"O MUNDO É UMA JANELA DE OPORTUNIDADES"
Maria João Camolas é desde muito nova uma ativista em prol dos valores da amizade, da solidariedade e do associativismo. No presente preside às Festas das Vindimas de Palmela, sua terra natal da qual guarda enormes recordações dos tempos de criança quando brincava pelas ruas da vila e corria atrás das carroças que na altura ainda marcavam presença visível. Recuperou a casa dos seus avós e é com um sorriso rasgado que diz que é por lá que agora os seus filhos crescem no seio de uma família feliz. Acredita que o mundo é uma janela de oportunidades e que foi Deus, quem criou o Homem. Gostava de visitar o Oriente e gosta de comer pastas e risotos com vinho de Palmela..
Como foi a sua infância?
Nasci no antigo hospital de Palmela. A minha infância foi muito feliz e isso devo a toda a minha família. Tenho ótimas recordações da escola primária com a professora Ana Maria, de quem era vizinha e com quem ia todos os dias para a escola. Ela chamava-me de D. Joaninha. Era boa aluna, divertida e sempre muito amiga. Tinha muitas brincadeiras com os amigos pelas ruas de Palmela. Naquela altura ainda haviam carroças na vila e quando regressavam dos trabalhos no campo corríamos para aproveitar a boleia. Lembro-me bem dos Verões quentes e dos dias intermináveis. Nos Santos Populares íamos de porta em porta e pedíamos uma esmolinha para o Santo António, para fazer o arraial na Rua, os tradicionais petiscos e pular a fogueira. Antigamente fazíamos muitos mandados, lembro-me de ir comprar o pão ao Solas e o Leite ao Maurício (deve ter sido a ultima leitaria em Palmela), vezes sem fim.
O primeiro amor…
Foi por um amigo de infância. Hoje somos amigos. Cada um seguiu o seu caminho.
E o primeiro emprego…
Na Sociedade Cruz & Companhia S.A., do sector vitivinícola, em Olhalvo-Alenquer. Na altura deveria ganhar aproximadamente 700 euros mais o carro da empresa. Fazia o controlo de qualidade da produção e laboratório.
Como é a sua casa? Como a define?
É o melhor do mundo, o meu porto seguro. Consegui recuperar a casa dos meus avós que é onde vivo atualmente. Foi ali que a minha mãe e a minha tia nasceram, onde eu, o meu irmão e os meus primos fomos criados e onde os meus filhos crescem. Tenho excelentes memórias das várias vivências de muitas gerações familiares e que deixam saudades.
O que pensa do Mundo?
É uma janela de oportunidades. Gosto sempre de ver a parte boa das coisas. O mundo é um lugar sem igual, mas onde ainda temos muito por fazer, tem muito para ser trabalhado e melhorado e, sobretudo, precisa de se humanizar mais. O mundo é um lugar de recursos naturais e precisa de pessoas humanas e participativas para que seja um lugar melhor. O mundo necessita de amor, justiça e verdade.
Sente-se realizada humana e profissionalmente?
Sinto-me realizada mais humanamente do que profissionalmente porque acho que ainda tenho muito para dar. Sinto um desassossego interior que me faz aprender e caminhar mais. Espero ter uma vida longa que me permita concretizar objectivos e alguns sonhos, mas acima de tudo que me permita ser útil aos outros.
Como se resolve a crise?
Com pessoas capazes e com uma vontade grande de resolver a crise.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Acredito num Deus maior. Sou católica e penso que Deus criou o Homem.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Acho que não mudaria nada porque sinto que está tudo bem feito.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Sou técnica de certificação de vinhos na CVR-Península de Setúbal, responsável pela Câmara de Provadores, confrade da Confraria do Moscatel de Setúbal, presidente da Associação das Festas de Palmela-Festas das Vindimas, vice-presidente da Assembleia Geral da Sociedade Filarmónica Humanitária e membro da Assembleia Municipal de Palmela. O futuro a Deus pertence, mas gosto da ideia, de poder continuar a trabalhar em prol do associativismo e da minha comunidade.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino:
Coreia, Vietname, Tailândia, Laos, Camboja, Tibete
Um Livro:
Comer, orar, amar (Elizabeth Gilbert)
Uma Música:
Não deixe o Samba Morrer (Maria Rita)
Um Ídolo:
A família
Um prato:
Pastas e Risotos e um bom vinho de Palmela
Um conceito:
Viver como se fosse morrer amanhã, aprender como se fosse viver para sempre