“PROFESSO OS MEUS IDEAIS E O MEU CRER”
José Colaço é presidente da Associação Alcache. Natural de Setúbal tem memórias de episódios muito particulares de uma infância vivida de forma intensa e com as vicissitudes próprias da época. É um otimista assumido e por isso quer continuar a ver o mundo de uma forma positiva. Pensa que os grandes estadistas têm que se entender para acabar com guerras e injustiças. Não acredita em Deus, porque diz professar os seus ideais e o seu crer de uma forma livre. Para si a crise resolve-se com a distribuição da riqueza. Adora Setúbal, o seu ídolo é Gandhi e não dispensa um bom prato de peixe assado.
Como foi a sua infância?
Sou setubalense, vitoriano e apaixonado pelas coisas da minha terra. Tive uma infância normal vivida num bairro periférico junto ao bairro Carmona, com todas as vicissitudes próprias da época. Com seis anos já mobilizava os meus amigos para a limpeza da azinhaga onde morávamos. Também formei uma equipa de futebol com os rapazes da azinhaga. Já tínhamos quotas e fazíamos apostas nos jogos que disputávamos. Frequentei a escola do bairro Carmona na primeira e segunda classes e a terceira e quarta fiz no bairro Santos Nicolau, na escola 19.
O primeiro amor…
Foi um amor de escola. Tinha onze anos. Um amor ingénuo.
E o primeiro emprego…
Comecei a trabalhar com onze anos na Elite, que era uma retrosaria. Ganhava 120 escudos por mês.
Como é a sua casa? Como a define?
É uma casa acolhedora, com qualidade, tranquila. É o meu campo na cidade e o porto de abrigo que não dispenso.
O que pensa do Mundo?
Quero continuar a ver o mundo de uma forma positiva porque sou otimista. Há lugar para todos. Os grandes estadistas têm que se entender para acabar com as guerras e as injustiças. O povo tem sempre uma ferramenta muito forte na mão que é o voto.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Completamente porque penso que fiz o que estava certo na minha vida e continuo a fazer o que gosto.
Como se resolve a crise?
Com a distribuição da riqueza. Se formos mais humanos damos um passo importante para resolver o problema. Temos que nos preocupar mais com o nosso semelhante. Se cada um de nós der um pequeno contributo as coisas resolvem-se.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Foi o Homem quem criou Deus. Sou ateu porque professo os meus ideais e o meu crer.
Se pudesse voltar atrás mudaria alguma coisa na sua vida?
Acho que não tinha muito para mudar. Não somos decisores da nossa vida a cem por cento e mesmo que pudesse voltar atrás há coisas que não dá para mudar porque nos são impostas. Os meus vinte anos foram passados em África/Moçambique numa guerra que me foi imposta.
Que faz no presente e que projetos para o futuro?
Sou presidente da Associação de ex-Marinheiros da Armada do Distrito de Setúbal “Alcache”. No futuro pretendo dar continuidade à minha participação no movimento associativo e manter a atividade profissional através da minha empresa.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino:
Setúbal
Um Livro:
Setenave (Jorge Fontes)
Uma Música:
Silêncio hoje morreu um poeta (Artur Batalha)
Um Ídolo:
Gandhi
Um prato:
Peixe assado
Um conceito:
Vive de bem contigo para viveres de bem com os outros