"NINGUÉM EXPLICA O MOMENTO EM QUE VIVEMOS"
Susana Martins é uma fadista setubalense segura de si e dos seus ideais. Teve uma infância de quedas e trambolhões, ou como quem diz de muita brincadeira na companhia do irmão. Começou a trabalhar na Vista Alegre e tem o seu porto de abrigo numa casa da quinta que os pais têm em Palmela. Sobre o mundo diz que as pessoas já não o respeitam e que não há coerência. Embora ainda jovem sente-se uma mulher realizada e acredita que Deus explica as teses da ciência sobre o ser humano. Adora França e Amália é o seu ídolo.
Como foi a sua infância?
Foi cheia de quedas e trambolhões como todas as crianças felizes. Passei muito tempo com os meus avós maternos no campo, em Cajados. Recordo-me da minha avó vender frutas e legumes da nossa horta na praça da Camarinha. Eu e o meu irmão fartávamo-nos de ajudar. Na escola primária fui uma boa aluna. Tive as brincadeiras normais como subir às arvores, andar de bicicleta, ir às amoras e aos figos. Brincava muito com o meu irmão.
O primeiro amor…
Foi por um primo. Era apaixonada por ele. Eu devia ter 8 ou 9 anos. Era o meu príncipe encantado mas ele tinha muito mais idade que eu.
E o primeiro emprego…
Na Vista Alegre/Casa Alegre, na estrada da Boa Morte. Era gerente, vendedora e vitrinista. Ganhava 620 euros.
Como é a sua casa? Como a define?
Sempre foi a casa dos meus pais e sempre será porque somos muito unidos. O meu pai costuma dizer que somos um castiçal com quatro velas acesas. É um apartamento de 5 assoalhadas muito acolhedor. Temos uma quinta em Palmela, que é mesmo o meu porto de abrigo.
O que pensa do Mundo?
As pessoas deixaram de o respeitar, não têm tempo para ele. Isto gera individualismo e inveja. Ninguém sabe explicar o momento que vivemos, ninguém sabe o que quer. Muda-se de opinião de dez em dez minutos. Não há coerência.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Pessoalmente sinto-me. Profissionalmente estou no bom caminho porque adoro o que faço e só faço o que gosto.
Como se resolve a crise?
Enquanto as pessoas quiserem resolver a sua própria crise não há solução.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Acredito na ciência e nas suas explicações para o surgimento do ser humano, assim como penso que se não fosse Deus, não havia esse desenvolvimento. Afinal quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha? ...
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Nada. Tudo o que nos acontecer serve para moldar-nos a nossa personalidade. Como gosto de quem sou nada mudaria.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Cantar, cantar, cantar. Sou fadista. Vou lançar um CD de duetos em breve com o André Patrão. O próximo álbum de fados deve estar na rua em março de 2019.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino:
França
Um Livro:
Encontro-me (Cecília Gomes)
Uma Música:
Never enough (Loren Allred)
Um Ídolo:
Amália
Um prato:
Bacalhau com natas
Um conceito:
Vive o mais que puderes