Entrevistas de JoaQuim Gouveia

16
Nov 18

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"O FADO É A MINHA TERAPIA"

 

Eugénio Almeida é fadista amador. Trabalha na bem conhecida Casa Farelo, onde iniciou a sua atividade laboral com apenas 14 anos de idade. Teve uma infância feliz. Pensa que há muita revolta no mundo e que o planeta reage com catástrofes às adversidades e atropelos. Ainda não se sente totalmente realizado porque sabe que tem que atingir outras metas. Quer voltar a ser pai o que o deixaria imensamente feliz. Não sabe o que é viver sem crise e acha que os portugueses são uns vitoriosos porque é necessária coragem para viver neste país. O fado é a sua terapia.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal, no Hospital de S. Bernardo e fui criado no Casal das Figueiras. Posso dizer que tive uma infância feliz. Os meus pais sempre se deram muito bem e isso tornou-nos muito felizes. Não fui grande aluno na escola primária mas aprendi o que tinha para aprender. Lembro-me de jogar ao pião, ao ferrinho, ao lá vai alho e outras brincadeiras próprias das crianças.

 

O primeiro amor…

Foi pela mãe das minhas filhas.

 

E o primeiro emprego…

Na casa Farelo. Vim para cá em dezembro de 1983, com 14 anos de idade. Comecei por ganhar 8 contos mensais.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o miminho, onde me sinto mesmo bem. É acolhedora e tranquila. É sem dúvida o meu porto de abrigo. Moro no Montalvão.


O que pensa do Mundo?

Há muita revolta no mundo. O planeta parece estar a dar resposta com tantas catástrofes. As pessoas não entendem que fazem as guerras e outros atropelos ao mundo e que isso se paga caro.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Ainda não. Tenho que atingir outras metas e outros valores. Tenho quatro filhas e dois netos. Gostava de ser pai novamente. Se Deus me conceder essa ventura era um homem imensamente feliz.

 

Como se resolve a crise?

É preciso ter muita coragem para se viver neste país. Os portugueses são uns vitoriosos. A nossa crise é muito grande. Eu já nasci com o país em crise e acho que não sabemos o que é viver sem crise. Desde que me lembro sempre ouvi falar da crise e acho que morrerei a ouvir falar dela

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Creio que Deus criou o Homem. Penso que não viemos ao mundo por acaso.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Talvez mudasse alguma coisa, sobretudo, no início da minha vida.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Trabalho na casa Farelo e sou fadista amador. No futuro quero continuar a cantar o fado que é a minha terapia.


CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Índia

 

Um Livro:

As 5 pessoas que você encontra no céu (Mitch Albom)

 

Uma Música:

Scorpions

 

Um Ídolo:

Fernando Maurício

 

Um prato:

Sardinhas assadas

 

Um conceito:

Cuida da tua vida e deixa a dos outros

 

 

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 10:32

14
Nov 18

 

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"FUI APANHADO PELA CRISE"

 

José Cardoso é presidente da Sociedade Musical e Recreativa União Setubalense. Teve uma infância difícil, de trabalho e com pouca brincadeira. Viveu com os avós e ajudava na carpintaria que estes possuíam parta além da criação de porcos. O seu primeiro vencimento aconteceu por volta dos 12 anos. Gosta de estar em casa mas a sua paixão pelo associativismo leva-o a manter-se à frente dos destinos de uma coletividade centenária. Pensa que há liberdade a mais que as gerações mais jovens não sabem respeitar. Foi apanhado pela crise e teve de abandonar um lugar de chefia numa multinacional para abrir um mini mercado. Gosta da Áustria e a sua filha é o seu ídolo.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal, no Hospital de S. Bernardo. Fui criado pelos meus avós na zona do antigo bairro Carmona. Andei na escola do bairro mas não fui grande aluno porque ajudava muito o meu avô na carpintaria. Ele também tinha criação de porcos. Todos ajudávamos. Mas fiz a escola até à 4ª classe. Brinquei pouco porque quando saía da escola tinha que ir trabalhar.

 

O primeiro amor…

Pertencia a um grupo de amigos do bairro. Tinha os meus 14 anos. Na altura fazíamos bailes todos os domingos à tarde na casa de cada um com gira-discos e discos de vinil. Ela não era do grupo mas começámos a namorar.

 

E o primeiro emprego…

Na carpintaria do Santos & Timóteo, no bairro Salgado, onde o meu avô era sócio. Tinha 12 anos. Ganhava 99 escudos por semana.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa muito acolhedora e tranquila. Os meus sogros vivem comigo. Moro nos Jardins do Sado. Gosto muito de estar em casa.


O que pensa do Mundo?

O mundo está estragado porque tem liberdade a mais e as novas gerações não a sabem respeitar. Os novos pensam que sabem mais que os mais velhos, acham que eles é que sabem tudo.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sim. No entanto profissionalmente fui apanhado pela crise. Trabalhava numa multinacional onde era encarregado geral e fui convidado a sair. Tive que montar um pequeno negócio.

 

Como se resolve a crise?

Se os políticos dessem mais regalias às pequenas empresas para empregar mais gente. Esta seria uma das medidas a tomar para acabar com a crise.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Sou católico e crente na religião porque fui educado assim. Mas se analisarmos friamente acho que foi o Homem quem criou Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Provavelmente algumas coisas como as extravagâncias com amigos. Hoje não sei deles…

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou presidente da Sociedade Musical e Recreativa União Setubalense e tenho um mini mercado. Para já não penso no futuro, quero viver o presente.

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Áustria

 

Um Livro:

Os filhos da droga (Christiane F.)

 

Uma Música:

Brasileiras e fado

 

Um Ídolo:

A minha filha

 

Um prato:

Feijão com massa

 

Um conceito:

Não faças aos outros para que não te calhe a ti

                                                                                    

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 09:20

13
Nov 18

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"SOU PELA NATUREZA E SUAS REGRAS"

 

Paulo Mascarenhas é presidente do Moto Clube de Setúbal. A sua paixão pelas motos começou ainda muito jovem quando iniciou a sua prestação no mundo laboral nas oficinas de Zé Carolo. Tem várias memórias de uma infância feliz. Sobre o mundo pensa que há cada vez menos respeito e mais individualismo. É um homem que gosta da natureza e das suas regras e por isso não sabe explicar se o que nos criou será Deus. Para si a crise só se resolve com mais humanismo e menos capitalismo. Trabalha na Sapec e quer aproveitar a vida o melhor que puder. O seu ídolo é Jim Morrison e gosta de comer choco de qualquer maneira.

 

Como foi a sua infância?

Sou nascido e criado em Setúbal. Posso dizer que tive uma infância feliz com os meus pais e os meus irmãos. Morávamos na zona do Quebedo. Andei na escola primária das Areias e fui um aluno médio. Recordo-me das minhas brincadeiras de rapaz como jogar á bola, ao berlinde, ao espeta e outras.

 

O primeiro amor…

Foi um namorico de escola que durou três anos. Hoje somos bons amigos. Ela está fora da cidade.

 

E o primeiro emprego…

Na oficina de motos do Zé Carolo. Era o moço dos recados. Ganhava cerca de 5 contos por semana.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa digna. Não nos falta nada e muito menos na mesa que é o mais importante. É o meu porto de abrigo, claro.


O que pensa do Mundo?

Estamos a caminhar para um tempo em que há menos respeito e mais individualismo. Não concordo com as políticas que nos roubam e que nos conduzem às guerras. Não me venham falar em democracia e direitos ou igualdades porque cada vez isso existe menos.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me realizado como pessoa. Pelo que transmito ao meu filho e aos outros sinto-me muito bem. Tenho uma vida estável no trabalho e, felizmente, tenho saúde.

 

Como se resolve a crise?

Começando pela parte política. Um político reformado pelo Estado, só deveria ganhar essa reforma estatal e mais nenhuma como acontece muitas vezes em que os políticos têm várias reformas do Estado. Também nos impostos deveria haver maior contenção porque são muito exagerados. A crise só se resolve com menos capitalismo e mais humanismo.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Penso que há algo que nos criou mas não sei se isso é Deus. Sou pela natureza e pelas suas regras.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudaria nada. Vivi sempre de forma a não me arrepender do que faço. Nunca prejudiquei ninguém.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou presidente do Moto Clube de Setúbal e trabalho na Sapec. No futuro pretendo continuar a pertencer a este clube, quero criar o meu filho, ser avô e aproveitar bem a vida.


CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Brasil

 

Um Livro:

Histórias de vida

 

Uma Música:

O homem do leme (Xutos e Pontapés)

 

Um Ídolo:

Jim Morrison

 

Um prato:

Choco de qualquer maneira

 

Um conceito:

Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 11:26

12
Nov 18

COM O APOIO DO "HOTEL DO SADO"

 

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"O MUNDO TEM QUE LEVAR UMA GRANDE VOLTA"

 

Manuel Esteves é um conhecido empresário de Vendas de Azeitão. Teve uma infância feliz, com muita brincadeira e a antiga 4ª classe tirada na escola Conde Ferreira. Começou a trabalhar na antiga Torralta, em Tróia e a partir daí compôs a sua vida laboral. Para si o mundo precisa de levar uma grande volta e a crise só se resolve quando os que têm mais perceberem o drama dos que menos têm. Sente-se um homem realizado tanto com a vida como no trabalho. É liberal e autossuficiente o que o deixa de bem consigo próprio. Se pudesse voltar atrás mudaria alguns aspetos na sua vida. Gostava de viajar até S. Tomé e Princípe.

 

Como foi a sua infância?

Nasci e fui criado em Vendas de Azeitão. Tive uma infância feliz. A minha família nunca teve dificuldades e vivíamos de forma humilde. No fundo tive uma vivência de aldeia. Frequentei a escola primária das Vendas mas fiz o exame da 4ª classe na escola Conde Ferreira, em Setúbal. Lembro-me das nossas brincadeiras como o bogalho, o prego, o lá vai alho e o futebol e o hóquei de rua, entre muitas outas.

O primeiro amor…

O primeiro amor foi pela minha mulher. Conhecemo-nos, namorámos por carta e casámos. Ela é algarvia de Olhão, de família aparentada.

E o primeiro emprego…

Na Torralta, Tróia. Era caixa no restaurante Tróia-Mar. Penso que ganhava mil e tal escudos por mês.

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa imaginada e construída por mim e pela minha mulher. Fizemos todos os possíveis para ter a casa ideal para a família, um casal com dois filhos. Era a casa dos pais da minha mãe onde fui criado. É muito acolhedora com aquecimento central.O que pensa do Mundo?

Sinto que o mundo tem que levar uma grande volta na parte social e na componente monetária. Há muitos com muito e muitos mais com muito menos e assim o mundo é injusto.

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me e muito. Na minha vida sempre desejei ser aquilo que sou hoje, ter uma vida liberal e capacidade de autossuficiência. Não dependo de ninguém. Gostava de ter sido advogado mas não tive vontade de estudar.

Como se resolve a crise?

Mentalizando os poderosos que deveriam passar pelas dificuldades dos que mais precisam para terem a noção do que é a vida. Talvez assim houvesse menos corrupção e menos ladroagem.

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Foi o Homem quem criou Deus, porque tinha que acreditar em alguém que lhe fosse superior para justificar os seus fracassos e as suas desgraças.

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Só me arrependo daquilo que não fiz. Se me fosse possível mudaria a minha forma de estar e algumas atitudes que tomei na vida porque sinto que nem sempre fui justo tanto a nível familiar, como particular.

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou co-proprietário com a minha mulher da Imobiliária S. Simão. No futuro aguardo pela reforma e alguma saúde para poder aproveitar o resto da vida

CAIXA DAS PALAVRAS

Um destino:

Madeira

Um Livro:

Livros de história

Uma Música:

Emoções (Roberto Carlos)

Um Ídolo:

Não tenho

Um prato:

Sardinhas assadas

Um conceito:

Honestidade, seriedade e alegria

 

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 16:49

08
Nov 18

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"O MUNDO É UMA JANELA DE OPORTUNIDADES"

 

Maria João Camolas é desde muito nova uma ativista em prol dos valores da amizade, da solidariedade e do associativismo. No presente preside às Festas das Vindimas de Palmela, sua terra natal da qual guarda enormes recordações dos tempos de criança quando brincava pelas ruas da vila e corria atrás das carroças que na altura ainda marcavam presença visível. Recuperou a casa dos seus avós e é com um sorriso rasgado que diz que é por lá que agora os seus filhos crescem no seio de uma família feliz. Acredita que o mundo é uma janela de oportunidades e que foi Deus, quem criou o Homem. Gostava de visitar o Oriente e gosta de comer pastas e risotos com vinho de Palmela..

 

Como foi a sua infância?

Nasci no antigo hospital de Palmela. A minha infância foi muito feliz e isso devo a toda a minha família. Tenho ótimas recordações da escola primária com a professora Ana Maria, de quem era vizinha e com quem ia todos os dias para a escola. Ela chamava-me de D. Joaninha. Era boa aluna, divertida e sempre muito amiga. Tinha muitas brincadeiras com os amigos pelas ruas de Palmela. Naquela altura ainda haviam carroças na vila e quando regressavam dos trabalhos no campo corríamos para aproveitar a boleia. Lembro-me bem dos Verões quentes e dos dias intermináveis. Nos Santos Populares íamos de porta em porta e pedíamos uma esmolinha para o Santo António, para fazer o arraial na Rua, os tradicionais petiscos e pular a fogueira. Antigamente fazíamos muitos mandados, lembro-me de ir comprar o pão ao Solas e o Leite ao Maurício (deve ter sido a ultima leitaria em Palmela), vezes sem fim.

 

O primeiro amor…

Foi por um amigo de infância. Hoje somos amigos. Cada um seguiu o seu caminho.

 

E o primeiro emprego…

Na Sociedade Cruz & Companhia S.A., do sector vitivinícola, em Olhalvo-Alenquer. Na altura deveria ganhar aproximadamente 700 euros mais o carro da empresa. Fazia o controlo de qualidade da produção e laboratório.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o melhor do mundo, o meu porto seguro. Consegui recuperar a casa dos meus avós que é onde vivo atualmente. Foi ali que a minha mãe e a minha tia nasceram, onde eu, o meu irmão e os meus primos fomos criados e onde os meus filhos crescem. Tenho excelentes memórias das várias vivências de muitas gerações familiares e que deixam saudades.


O que pensa do Mundo?

É uma janela de oportunidades. Gosto sempre de ver a parte boa das coisas. O mundo é um lugar sem igual, mas onde ainda temos muito por fazer, tem muito para ser trabalhado e melhorado e, sobretudo, precisa de se humanizar mais. O mundo é um lugar de recursos naturais e precisa de pessoas humanas e participativas para que seja um lugar melhor. O mundo necessita de amor, justiça e verdade.

 

Sente-se realizada humana e profissionalmente?

Sinto-me realizada mais humanamente do que profissionalmente porque acho que ainda tenho muito para dar. Sinto um desassossego interior que me faz aprender e caminhar mais. Espero ter uma vida longa que me permita concretizar objectivos e alguns sonhos, mas acima de tudo que me permita ser útil aos outros.

 

Como se resolve a crise?

Com pessoas capazes e com uma vontade grande de resolver a crise.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acredito num Deus maior. Sou católica e penso que Deus criou o Homem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Acho que não mudaria nada porque sinto que está tudo bem feito.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou técnica de certificação de vinhos na CVR-Península de Setúbal, responsável pela Câmara de Provadores, confrade da Confraria do Moscatel de Setúbal, presidente da Associação das Festas de Palmela-Festas das Vindimas, vice-presidente da Assembleia Geral da Sociedade Filarmónica Humanitária e membro da Assembleia Municipal de Palmela. O futuro a Deus pertence, mas gosto da ideia, de poder continuar a trabalhar em prol do associativismo e da minha comunidade.



CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Coreia, Vietname, Tailândia, Laos, Camboja, Tibete

 

Um Livro:

Comer, orar, amar (Elizabeth Gilbert)

 

Uma Música:

Não deixe o Samba Morrer (Maria Rita)

 

Um Ídolo:

A família

 

Um prato:

Pastas e Risotos e um bom vinho de Palmela

 

Um conceito:

Viver como se fosse morrer amanhã, aprender como se fosse viver para sempre

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 12:27

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"O MUNDO É UMA JANELA DE OPORTUNIDADES"

 

Maria João Camolas é desde muito nova uma ativista em prol dos valores da amizade, da solidariedade e do associativismo. No presente preside às Festas das Vindimas de palmela, sua terra natal da qual guarda enormes recordações dos tempos de criança quando brincava pelas ruas da vila e corria atrás das carroças que na altura ainda marcavam presença visível. Recuperou a casa dos seus avós e é com um sorriso rasgado que diz que é por lá que agora os seus filhos crescem no seio de uma família feliz. Acredita que o mundo é uma janela de oportunidades e que foi Deus, quem criou o Homem. Gostava de visitar o Oriente e gosta de comer bacalhau nas suas mil e uma formas.

 

Como foi a sua infância?

Nasci no antigo hospital de Palmela. A minha infância foi muito feliz e isso devo a toda a minha família. Tenho ótimas recordações da escola primária com a professora Ana Maria, de quem era vizinha e com quem ia todos os dias para a escola. Ela chamava-me de D. Joaninha. Era boa aluna, muito divertida e sempre muito amiga. Tinha muitas brincadeiras com os amigos pelas ruas de Palmela. Naquela altura ainda haviam carroças na vila e quando regressavam dos trabalhos no campo corríamos para aproveitar a boleia.

 

O primeiro amor…

Foi por um amigo de infância. Hoje somos amigos. Cada um seguiu o seu caminho.

 

E o primeiro emprego…

Na empresa Cruz e Companhia, do sector dor vinhos, em Alenquer. Na altura deveria ganhar perto dos mil euros. Fazia o controlo de qualidade de produção e laboratório.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o melhor do mundo. Consegui recuperar a casa dos meus avós que é onde vivo atualmente. Foi ali que a minha mãe e a minha tia nasceram e onde eu e os meus irmãos fomos criados e onde os meus filhos crescem. Tenho excelentes memórias das várias vivências de muitas gerações familiares.


O que pensa do Mundo?

É uma janela de oportunidades. Gosto sempre de ver a parte boa das coisas. O mundo é um lugar lindo, sem igual mas onde ainda temos muito por fazer, tem muito para ser trabalhado e melhorado e, sobretudo, precisa de se humanizar mais. O mundo é um lugar de recursos naturais e precisa de pessoas humanas e participativas para que seja um lugar melhor. O mundo necessita de amor e verdade.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me realizada mais humanamente do que profissionalmente porque acho que ainda tenho muito para dar. Sinto um desassossego interior que me faz aprender e caminhar mais. Espero ter uma vida longa para concretizar muitos dos meus sonhos.

 

Como se resolve a crise?

Com pessoas capazes e com uma vontade grande de resolver a crise.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acredito em Deus maior. Sou católica e penso que Deus criou o Homem.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Acho que não mudaria nada porque sinto que está tudo bem feito.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou técnica de certificação de vinhos na CVR-Península de Setúbal, responsável pela Câmara de Provadores, presidente da Associação de Festas de Palmela/Festas das Vindimas e vice-presidente da Assembleia Geral da Sociedade Filarmónica Humanitária. O futuro a Deus pertence mas quero continuar a trabalhar em prol do associativismo e da minha comunidade.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Oriente

 

Um Livro:

Comer, orar, amar (Elizabeth Gilbert)

 

Uma Música:

The Divine Comedy

 

Um Ídolo:

A família

 

Um prato:

Bacalhau

 

Um conceito:

Viva como se fosse morrer amanhã, aprenda como se fosse viver para sempre

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 11:51

04
Nov 18

COM O APOIO DO “HOTEL DO SADO”

 

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“DEVÍAMOS VIVER 400 ANOS”

 

Mário Narciso é um setubalense nascido num bairro tipico da cidasde e que viveu a sua infância rodeado de amigos e brincadeiras. Hoje é o melhor treinador do mundo na modalidade de futebol de praia, título que conquistou com mérito e esforço. A sua mulher foi o primeiro e único amor. Nos laboratórios da Portucel iniciou-se no mundo laboral. Para si o mundo é belo mas com contrastes evidentes de injustiça praticada pelo Homem a quem atribui, ainda, a necessidade de ter criado Deus, para os seus momentos de maior desespero. Gostava de viver 400 anos porque diz que a nossa passagem pela vida é demasiadamente curta. O seu ídolo é Jaime Graça e não dispensa uns bons salmonetes grelhados com molho de fígados.

 

 

Como foi a sua infância?

Nasci na segunda azinhaga do Mal Talhado, no bairro da Conceição. Com dois anos fui morar para o Bairro de Troino, na antiga Rua Direita e mais tarde para o bairro Santos Nicolau. A vida nessa altura era difícil mas não posso dizer que tive uma infância má. Fui filho único. Lembro-me de repartir o lanche com alguns amigos. Andei numa escola particular até à quarta classe e com 9 anos entrei para o ciclo preparatório. Era um bom aluno. Brincava muito, jogava Hóquei sem patins, à bola, andávamos nos quintas do bairro da Conceição a jogar ás escondidas e outras brincadeiras.

 

O primeiro amor…

Foi a minha mulher. Começámos a namorar com 14 anos. Acho que foi amor à primeira vista. Comecei a reparar nela porque era muito bonita.

 

E o primeiro emprego…

Na Portucel, como auxiliar de laboratório. Penso que ganhava à volta de 600 escudos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Tem tudo o que necessitamos. Também tenho trabalhado para isso. Sou muito de estar em casa e portanto, procuro que seja cómoda e tranquila.

 

O que pensa do mundo?

Há muita injustiça. As coisas estão mal divididas. Devia de existir uma maior homogeneidade. Há diferenças muito grandes entre uns que têm excesso e outros que nem sequer têm para comer. Mas também existem coisas boas. Há pessoas com bons sentimentos e solidárias. Para mim o mundo é belo. Acho que cada um de nós devia viver 400 anos porque a nossa passagem por cá é muito curta. As preocupações que temos com o futuro não se justificam porque o futuro é muito curto.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Como homem sinto-me realizado. Acho que sou solidário e amigo e isso é fundamental para que me sinta de bem comigo e, neste momento, estou, na verdade, muito bem comigo próprio. Profissionalmente acho que ainda não cheguei aos limites das minhas capacidades. Em termos profissionais sou muito ambicioso e quero sempre mais. Daí ainda não me sentir completamente realizado.

 

Como se resolve a crise?

Não é o povo que conseguirá resolver o problema, mas terão que ser outras pessoas que se prepararam academicamente. Damos as nossas opiniões mas quem tem capacidade para tal é que será capaz de resolver a crise.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Foi o Homem quem criou Deus. Sou científico e na essência da humanidade há uma evolução do próprio Homem desde os primátas até aos nossos dias. O Homem criou Deus porque sentiu necessidade de se agarrar a algo em momentos de desespero.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Penso que ajudaria algumas pessoas que já precisaram de mim e que na altura pensei que não as conseguia ajudar e afinal talvez, com mais esforço da minha parte, o tivesse conseguido.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou seleccionador nacional de futebol de praia e cobrador do Vitória de Setúbal. No futuro quero manter estas atividades enquanto me sentir bem.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Galapinhos

 

Um livro

Pappilon (Henri Charriére)

 

Uma música

We are the champion (Queen)

 

Um ídolo

Jaime Graça

 

Um prato

Salmonetes grelhados com molho de fígados

 

Um conceito

Ir em frente sem pisar ninguém

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 13:35

03
Nov 18

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"O MUNDO É ALGO QUE NOS FAZ PENSAR"

 

O Dr. Luís Cangueiro é proprietário do Museu da Música Mecânica, em Arraiados, onde expõe, como colecionador, uma das mais importantes coleções de instrumentos mecânicos do mundo. Transmontano não esquece a sua aldeia natal nem a casa senhorial onde habitou com os pais, nem as brincadeiras de infância. Foi alferes na tropa que cumpriu em Moçambique. Tem esperança que o mundo possa vir a ser melhor e, para si a crise só se resolve com uma maior compreensão entre as pessoas. Sente-se de bem consigo e não dispensa um bom prato típico da sua terra, as Casulas com Butelo.

 

Como foi a sua infância?

Sou natural de uma aldeia de Miranda do Douro, chamada Prado Gatão. Tenho memórias muito felizes da minha infância. Costumo dizer que nasci em berço de ouro numa casa senhorial de uma madrinha que era como se fosse a minha segunda mãe. Brincava com os miúdos da aldeia. Aprendíamos tudo como a raiola, a bilharda, o berlinde e outras brincadeiras. Eu era o único rapaz que tinha um triciclo. Naquela casa tínhamos 6 criados e 2 criadas. Era uma casa muito abonada, típica de aldeia. O meu pai era o feitor e a minha mãe era a pessoa que se encarregava da casa.

 

O primeiro amor…

Apaixonei-me e casei com a minha mulher.

 

E o primeiro emprego…

Na tropa, onde fui alferes. Estive dois anos na metrópole e dois anos em Moçambique. Ganhava à volta de dois mil escudos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa que corresponde aquilo que pretendia quando era mais novo. É muito grande com 10 assoalhadas, em Almada, que me faz lembrar a minha casa da aldeia. É o meu porto de abrigo e está bem localizada numa zona sossegada. Fica ao lado de Lisboa.


O que pensa do Mundo?

O mundo é algo que nos faz pensar na medida em que todos os dias tomamos conhecimento das situações que não são próprias do ser humano. Devia de haver maior entendimento entre os povos. Olho para o mundo com mágoa e apreensão mas sempre com esperança que possa vir a ser melhor.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me, perfeitamente. De facto atingi sempre os objetivos a que me propus. Este meu museu é o maior projeto da minha vida e está concretizado. Tenho filhos, escrevi o livro e plantei a árvore.

 

Como se resolve a crise?

Com maior compreensão entre as pessoas e com mais humanidade que tanto falta no mundo.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

O mistério da vida. Ainda ninguém o conseguiu decifrar. Sou católico e acredito em Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não me arrependo de nada do que fiz. Estou de bem com a minha consciência.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Mantenho-me à frente das minhas empresas e divido o meu tempo com as responsabilidades que tenho no meu museu, uma vez que não tenho nenhum apoio. No futuro pretendo que o maior número de pessoas visite este espaço.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Um local isolado na natureza

 

Um Livro:

Eneias (Virgílio)

 

Uma Música:

Pastoral (Beethoven)

 

Um Ídolo:

Não tenho

 

Um prato:

Casulas com butelo

 

Um conceito:

Segue sempre o exemplo dos melhores

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 10:45

02
Nov 18

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"QUANDO ERA CRIANÇA NÃO HAVIA BULLYNG"

 

O arquiteto Eduardo Carqueijeiro é um ambientalista perfeitamente entrosado com os problemas reais do planeta. Cresceu ao sabor da brincadeira e da boa disposição que os seus tempos de criança lhe proporcionaram. Começou a trabalhar enquanto acabava os seus estudos de arquitetura. Acredita que o mundo está desregulado porque o Homem não sabe para onde vai. Preocupa-se com as questões do clima no planeta e pensa que as crises só se resolvem com gente capaz. Para si acreditar em Deus é uma subjetividade de cada um. Não se sente realizado e diz que a plenitude é impossível de alcançar. Gosta de ler Carl Sagan.

 

Como foi a sua infância?

Sou natural de Setúbal. Tenho boas memórias de uma cidade calma em que ia a pé de casa para a escola. Frequentava a Academia Luísa Todi. O Largo de Jesus era um local muito agradável rodeado de árvores. Na escola primária fiz o que me competia. Tenho excelentes recordações das brincadeiras e da boa disposição dos colegas. Não havia bullying nem se falava em tal coisa… 

 

O primeiro amor…

Foi complicado… Abriu a vida para outras questões e dúvidas até aí inexistentes.

 

E o primeiro emprego…

Foi bom. Na Câmara Municipal de Santiago do Cacém, onde era desenhador. Ainda frequentava o curso de arquitetura em Lisboa. Era muito bem pago.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa acolhedora. Sou muito de viagens. A minha casa é sempre o sítio de retorno e de partidas.


O que pensa do Mundo?

Está completamente desregulado por quebra das regras existentes e por não sabermos para onde vamos. Tudo isso cria a ambiguidade gigantesca em que vivemos. As questões do clima do planeta estão-nos a ultrapassar por muita tecnologia que tenhamos.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não me sinto realizado. Acho que ainda não atingi o que sonhava, o que queria para a minha vida e para o mundo. É impossível atingir a plenitude.

 

Como se resolve a crise?

As crises resolvem-se com gente capaz que sabe o que faz e consegue fazer. Claro que há gente capaz mas anda de certa forma perdida.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Acredito em Deus mas sou um homem ligado à ciência. Acreditar em Deus, não deixa de ser uma subjetividade de cada um. Penso que Deus existe dentro de nós e a ciência explica a evolução das espécies e do surgimento do ADN.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não mudaria nada porque não gosto de voltar atrás. O que está feito é passado e não há nada a alterar nem pode ser alterado.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Trabalho na área ambiental quer em Portugal no ICNF, como no estrangeiro com o PNUD. Também sou pintor e procuro tirar partido desta vertente da arte porque me dá mais visão se a articular com as matérias da ciência. No futuro pretendo continuar com estas atividades e com esta visão alargada do mundo.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Montanhas e praia

 

Um Livro:

Livros de ciência e cosmologia do Carl Sagan

 

Uma Música:

Peter Gabriel

 

Um Ídolo:

O meu pai

 

Um prato:

Bacalhau

 

Um conceito:

Liberdade e transparência

 

publicado por Joaquim Gouveia às 12:37

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