“SEMPRE ME ENTREGUEI COM LEALDADE E EMPENHO”
Carlos Pésinho nasceu em Setúbal mas radicou-se na vila de Palmela, onde foi autarca. Aos cinco anos de idade já sabia ler e escrever e dar o lanche a um colega que passava necessidades. Seriedade, honestidade e solidariedade fazem parte do seu estatuto de integridade. É um apaixonado pela leitura. Diz que é necessário esperar pelas gerações vindouras para acabar com as crises e que o mundo está bastante conturbado. Não se arrepende do percurso que trilhou. Hoje está reformado mas muito ativo. Álvaro Cunhal é o seu ídolo, gosta de ouvir Carlos do Carmo e não dispensa um bom cozido à portuguesa.
Como foi a sua infância?
Nasci em Setúbal, na freguesia de Sta. Maria da Graça. Recordo-me bastante do meu avô Flávio Pésinho, que me ensinou os princípios da seriedade, da honestidade e do respeito. Frequentei as aulas de uma mestra que me ensinou a ler e a escrever de tal maneira que aos 5 anos de idade já lia o jornal “O Setubalense”, ao meu avô e depois já era eu quem corrigia os testes dos meus colegas. Tinha muitos amigos. Lembro-me que dava o meu lanche a um sobrinho da mestra que tinha muitas necessidades. Brincava com os rapazes da minha rua ao berlinde, futebol e outros jogos.
O primeiro amor...
Era a filha de um marítimo, muito bonita. Eu devia ter 12 anos e ela era um pouco mais velha. Fui correspondido mas o namoro não durou muito tempo.
O primeiro emprego...
Na oficina automóvel do meu tio. Ganhava 20 escudos por semana.
Como é a sua casa? Como a define?
É uma casa acolhedora e agradável. É o meu refúgio onde me sinto bastante bem.
O que pensa do mundo?
Está bastante conturbado. Infelizmente não há líderes à altura para o apaziguamento. Mas há exceções e quero falar das nossas famílias, da minha e dos meus filhos. Somos um exemplo de solidariedade e fraternidade.
Sente-se realizada humana e profissionalmente?
A cem por cento. De todas as mudanças que fiz não me arrependo de nenhuma. Sempre me entreguei com lealdade e empenho.
Como se resolve a crise?
É necessária uma nova mentalidade das gerações vindouras. Pelo menos é nisso que deposito esperança.
Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?
Descendo de uma família católica mas hoje coloco reservas à existência de um deus que não ilumina os Homens para o desarmamento e para o fim da fome no mundo.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Tal como referi numa questão anterior não mudaria nada. Tudo o que fiz foi de acordo com a minha consciência.
O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?
Estou reformado mas não parado. Faço caminhadas, leio, escrevo, faço bricolage e convivo com a família e os amigos.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Trilogia: Palmela, Setúbal e Algarve
Livro
Rumo à vitória (Álvaro Cunhal)
Uma música
Canoas do Tejo (Carlos do Carmo)
Um ídolo
Álvaro Cunhal
Um prato
Cozido à portuguesa
Um conceito
Seriedade, honestidade e solidariedade