamava-se Kity e morava na Cova da Piedade.
E o primeiro emprego…
Num gabinete de engenharia e arquitetura em Almada. Fazia arquivo e, mais tarde comecei a desenhar. Tinha horário de trabalho mas não ganhava nada a não ser experiência.
Como é a sua casa? Como a define?
É demasiadamente grande. Tem o que preciso e fica no Seixal. Está perto da família. É confortável. A decoração foi feita por mim e pela minha mulher. Os meus filhos moram connosco. Tenho um painel na entrada de uma parte interior (no hall), com a imagem do Cabo das Tormentas, desenhado pelo Pedro Fortuna, da Quinta do Anjo.
O que pensa do mundo?
Neste momento está numa mudança aceleradissima que nós não conseguimos compreender e acompanhar. Para os ocidentais há cada vez menos fronteiras. Há cada vez mais desigualdades, ganância e sede de poder. O mundo está a tornar-se imprevisível. Por outro lado o ocidente que era o centro do mundo diminuiu a sua grande influência e tende a equilibrar-se com o resto do globo. Nós, ocidentais queríamos criar o mundo à nossa imagem e esse espirito não está a ser assimilado pelo resto dos países. O ocidente está numa encruzilhada porque tem poder e não está a saber usá-lo à escala global onde, por exemplo, a situação na Ucrânia está a ser mais que evidente.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Nunca me sinto realizado. Apesar de ter muita experiência é importante uma busca contínua. Se a nível pessoal estivermos num bom plano tudo o resto é enfrentado de forma mais fácil. O refúgio no trabalho não resolve nada.
Como se resolve a crise?
Acho que “Os Maias”, de Eça de Queirós continua muito atual. E aconselho toda a gente a ler até ao fim. Aquele povo somos nós. A crise acompanha-nos há mais de um século. Ainda não encontrámos forma para a resolver mas tenho esperança que cada um de nós tenha força, motivação e coragem para contribuir para a sua resolução. No entanto, como povo passamos de um estado de grande depressão a grande euforia.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Deus criou o Homem. Sou católico. Entendo que tem que haver mais alguma coisa para além disto. Eu tenho espiríto e alma. Aliás, todos temos.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Nada de significativo. Pequenas coisas apenas. Seria sempre quem sou.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Sou vereador na Câmara Municipal de Setúbal, conselheiro nacional do PSD, faço parte da plataforma “Forum democracia e sociedade”, sou engenheiro civil, gestor de uma pequena carpintaria, marido e pai. O futuro a Deus pertence. Tento fazer o melhor naquilo que faço.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Timor
Um livro
Os Maias (Eça de Queirós)
Uma música
Surrender (Cheap Trik)
Um ídolo
Não tenho
Um prato
Codorniz estufada
Um conceito
Justiça, solidariedade e amizade