Entrevistas de JoaQuim Gouveia

09
Jan 19

Com o apoio do HOTEL DO SADO

 

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“A CRISE NÃO TEM SOLUÇÃO”

 

Jorge Santana é presidente da União Cultural Recreativa e Desportiva Praiense, presidente do Conselho Fiscal da Escola de Futebol Feminino de Setúbal e conselheiro municipal de desporto. Embora tenha nascido em Lisboa sente-se setubalense de corpo inteiro. Pensa que o mundo é cruel por via das desigualdades entre ricos e pobres e que a crise não tem solução. Para si foi o Homem quem criou Deus, que é uma ilusão, uma forma de dar esperança às pessoas. Não se arrepende daquilo que fez na vida e espera agora por algumas promessas. Gosta de ler Mia Couto, de ouvir José Afonso e de comer sardinha assada.

 

Como foi a sua infância?

Fui nascer em Lisboa mas considero-me setubalense. A minha infância foi passada na Bela Vista, que era muito diferente do bairro que é hoje. Só havia a rua principal que era a Estrada de Santas. Ao contrário dos meus amigos de infância penso que na época fui uma criança feliz, era das poucas que tinha sapatos para calçar. A minha mãe era cozinheira na taberna do Manel Leal. Fui criado sem pai mas tive uma infância muito boa para a época. Nunca me faltou nada. Andei na escola do Bairro Santos Nicolau e fui um excelente aluno. Naquele tempo também brincávamos muito. Jogávamos à bola na rua e tínhamos outras brincadeiras. No verão íamos para a praia de Vila Maria.

 

O primeiro amor…

Foi em Moçambique com uma rapariga filha de pais portugueses. Namorámos. Foi um amor que me marcou.

 

E o primeiro emprego…

Nas férias da escola como ajudante de canalizador. Ganhava 8 escudos por dia.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o meu porto de abrigo, uma casa muito simples e confortável.

 

O que pensa do Mundo?

O mundo é cruel porque enquanto houver desigualdades entre os muitos ricos e os muito pobres será sempre um mundo muito cruel. Acho que isto tem tendência para piorar. Estamos a ver o que se está a passar no Médio Oriente. Isto tinha que mudar de forma radical. Ainda bem que vivemos num cantinho que não é mau de todo.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Humanamente nunca porque todos os dias estamos a aprender. Profissionalmente posso dizer que sou realizado porque faço o que gosto e trabalho por conta própria.

 

Como se resolve a crise?

A crise não tem solução porque enquanto houver as tais desigualdades não há volta a dar e só vai piorar.

 

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

O Homem criou Deus, que é uma ilusão. Foi a forma de dar esperança à imaginação das pessoas. Não vejo outro sentido.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Se calhar mudaria algumas coisas no sentido de as melhorar. Não estou arrependido de nada daquilo que fiz até hoje.

 

Que faz no presente e que projetos para o futuro?

Sou presidente da União Cultural Recreativa e Desportiva Praiense, presidente do Conselho Fiscal da Escola de Futebol Feminino de Setúbal e conselheiro municipal de desporto. No futuro espero por algumas promessas e pretendo continuar de alguma forma a representar o movimento associativo.




CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Pemba (Moçambique)

 

Um Livro:

E se Obama fosse africano (Mia Couto)

 

Uma Música:

Venham mais cinco (José Afonso)

 

Um Ídolo:

A minha mãe

 

Um prato:

Sardinha assada

 

Um conceito:

Gratidão

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 14:43

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