Entrevistas de JoaQuim Gouveia

26
Set 14

 

“DEUS É UM MITO QUE O HOMEM CRIOU”

 

Joaquim Palma é um empresário do ramo da panificação. Oriundo do concelho de Mértola, nasceu numa pequena aldeia alentejana, mas está radicado na nossa cidade desde há muito. Com 16 anos inscreveu-se como voluntário na Marinha e mais tarde arriscou em tornar-se empresário obtendo algum sucesso construindo uma vida com honestidade e desafogo. Tem do mundo a ideia de que a globalização apenas beneficia os grandes países. Quanto à resolução da crise pensa que os políticos devem olhar mais pelo povo e menos por si próprios e por quem os apoia. Solidariedade é o seu principal conceito na vida.

 

Como foi a sua infância?

Nasci numa pequena aldeia no concelho de Mértola, no Alentejo. Os meus pais eram pequenos agricultores. Recordo-me das brincadeiras com os meus amigos e, como gostava muito da vida do campo ajudava os meus pais e os meus tios. Tinha o vício da agricultura. Na escola fui um aluno razoável. Não tive a possibilidade de continuar os estudos para além da 4ª classe por dificuldade de transporte para Mértola, onde ficava a escola preparatória. Na altura não haviam carros na minha aldeia.

 

O primeiro amor...

Foi por uma rapariga lá da aldeia. Acho que tinha 12 anos. Foi amor à primeira vista. Andávamos à escola. Aquilo eram uns beijinhos e pouco mais.

 

O primeiro emprego...

Como voluntário na Marinha, com 16 anos. Ganhava 600 escudos.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma vivenda em Aires, confortável, o meu refúgio e o local de encontro da família. Tenho duas filhas, ambas casadas que se reúnem lá em casa no Natal e noutras ocasiões de festa.

 

O que pensa do mundo?

Vejo as coisas muito difíceis. A globalização pode trazer algo de benéfico aos países mais desenvolvidos, mas a outros como o nosso não traz vantagens. Isto resulta numa desigualdade. Os países maiores é que decidem e, naturalmente, ficam com a melhor parte. Há um desequilíbrio social evidente. Não se vislumbram grandes perspetivas para os anos mais próximos.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Penso que sim. Fui empregado por conta de outrem durante muitos anos. Depois criei a minha empresa em 1988. Tornei-me um pequeno empresário com algum sucesso. Não estou arrependido. Como homem tenho um bom casamento, as minhas filhas e os meus netos. Sou um homem feliz.

 

 

Como se resolve a crise?

Quando existirem consensos, ou seja, quando os políticos passarem a respeitar-se e a respeitar os eleitores, o que agora não acontece. Estou de acordo que sejam os partidos políticos a governar mas deveriam pensar nos reais problemas das pessoas e do país e menos neles próprios e nas élites que os apoiam.

 

Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Deus é um mito que o Homem criou.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Tenho uma ambição limitada à minha condição de pessoa humilde. Com as poucas possibilidades que tive consegui fazer a minha vida com desafogo e tranquilidade. Por isso talvez não mudasse grande coisa.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Sou empresário no ramo da panificação e faço parte dos órgãos sociais da Associação dos Industriais da Panificação de Lisboa. Pretendo continuar a apoiar a minha família e os amigos e, muito particularmente, os meus netos.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Cuba

 

Livro

A queda de gigantes (Ken Follet)

 

Uma música

Os Vampiros (Zeca Afonso)

 

Um ídolo

Vasco Gonçalves

 

Um prato

Bacalhau à Braz

 

Um conceito

Solidariedade

 

publicado por Joaquim Gouveia às 14:16

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