Entrevistas de JoaQuim Gouveia

27
Fev 14

 

Com o apoio “HOTEL DO SADO”

 

“JÁ ANDAMOS EM CRISE HÁ MUITO TEMPO”

 

João Reis Ribeiro é um professor bem conhecido nos movimentos cívico e cultural dos concelhos de Setúbal e Palmela. É oriundo da região de Viana do Castelo. Na infância ajudou os pais no cultivo das terras e no tratamento dos animais. Frequentou um colégio de Jesuítas. O seu primeiro emprego foi no Ministério da Agricultura e Pescas. À noite estudava e licenciou-se na faculdade de Letras. Em casa tem uma divisão onde guarda 7000 livros. Acha que o mundo é bonito mas o Homem nem sempre dá valor a essa riqueza. Não tem soluções para a crise e acha estranho que um país que começou com um rei a bater na mãe consiga ultrapassar alguma crise. Para si Deus e o Homem estão bem um para o outro

 

 

Como foi a sua infância?

Sou natural de Alvarães, região de Viana do Castelo.Foi uma infância feliz e com trabalho porque a minha família é originária do meio rural. Cultivava-se a pequena propriedade para sustento próprio e eu e os meus 4 irmãos ajudávamos bastante desde o cultivo ao tratamento dos animais. Na escola fui um bom aluno. Sempre gostei muito de aprender. Brincava na rua com os meus amigos que, com o passar dos tempos acabei por lhes perder o contato. Entretanto, após ter concluído a 4ª classe fui estudar para um colégio de Jesuítas, perto de Coimbra.

 

O primeiro amor…

Tal como todos os primeiros amores foi bonito mas durou pouco. Foi uma história de adolescência. Tinha 15 anos. Mas é uma boa memória.

 

E o primeiro emprego…

No Ministério da Agricultura e Pescas, em Lisboa, em 1978. Penso que ganhava 3.800 escudos. Tinha funções administrativas. Ao mesmo tempo fiz a minha licenciatura na Faculdade de Letras, à noite.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Confortável, agradável e tem uma divisão só para livros. Devo ter 7000 volumes. A casa é o espaço da família.

 

O que pensa do mundo?

Acho que o mundo é bonito mas o Homem, não tem olhado sempre para essa beleza da melhor maneira, seja em termos do respeito pela natureza, seja naquilo que todos nós devemos fazer para que o mundo seja bom.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me realizado sobretudo porque me oriento por valores que considero fundamentais como o respeito pelo outro, o saber, o trabalho e a amizade. São pilares essenciais na minha realização.

 

Como se resolve a crise?

Não sei. Sei que já andamos em crise há muito tempo e não sei se um país que começou com um rei lutar contra a mãe se tem hipóteses de ultrapassar crises. Há ainda uma outra razão para uma certa crise eterna que nos martiriza: recorda-se que Camões começa a sua epopeia com a glória dos Portugueses? E sabe como a termina? É com a palavra "inveja". Essa tem sido uma das pedras que a história portuguesa tem trazido no sapato, sempre a fazer doer muito... Acho que nos deslumbramos facilmente com os outros e que nos preocupamos muito pouco com a capacidade que teríamos de sermos nós a deslumbrar. Penso que a crise só se ultrapassaria com trabalho e empenho mais do que com austeridades e outras coisas que mais parecem castigos do que incentivos.

 

 

Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Ambos correm a par. Não concebo o Homem, sem acreditar em algo superior a si próprio, provavelmente Deus. Acho que estão bem um para o outro.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Teria mais reservas com algumas pessoas com quem me cruzei. Assumo todo o meu percurso.

 

Que faz no presente e que projectos para o futuro?

Sou professor de português e espero continuar a sê-lo durante ainda muito tempo. Estou envolvido em projetos de cultura local e a minha intervenção cívica passa por aí.

 

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Portugal

 

Um livro

Muitos, mas “Os Lusíadas” e os Maias”, são essenciais

 

Uma música

4 estações (Vivaldi)

 

Um ídolo

A família

 

Um prato

Sarrabulho

 

Um conceito

Quanto mais sei mais descubro que tenho muito para aprender

publicado por Joaquim Gouveia às 11:00

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