“ESTAMOS A VIVER NUMA ÉPOCA DE EGOÍSMO”
Luis Profano é presidente da Associação de Moradores do casal das Figueiras. Nasceu e cresceu em ambiente solidário naquele bairro. Começou a trabalhar com apenas 14 anos na chapelaria Mendes, para ajudar a família. Sobre o mundo pensa que estamos a viver num tempo de algum egoísmo e afastamento entre as pessoas. Para si a crise resolvia-se com boa vontade dos políticos. Não se arrepende do seu passado porque se considera uma pessoa feliz. Gostou de ler “20.000 mil léguas submarinas”, o seu avô é o seu ídolo e prima pela honestidade.
Como foi a sua infância?
Nasci no Casal das Figueiras e fui criado neste bairro. Frequentei a escola primária do Viso, com o professor Santos. Fui um aluno razoável. Tinha muita brincadeira com os meus amigos. Havia alturas em que brincávamos mais, geralmente nas férias. Antigamente tínhamos tempo para brincar o que não acontece com as crianças de hoje. Os telemóveis e os computadores retiraram a convivência que nós tínhamos. Hoje há pouca convivência entre os mais novos.
O primeiro amor…
Foi com uma colega de escola. Eu devia ter 8 anos. Foi um namoro de crianças. Era giro dizermos que tínhamos uma namorada.
E o primeiro emprego…
Na chapelaria Mendes. Tinha 14 anos. Não me recordo de quanto ganhava.
Como é a sua casa? Como a define?
É uma casa humilde. Tem o que é necessário para se viver com conforto e dignidade. É uma casa familiar.
O que pensa do Mundo?
Penso que estamos a viver numa época de algum egoísmo porque já não existe muito convívio entre as pessoas como havia antigamente. Lembro-me quando era miúdo havia partilha no meu bairro entre as pessoas que eram pobres mas solidárias. A evolução provocou este afastamento entre as pessoas.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sim. Sempre tentei contribuir para o meu bairro e estou feliz por o ter conseguido. Profissionalmente tive um percurso muito bom. Nunca me faltou trabalho e hoje sou funcionário da EDP.
Como se resolve a crise?
Quem faz a crise são os políticos. Existem muitas coisas que se resolviam se houvesse vontade politica. Não tenho partido mas costumo votar em quem acredito. Se os políticos tivessem boa vontade a crise resolvia-se.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Sou católico não praticante. Não posso dizer que acredito em Deus, mas acredito em Jesus. Acho que há algo mas não sei se é Deus, ou outra entidade qualquer.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Pouco ou nada. Tenho um casamento feliz, uma filha que adoro e tenho trabalho e saúde. Não me arrependo do meu passado.
Que faz no presente e que projetos para o futuro?
Sou presidente da Associação de Moradores do bairro Casal das Figueiras e trabalho na EDP, onde penso continuar até à minha reforma. Se continuar na direção da associação vou tentar resolver alguns problemas do bairro.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino:
Brasil
Um Livro:
20.000 Léguas Submarinas (Júlio Verne)
Uma Música:
Elvis Presley
Um Ídolo:
O meu avô
Um prato:
Peixe assado
Um conceito:
Honestidade