Entrevistas de JoaQuim Gouveia

30
Set 14

 

“A CRISE NÃO CAIU DO CÉU. TEM RESPONSÁVEIS!”

 

A Dra. Ana Teresa Vicente foi presidente da Câmara Muncipal de Palmela, ao longo de doze anos. Agora é presidente da Assembleia Municipal. Nasceu em Setúbal, mas viveu e cresceu em Praias do Sado, onde frequentou a escola primária e experimentou a doutrina do antigo regime numa reguada que ainda hoje recorda como muito injusta. O seu primeiro emprego foi na Associação de Municípios. A sua casa é um refúgio muito especial, o seu destino preferido. Tem a ideia de que o mundo é um lugar perigoso e que, embora seja mulher de fé tem um visão pragmática sobre a sua criação. A crise, que não caiu do céu, como diz, tem responsáveis e resolve-se com politicas diferentes. Gosta de ler Isabel Allende e de ouvir Paulo de Carvalho.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal, no hospital de S. Bernardo. Tive uma infância feliz em familia, com uns pais fantásticos e com um conceito de familia alargado. Era um bocadinho Maria rapaz. Cresci em Praias do Sado, com alguma liberdade. Gostava muito de brincar nas ruas. As nossas brincadeiras eram as tradicionais da época. Fiz a escola primária ainda em Praias do Sado. Lembro-me que era boa aluna, mas na 4ª classe, pela primeira vez apanhei uma reguada por um erro que dei, o que achei muito injusto, mas naquele tempo levava-se uma reguada por cada erro.

 

E o primeiro amor…

Como toda a gente, com a intensidade dos 15 anos. Foi um amor de verão, platónico, mas que durou algum tempo. Aconteceu na Comporta.

 

E o primeiro emprego...

Na Associação dos Municipios da Região de Setúbal, com 20 anos. Fui secretária do coordenador. O meu primeiro ordenado foram 40 e tal contos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Confortável, o meu castelo, o meu refúgio. Gosto muito de estar em casa. Adoro o regresso a casa. Gosto de conviver e receber a familia e os amigos.

 

O que pensa do mundo?

Penso que hoje o mundo atravessa, talvez, das suas fases mais dificies do ponto de vista dos fundamentalismos, do desenvolvimento que a humanidade teve e que nos exigiria outra tolerância sobre a vida, a própria humanidade, o planeta e a relação entre os povos. Fruto do dominio de alguns o mundo é hoje profundamente injusto e desequilibrado. Sou, no entanto uma pessoa cheia de esperança. Mas o mundo é um lugar perigoso.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Gosto do que sou, de quem sou e de tudo o que fiz. Tenho a sorte de ter tido atividades intensas e enriquecedoras do ponto de vista humano e politico. Mas acho que ainda não fiz tudo, nem do ponto de vista humano, nem profissional.

 

 

Como se resolve a crise?

Indiscutivelmente com políticas diferentes. A crise não caiu do céu, nem aceito a ideia de que todos contribuímos para a crise, como se diz por aí, porque “vivemos acima das nossas possibilidades”. Não concordo! A crise tem responsáveis.

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

É uma questão de perspetiva e de fé. Tenho uma visão muito pragmática sobre a criação do mundo mais próxima de correntes científicas. Mas sou uma mulher de fé.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Em termos das grandes opções não mudaria nada. Se possível escolheria não ter alguns sofrimentos mas aprendi com eles.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Trabalho na Cooperativa, que é uma seguradora e que se chama Mútua dos Pescadores. Estou na área do desenvolvimento estratégico. Sou presidente da Assembleia Municipal de Palmela. No futuro está tudo em aberto. O mundo precisa da nossa participação e envolvimento. Estou disponível para projetos que valham a pena.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

A minha casa

 

Um livro

Paula (Isabel Allende)

 

Uma música

E depois do adeus (Paulo de Carvalho)

 

Um ídolo

Anónimos

 

Um prato

Carapauzinhos com arroz de tomate

 

Um conceito

Estar bem com a consciência e tentar não magoar os outros

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 09:29

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