Entrevistas de JoaQuim Gouveia

06
Jan 18

“SEMPRE ME ENTREGUEI COM LEALDADE E EMPENHO”

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Carlos Pésinho nasceu em Setúbal mas radicou-se na vila de Palmela, onde foi autarca. Aos cinco anos de idade já sabia ler e escrever e dar o lanche a um colega que passava necessidades. Seriedade, honestidade e solidariedade fazem parte do seu estatuto de integridade. É um apaixonado pela leitura. Diz que é necessário esperar pelas gerações vindouras para acabar com as crises e que o mundo está bastante conturbado. Não se arrepende do percurso que trilhou. Hoje está reformado mas muito ativo. Álvaro Cunhal é o seu ídolo, gosta de ouvir Carlos do Carmo e não dispensa um bom cozido à portuguesa.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal, na freguesia de Sta. Maria da Graça. Recordo-me bastante do meu avô Flávio Pésinho, que me ensinou os princípios da seriedade, da honestidade e do respeito. Frequentei as aulas de uma mestra que me ensinou a ler e a escrever de tal maneira que aos 5 anos de idade já lia o jornal “O Setubalense”, ao meu avô e depois já era eu quem corrigia os testes dos meus colegas. Tinha muitos amigos. Lembro-me que dava o meu lanche a um sobrinho da mestra que tinha muitas necessidades. Brincava com os rapazes da minha rua ao berlinde, futebol e outros jogos.

 

O primeiro amor...

Era a filha de um marítimo, muito bonita. Eu devia ter 12 anos e ela era um pouco mais velha. Fui correspondido mas o namoro não durou muito tempo.

 

O primeiro emprego...

Na oficina automóvel do meu tio. Ganhava 20 escudos por semana.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa acolhedora e agradável. É o meu refúgio onde me sinto bastante bem.

 

O que pensa do mundo?

Está bastante conturbado. Infelizmente não há líderes à altura para o apaziguamento. Mas há exceções e quero falar das nossas famílias, da minha e dos meus filhos. Somos um exemplo de solidariedade e fraternidade.

 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

A cem por cento. De todas as mudanças que fiz não me arrependo de nenhuma. Sempre me entreguei com lealdade e empenho.

  

Como se resolve a crise?

É necessária uma nova mentalidade das gerações vindouras. Pelo menos é nisso que deposito esperança.

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Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Descendo de uma família católica mas hoje coloco reservas à existência de um deus que não ilumina os Homens para o desarmamento e para o fim da fome no mundo.

 

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Tal como referi numa questão anterior não mudaria nada. Tudo o que fiz foi de acordo com a minha consciência.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Estou reformado mas não parado. Faço caminhadas, leio, escrevo, faço bricolage e convivo com a família e os amigos.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Trilogia: Palmela, Setúbal e Algarve

 

Livro

Rumo à vitória (Álvaro Cunhal)

 

Uma música

Canoas do Tejo (Carlos do Carmo)

 

Um ídolo

Álvaro Cunhal

 

Um prato

Cozido à portuguesa

 

Um conceito

Seriedade, honestidade e solidariedade

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 14:51

“O IMPORTANTE NÃO É O DESTINO MAS A VIAGEM”

Foto.jpgO Dr. Arlindo Mota é um beirão radicado em Setúbal, desde há muitos anos. Frequentou a escola dos Ferroviários, em Moscavide, onde morou na infância. Ali conheceu Vitor Constâncio e, mais tarde, nos seus tempos académicos privou com diversas personalidades da política e da cultura nacional. Foi sócio de uma livraria onde conheceu o seu primeiro emprego. Não arrisca previsões sobre o mundo e pensa que a grande dúvida está no posicionamento da sociedade perante a inteligência artificial. Adora a obra de José Afonso e de Aquilino Ribeiro. É adepto da chanfana beirã, não tem ídolos e o seu destino preferido é Itália.

 

Como foi a sua infância?

Nasci no Troviscal, Oliveira do Bairro. A minha família foi morar para Lisboa, quando eu tinha um ano de idade. Morávamos em Campolide, onde estudei na escola dos Ferroviários, onde fui um bom aluno. O meu pai acompanhava-me muito nos estudos. Praticava basquetebol e ginástica. Recordo-me de brincadeiras como o jogo da carica, berlinde e o andar ao arco, entre outros. Fui colega do Victor Constâncio, que também frequentava a mesma escola.

 

O primeiro amor...

Tenho um pequeno texto sobre o tema. Foi um amor pueril, próprio da idade.

 

O primeiro emprego...

Fui sócio de uma livraria em Moscavide, que depois passou para perto da Portugália e que se chamava “A corda”.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É um apartamento de classe média, confortável, onde tenho um escritório privado.

 

O que pensa do mundo?

A minha vida é como a metáfora da escada em caracol onde em cada degrau o mundo se torna mais vasto e eventualmente menos próximo. Pensamos que o que era preto é cinzento e o branco tem máculas. Isto significa o preço da maturidade. Hoje são mais os fatores de opacidade que os de transparência. O mundo hoje é muito mais complexo onde é difícil arriscar qualquer previsão.

 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

Sinto que tenho tido uma vida extremamente preenchida onde tive oportunidade de conhecer muita gente de qualidade. Mas entendo todos estes percursos como o importante não é o destino mas a viagem.

  

Como se resolve a crise?

Há crise em todos os momentos. Tendo uma visão da história sempre houve crises. Os valores e as economias alteram-se. Estamos a viver um momento de inquietação, de positividade, um momento em que as pessoas se sentem cansadas e não sabem porquê. Hoje estamos numa sociedade líquida. Neste momento o grande desafio é perceber como é que a sociedade se vai posicionar perante a inteligência artificial.

 

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Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Não tenho convicções absolutas. Estou numa posição de reflecção permanente relativamente ao fenómeno que é a existência de um ser sobrenatural sendo que tal facto, existência ou não existência, não altera os meus valores. Não tenho certezas mas mantenho uma visão de grande compreensão sobre um fenómeno humano que é o da religiosidade.

 

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Tive a angústia de viver um período muito difícil mas muito rico da nossa história. Atravessei uma ditadura estando do lado do “não”. Fui dirigente estudantil. Vivi o fim do fascismo e o começo da democracia de Abril. Vivi o aparecimento dos partidos políticos. Obviamente mudava alguma coisa mas teria que ter o poder que é atribuído a Deus. No fundamental creio que tive uma vida coerente e empenhada pautada em valores de índole simultaneamente rural e cosmopolita.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Sou presidente da Universidade Sénior de Setúbal. Sempre fui um construtor de projetos. Valorizo as instituições a que pertenço e aprofundo os diversos projetos de escrita ficcionais ou de investigação em que estou permanentemente empenhado.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Itália

 

Livro

A grande casa de Romarigães (Aquilino Ribeiro)

 

Uma música

A obra de José Afonso

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Chanfana Beirã

 

Um conceito

Honestidade, transparência e coerência no respeito pelos outros

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 14:46

“ESTIVE SEMPRE LIGADO ÀS INSTITUIÇÕES, ÀS PESSOAS E À CIDADE”

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António Alves sente-se um homem realizado na plenitude da sua vida profissional e pessoal. Sente que sempre esteve ligado às instituições, às pessoas e à cidade de Setúbal, através dos inúmeros cargos que desempenhou vida fora. Nasceu em Vendas Novas, mas rumou à nossa cidade, com apenas três anos de idade. Frequentou a antiga escola do Sousa e o Colégio Frei Agostinho da Cruz. Viajou pelo mundo mas sempre privilegiou o regresso a casa e à cidade. É um homem de fé mas acredita que é necessário ter cuidado com as novas tecnologias que podem abalar a fé do Homem.

 

Como foi a sua infância?

Tive uma infância feliz, embora a época difícil que se vivia não ajudasse muito. Nasci em Vendas-Novas, em 1932. Vim para Setúbal com 3 anos de idade e não mais saí daqui. Frequentei a antiga Escola Primária do Sousa, onde fui bom aluno. Tirei o curso Geral de Comércio e frequentei o Colégio Frei Agostinho da Cruz para fazer exame ao Instituto Comercial de Lisboa. Fui sempre criança de brincar na rua com os muitos amigos que sempre tive (jogávamos á bola, ao eixo-rebaldeixo e outras brincadeiras da época). Tenho 2 irmãos. Naquela tempo a cidade tinha cêrca de 30 mil habitantes e todos nos conhecíamos.

 

O primeiro amor…

Foi um namoro de criança que se perdeu nas brincadeiras do tempo…

 

E o primeiro emprego…

Foi como responsável por dois barcos pesqueiros pertença do grupo Banco Borges & Irmão. Foi uma experiência dignificante onde conheci e senti os problemas e a vida difícil dos nossos pescadores.  Quanto a vencimento não tenho presente o valor.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa acolhedora no centro da cidade. Tem uma decoração simples, que sempre esteve a cargo da minha mulher


O que pensa do Mundo?

Penso muito mal. A europa deveria ser uma UNIÃO de países que justificasse uma vida económica mais coesa, mais solidaria e, portanto, mais calma e melhor. O Mundo e os blocos que o constituem vai passar por alguns desentendimentos face á China, a Rússia, é Índia e ao Brasil, com Angola na peugada.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Totalmente. Acho que também tive alguma sorte no caminho. Toda a minha vida esteve ligada á água, desde os tempos de escola em que tomava banho na doca. Quando chegou a idade mais adulta, fui director do Clube Naval Setubalense e quando trabalhei no Grupo CUF a minha ligação profissional foi com navios e o Cais das Fábricas do Barreiro. Na sequência fui Administrador da Socarmar, empesa operadora de Cargas e Descargas de navios no Porto de Lisboa e, aqui em Setubal, como Administrador da Setefrete, empresa de Operações Portuárias. Como vê sempre actividades ligadas ao mar (água).

 

Como se resolve a crise?

Tudo seria evitado se não tivéssemos entrado na União Europeia, embora considere que, hoje, já não era possível vivermos fora dela.Em minha opinião a Europa devia ter-nos ajudado a minorar a crise mas optou por nos fazer exigências que não podíamos nem podemos aceitar. Devíamos ser respeitados pelos países que estão connosco na EU, com soluções mais solidárias (empréstimos a juros comportáveis e aceitáveis) que nos permitissem desenvolver investimentos e desenvolvimento económico e a criação de postos de trabalho, para dignidade das pessoas que tiveram de estender a mão á caridade.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou um Homem de Fé e acredito que há algo muito superior a nós a quem chamamos Deus. Mas o Homem sempre quis ser livre e mostrar que está de passagem pela Terra para a desenvolver e melhorar a condição humana. Mas, lembro, que se deverá ter todo o cuidado com o Mundo actual. É necessário ter cuidado com as novas tecnologias porque a nossa Fé pode vir a ser abalada e aí, nem Deus nos salvará. Então quem nos salvará?

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Nada. Arrependo-me apenas de não ter completado os meus estudos pós colégio. De resto não mudaria nada.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Estive sempre ligado ás pessoas, ás Instituições e á cidade através da minha participação em variadíssimas Associações de Solidariedade Social, Desportivas, Culturais e de Ensino. Hoje faço parte de uma Associação Cívica “POR SETÚBAL”.  Fui Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome do Distrito de Setúbal. Estive no Vitória Futebol Clube, no Clube Naval Setubalense. Na acividade política desempenhei vários cargos: Presidente da Junta de Freguesia da Anunciada. Deputado Municipal por inerência de funções. Presidente do Centro Coordenador do Trabalho Portuário de Setúbal (Cargos que exerci graciosamente, dispensando os honorários ou avenças a favor desses Organismos). Exerci, também, o cargo de Deputado á AR.



CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

 Portugal

 

Um Livro:

 Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley)

 

Uma Música:

 O Coro dos Escravos (Giussepe Verdi)

 

Um Ídolo:

Helmut Kohl

 

Um prato:

Sardinhas assadas

 

Um conceito:

Honestidade/Solidariedade

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 14:40

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