Entrevistas de JoaQuim Gouveia

01
Fev 14

 

Com o apoio  “HOTEL DO SADO”

 

“SE TUDO FOSSE BOM A VIDA PERDIA O SENTIDO”

 

Bruno Frazão desenvolve várias atividades ora relacionadas com o movimento associativo da cidade, ora com o teatro e as marchas populares. Foi uma criança tranquila com uma infância calma, sem sobressaltos. Começou a trabalhar no MacDonalds, com 17 anos e estoirou o primeiro ordenado num telemóvel. Pensa que o mundo está a tornar-se perigoso e que as pessoas acusam egoísmo suficiente para se ignorarem. Tem ainda muitos sonhos por concretizar e. por isso, quer manter-se, no futuro, bastante ativo e inovador. Não acredita em Deus, nem há religião que o convença. O seu deus é o pai que já partiu e a quem pede ajuda espiritual. Gosta de ouvir Amália e o seu lema é o de viver um dia de cada vez como se fosse o último

 

 

Como foi a sua infância?

Sou filho de Setúbal, nasci no Hospital de S. Bernardo, morei no Montalvão e, depois, os meus pais mudaram-se para o Casal das Figueiras, onde hoje ainda moro. Tive uma infância tranquila sem muitos problemas. Fui sempre um rapaz calmo que nunca deu preocupações. No entanto a teimosia nasceu comigo, é uma coisa minha desde criança... Andei na escola primária do Casal das Figueiras, onde fui sempre um bom aluno. Enquanto as outras crianças se entretinham a brincar com carrinhos e às brincadeiras normais, já eu mexia em papéis para escrever e lia livros. Aliás lia-os a cantar, não sei porquê.

 

O primeiro amor…

Devia ter 14 anos. Foi com uma rapariga do meu bairro. Não chegámos a namorar. De certa forma foi a confusão entre a amizade e o amor, mas foi a pessoa que, pela primeira vez, fez o meu coração acelerar mais que o normal.

 

E o primeiro emprego…

No MacDonalds, com 17 anos. Ganhava 24 contos. Com o primeiro ordenado comprei logo um telemóvel e fiquei sem dinheiro.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Moro com a minha mão, com o meu padrasto e com o meu irmão. É um espaço de refúgio. É uma casa acolhedora onde me sinto bastante bem. É onde guardo todos os meus segredos, medos, desejos e sonhos. Por outro lado é, também, onde coloco em ação o meu lado criativo na escrita e nos desenhos de figurinos e arcos para as marchas populares.

 

O que pensa do mundo?

Está a tornar-se perigoso. Estamos a entrar numa era de grande conflito não só ao nível das guerras mas, principalmente, ao nível da forma como as pessoas lidam umas com as outras. As pessoas estão a tornar-se egoístas. A questão do poder está a afetar a cabeça do ser humano que já não tem compreensão por si próprio nem pelo outro.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Não porque ainda tenho muitos sonhos por concretizar. Acho que vou morrer sem estar totalmente realizado. Sei que sou capaz de fazer mais mas nem sempre tenho forma de o fazer.

 

Como se resolve a crise?

Com vontade política. O exemplo tem que começar nos políticos, no valor que auferem que é exorbitante em comparação com a generalidade da população. Temos que criar políticas no nosso país para a promoção do trabalho e para a produção própria para aumentar as exportações e trazer mais riqueza. Temos ótimas condições naturais.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Não acredito em nenhuma religião. Não há Igreja que me convença. Não acredito em Deus. Aliás, eu tenho o meu deus que é alguém que já partiu e em quem sempre penso quando preciso de ajuda espiritual que é o meu pai. Para mim foi o Homem quem criou Deus.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Na generalidade acho que não mudaria nada. Se na vida tudo fosse bom ela perderia o sentido. São as experiências que nos fazem crescer.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou técnico comunitário do projeto “Agora Sim”. Trabalho com crianças e jovens em risco. Sou ainda presidente da ACOES e da Academia de Teatro de Setúbal. No futuro, a nível profissional pretendo manter-me no caminho da intervenção social. No teatro quero continuar bastante ativo e tentar inovar o mais possível.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Sidney

 

Um livro

Acabem já com esta crise (Paul Krugman)

 

Uma música

O grito (Amália)

 

Um ídolo

Não tenho

 

Um prato

Carne de porco à alentejana

 

Um conceito

Viver um dia de cada vez como se fosse o último

 

publicado por Joaquim Gouveia às 11:27

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