Entrevistas de JoaQuim Gouveia

09
Nov 11

 

ADILO COSTA

“ESFORÇO-ME POR SER COERENTE”

 

O Dr. Adilo Costa é vereador no município de Palmela. Nasceu no Sabugal, mas cedo rumou à vila de Sesimbra e pouco depois a Setúbal. Oriundo de família numerosa tem várias recordações de infância e um primeiro amor não correspondido. Comunista por convicção é um homem de fé sendo crente em Deus, apesar de não rezar nem frequentar missas. O seu maior ídolo foi o seu avô materno, homem de luta. Pensa que a crise nacional se resolve com a reestruturação da dívida e apela ao desenvolvimento do país com trabalho e riqueza

 

Como foi a sua infância?

- Feliz. Era o menino da família, o filho mais novo. Lembro-me que brincava muito. Morei no Sabugal, onde nasci, em Sesimbra e em Setúbal. A vida em Sesimbra era muito gira. Tenho recordações da venda do peixe espada na praia e da forma peculiar como vivia a comunidade piscatória. Curiosamente frequentei sempre as escola Conde de Ferreira, tanto em Sesimbra como em Setúbal. Era um bom aluno. Comia sempre peixe muito fresquinho porque o meu avô era pescador. Éramos uma família numerosa. 

O primeiro amor...

- Foi no bairro onde morava. No Rio da Figueira, em Setúbal. Até criei um clube de futebol para ficar mais tempo por ali perto dela, para tentar namorá-la. Só que nunca fui correspondido. Uma desgraça... 

E o primeiro emprego…

- No Parque de Campismo da Toca do Pai Lopes, em Setúbal, com dezasseis anos, como recepcionista. Ganhava cerca de mil escudos. 

Como é a sua casa, como a define?

-É o meu castelo. Sempre me senti bem na minha casa porque estou entre os meus. É uma casa muito aberta à família e aos amigos. É acolhedora e tranquila, muito ampla. 

O que pensa do mundo?

- Em determinada altura pensei que já tinha visto tudo. Não foi bem assim. Passei o milénio e  isso foi positivo. Surpreende-me que estejamos a recuar quase dois séculos em termos de condições de vida e direitos. Mas também pode significar o fim desta economia tão dependente de interesses. Mas temos que lutar para que isso aconteça.

Como se ultrapassa a crise?

- A nível nacional só com a reestruturação da dívida como, aliás, tem sido apontado por alguns Prémio Nobel da economia. Depois desenvolvendo economicamente o país criando trabalho e riqueza. O problema é que o povo não tem mais por onde pagar. 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

- Nunca nos sentimos realizados. Esforço-me por ser coerente. Tenho, ainda, muitos projectos para o futuro.

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

- Uma pergunta muito difícil. Sou um comunista que acredita em Deus. No entanto não sou um católico praticante daqueles que reza muito e vai à missa. Tenho a minha fé. 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

- Sou muito autocrítico. Algumas atitudes mais radicais certamente hoje não as tomaria. Foram próprias da juventude e da inexperiência.

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

- Sou vereador dos pelouros da cultura, desporto, educação e intervenção social na Câmara de Palmela e advogado mas não exerço nesta altura. Tenho muitos projectos profissionais para o futuro tanto na área da advocacia como no movimento associativo.

 

CAIXA ALTA

 

Um destino

- Praia da Arrifana 

Um livro

- Subterrâneos da liberdade

Uma música

- Os vampiros 

Um ídolo

-O meu avô materno

 Um prato

- Caldeirada

 Um conceito

- O carácter, a dignidade e a honra formam o Homem e são a melhor demonstração da sua emancipação

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 10:37

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