“DEUS É UM SER IMAGINÁRIO”
José Manuel Martins é um setubalense bem conhecido na cidade e proprietário do restaurante “Espaço Setúbal”, pertencendo ainda à família da famosa “Bolacha Piedade”. Viveu em Moçambique, até ao 25 de Abril de 74 e por lá conviveu com amigos que teve de deixar para sempre. Começou a trabalhar aos 18 anos, como monitor de tempos livres. Pensa que o mundo é egoísta e sofre da falta de escrúpulos. A sua casa é um refúgio onde guarda as suas pinturas e as poesias da mulher. Para si o Homem criou Deus, para lhe dar força e coragem. Gostava de vir a ter um hotel e Lasanha é a sua comida preferida.
Como foi a sua infância?
Nasci na Palhavã, no bairro da Anunciada. Tive uma infância feliz. Com 28 dias de vida fui com os meus pais para Moçambique e só regressámos após o 25 de Abril de 74. O meu pai era embarcado. No entanto vinha frequentemente a Setúbal visitar a família e os amigos. Na escola sempre fui um bom aluno e conclui o ensino primário com êxito. Tinha muitos amigos com quem brincava. Em Moçambique praticava-se muito desporto, nomeadamente o basquetebol.
O primeiro amor…
Foi a minha mulher. Tinha 16 anos. Nessa altura o coração disparou mais depressa, é verdade. De resto foram brincadeiras próprias da juventude.
E o primeiro emprego…
Como monitor de Tempos Livres no Stella Maris. Tinha 18 anos e devia ganhar uns 8 contos por mês.
Como é a sua casa? Como a define?
Está feita para nos sentirmos bem. É a nossa imagem. Tem muito espaço, é confortável e um refúgio onde exponho as minhas pinturas e onde tenho um espaço próprio para mim e para a minha mulher fazer as suas poesias.
O que pensa do mundo?
É um mundo sem escrúpulos, onde não há tolerância, nem família. É um mundo muito só e egoísta, sem justiça, sem critérios, nem valores. Neste momento tenho uma ideia muito negativa do mundo.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sim porque ao fim e ao cabo sei que queremos sempre atingir novas metas ,e nesse aspeto sempre trabalhei para atingir os meus objetivos. Não é fácil mas a minha maneira de ser permite-me superar as dificuldades.
Como se resolve a crise?
Mudando a mentalidade dos políticos. O egoísmo que eles mostram não lhes permite pensar no bem estar das pessoas nem nas dificuldades do povo.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Apesar de ser católico não praticante acho que foi o Homem quem criou Deus. Na Igreja nem tudo é correto. Eu sou um homem de fé. Deus é um ser imaginário que nós criámos para irmos buscar forças. Acredito nos Santos, que foram pessoas que sempre fizeram o bem e que nos confortam. A imagem de Nossa Senhora de Fátima dá-me muita força e coragem.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Essencialmente algumas coisas que agora faria de outra maneira. No fundo isto é a própria experiência da vida que nos ensina a fazer cada vez melhor e que nos dá a capacidade de vermos a vida de outra forma mais atualizada a cada momento.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Sou proprietário do restaurante “Espaço Setúbal” e faço parte da “Bolacha Piedade”. Não penso no futuro. Não faço projetos. Limito-me a viver o dia a dia. Gostava de vir a ter um hotel. Nos dias que correm quando acordamos se tiramos a “bola preta” é o fim...
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Itália
Um livro
Pappilon (Henri Charrière)
Uma música
Beatlles
Um ídolo
Vitória de Setúbal
Um prato
Lasanha
Um conceito
Tolerância. Sem ela não há vida.