Com o apoio do HOTEL DO SADO
“A CRISE NÃO TEM SOLUÇÃO”
Jorge Santana é presidente da União Cultural Recreativa e Desportiva Praiense, presidente do Conselho Fiscal da Escola de Futebol Feminino de Setúbal e conselheiro municipal de desporto. Embora tenha nascido em Lisboa sente-se setubalense de corpo inteiro. Pensa que o mundo é cruel por via das desigualdades entre ricos e pobres e que a crise não tem solução. Para si foi o Homem quem criou Deus, que é uma ilusão, uma forma de dar esperança às pessoas. Não se arrepende daquilo que fez na vida e espera agora por algumas promessas. Gosta de ler Mia Couto, de ouvir José Afonso e de comer sardinha assada.
Como foi a sua infância?
Fui nascer em Lisboa mas considero-me setubalense. A minha infância foi passada na Bela Vista, que era muito diferente do bairro que é hoje. Só havia a rua principal que era a Estrada de Santas. Ao contrário dos meus amigos de infância penso que na época fui uma criança feliz, era das poucas que tinha sapatos para calçar. A minha mãe era cozinheira na taberna do Manel Leal. Fui criado sem pai mas tive uma infância muito boa para a época. Nunca me faltou nada. Andei na escola do Bairro Santos Nicolau e fui um excelente aluno. Naquele tempo também brincávamos muito. Jogávamos à bola na rua e tínhamos outras brincadeiras. No verão íamos para a praia de Vila Maria.
O primeiro amor…
Foi em Moçambique com uma rapariga filha de pais portugueses. Namorámos. Foi um amor que me marcou.
E o primeiro emprego…
Nas férias da escola como ajudante de canalizador. Ganhava 8 escudos por dia.
Como é a sua casa? Como a define?
É o meu porto de abrigo, uma casa muito simples e confortável.
O que pensa do Mundo?
O mundo é cruel porque enquanto houver desigualdades entre os muitos ricos e os muito pobres será sempre um mundo muito cruel. Acho que isto tem tendência para piorar. Estamos a ver o que se está a passar no Médio Oriente. Isto tinha que mudar de forma radical. Ainda bem que vivemos num cantinho que não é mau de todo.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Humanamente nunca porque todos os dias estamos a aprender. Profissionalmente posso dizer que sou realizado porque faço o que gosto e trabalho por conta própria.
Como se resolve a crise?
A crise não tem solução porque enquanto houver as tais desigualdades não há volta a dar e só vai piorar.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
O Homem criou Deus, que é uma ilusão. Foi a forma de dar esperança à imaginação das pessoas. Não vejo outro sentido.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Se calhar mudaria algumas coisas no sentido de as melhorar. Não estou arrependido de nada daquilo que fiz até hoje.
Que faz no presente e que projetos para o futuro?
Sou presidente da União Cultural Recreativa e Desportiva Praiense, presidente do Conselho Fiscal da Escola de Futebol Feminino de Setúbal e conselheiro municipal de desporto. No futuro espero por algumas promessas e pretendo continuar de alguma forma a representar o movimento associativo.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino:
Pemba (Moçambique)
Um Livro:
E se Obama fosse africano (Mia Couto)
Uma Música:
Venham mais cinco (José Afonso)
Um Ídolo:
A minha mãe
Um prato:
Sardinha assada
Um conceito:
Gratidão