"QUANDO ERA CRIANÇA NÃO HAVIA BULLYNG"
O arquiteto Eduardo Carqueijeiro é um ambientalista perfeitamente entrosado com os problemas reais do planeta. Cresceu ao sabor da brincadeira e da boa disposição que os seus tempos de criança lhe proporcionaram. Começou a trabalhar enquanto acabava os seus estudos de arquitetura. Acredita que o mundo está desregulado porque o Homem não sabe para onde vai. Preocupa-se com as questões do clima no planeta e pensa que as crises só se resolvem com gente capaz. Para si acreditar em Deus é uma subjetividade de cada um. Não se sente realizado e diz que a plenitude é impossível de alcançar. Gosta de ler Carl Sagan.
Como foi a sua infância?
Sou natural de Setúbal. Tenho boas memórias de uma cidade calma em que ia a pé de casa para a escola. Frequentava a Academia Luísa Todi. O Largo de Jesus era um local muito agradável rodeado de árvores. Na escola primária fiz o que me competia. Tenho excelentes recordações das brincadeiras e da boa disposição dos colegas. Não havia bullying nem se falava em tal coisa…
O primeiro amor…
Foi complicado… Abriu a vida para outras questões e dúvidas até aí inexistentes.
E o primeiro emprego…
Foi bom. Na Câmara Municipal de Santiago do Cacém, onde era desenhador. Ainda frequentava o curso de arquitetura em Lisboa. Era muito bem pago.
Como é a sua casa? Como a define?
É uma casa acolhedora. Sou muito de viagens. A minha casa é sempre o sítio de retorno e de partidas.
O que pensa do Mundo?
Está completamente desregulado por quebra das regras existentes e por não sabermos para onde vamos. Tudo isso cria a ambiguidade gigantesca em que vivemos. As questões do clima do planeta estão-nos a ultrapassar por muita tecnologia que tenhamos.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Não me sinto realizado. Acho que ainda não atingi o que sonhava, o que queria para a minha vida e para o mundo. É impossível atingir a plenitude.
Como se resolve a crise?
As crises resolvem-se com gente capaz que sabe o que faz e consegue fazer. Claro que há gente capaz mas anda de certa forma perdida.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Acredito em Deus mas sou um homem ligado à ciência. Acreditar em Deus, não deixa de ser uma subjetividade de cada um. Penso que Deus existe dentro de nós e a ciência explica a evolução das espécies e do surgimento do ADN.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Não mudaria nada porque não gosto de voltar atrás. O que está feito é passado e não há nada a alterar nem pode ser alterado.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Trabalho na área ambiental quer em Portugal no ICNF, como no estrangeiro com o PNUD. Também sou pintor e procuro tirar partido desta vertente da arte porque me dá mais visão se a articular com as matérias da ciência. No futuro pretendo continuar com estas atividades e com esta visão alargada do mundo.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino:
Montanhas e praia
Um Livro:
Livros de ciência e cosmologia do Carl Sagan
Uma Música:
Peter Gabriel
Um Ídolo:
O meu pai
Um prato:
Bacalhau
Um conceito:
Liberdade e transparência