Com o apoio do HOTEL DO SADO
"ACREDITO EM DEUS Á MINHA MANEIRA"
João Botelho é presidente do Clube de Canoagem de Setúbal. Teve uma infância feliz e já marcada por muita curiosidade ao nível da eletrónica. Começou a trabalhar bastante jovem e com os seus primeiros vencimentos comprou o primeiro kayak. Sobre o mundo diz estar pessimista sobretudo por aquilo que nos trouxe a última década. Para si a crise humanitária é de difícil resolução. É católico mas sendo ao mesmo tempo cientista diz que acredita em Deus à sua maneira. Gostava de viajar até á Nova Zelândia, não tem ídolos e não dispensa um bom prato de arroz de polvo.
Como foi a sua infância?
Nasci em Luanda e vim para Setúbal com 8 meses de idade. O meu pai não conseguiu regressar connosco nesse momento. Apenas passados dois anos ele conseguiu vir para Portugal. No entanto tive uma infância feliz. Tenho uma irmã mais velha. As memórias que tenho são de uma vida familiar já organizada. A minha mãe era professora primária e o meu pai engenheiro eletrotécnico. Frequentei a escola primária nº2 de Palmela, onde a minha mãe dava aulas. Fui sempre um bom aluno apesar de nunca ter estudado muito. Gostava de montar peças de lego e fazer circuitos de eletrónica, autênticas invenções. Era uma criança muito curiosa e o meu pai estimulava-me a curiosidade.
O primeiro amor…
Foi por uma colega da canoagem. Foi um namoro giro mas não deu em nada. Ainda hoje somos muito amigos.
E o primeiro emprego…
Com 13 anos na mercearia Mini Quebedo, nas minhas férias. O que ganhava deu para comprar o meu primeiro kayak.
Como é a sua casa? Como a define?
É uma casa familiar. Tenho dois filhos. É acolhedora e um refúgio muito confortável. A zona é muito agradável.
O que pensa do Mundo?
Considero-me uma pessoa pragmática mas nesta altura pessimista. A última década traz-nos situações de pré guerra tal como se passou anteriormente. Estamos a chegar ao pique da xenofobia potenciado pela utilização das redes sociais. É uma combinação muito explosiva.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
A nível humano tenho muito para fazer. Tenho que colocar algumas minhas energias ao serviço das causas sociais e do voluntariado. A nível profissional trabalho numa área que adoro dentro da engenharia mecânica, nomeadamente robótica submarina.
Como se resolve a crise?
A crise humanitária é difícil de resolver porque a própria educação nos leva a um desapego pelo próximo. Tínhamos que encontrar um modelo algo concertado a nível mundial o que levará várias gerações a concretizar. A nível económico resolve-se com a distribuição da riqueza.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Tive uma educação cristã e católica. Fiz a primeira comunhão. Sendo um homem da ciência comecei a analisar as coisas de outra forma. Acredito em Deus à minha maneira. A ciência não justifica tudo mas também não precisamos de intermediários para comunicar com Deus.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Não. Sinto-me realizado com o que fiz até hoje e tenho muito para fazer ainda com muitos projetos em mão.
Que faz no presente e que projetos para o futuro?
Sou presidente do Clube de Canoagem de Setúbal e sou investigador em robótica submarina. Sou pai e homem de família que é um desafio muito grande. Para além disso sou membro do comité de kayak Pólo da Federação Internacional de Canoagem, dirigente da Federação Portuguesa de Canoagem e membro do Concelho Municipal do Desporto de Setúbal. O movimento associativo é um vício e por isso estará projetado no meu futuro.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino:
Nova Zelândia
Um Livro:
Livros Técnicos
Uma Música:
Iris (Goo Goo Dolls)
Um Ídolo:
Não tenho
Um prato:
Arroz de polvo
Um conceito:
Morrer jovem o mais tarde possível