Entrevistas de JoaQuim Gouveia

24
Set 14

 

“FALTA ESTIMA E COMPREENSÃO AO MUNDO”

 

Luís Filipe Martins é contrabaixista em vários projetos musicais. Está a terminar a sua licenciatura em jazz e criou um curso livre neste estilo musical na Academia Luísa Tódi, onde frequentou enquanto jovem, o ensino básico tendo conhecido a professora Maria Adelaide Rosado Pinto, que lhe ministrou algumas aulas. Por ali teve o primeiro contato com os palcos e percebeu que era por aí que tinha de continuar a sua vida. O seu primeiro emprego, no entanto, foi nos escritórios da antiga drogaria Pachecos, onde o seu pai tinha uma quota. Pensa que o mundo é belo mas não completo porque lhe falta a estima e a compreensão do Homem. Para si Deus é a atitude positiva das pessoas.

 

Como foi a sua infância?

Foi uma infância feliz. Nasci no hospital de S. Bernardo e vivi no bairro Salgado. Frequentei a pré-primária e a primária na Academia Luísa Todi. Lembro-me que fazia teatro e tínhamos aulas de canto coral com a saudosa Maria Adelaide Rosado Pinto. Comecei a pisar os palcos logo nessa altura e percebi que era por aí que tinha que continuar. As brincadeiras eram feitas na rua com os amigos. O meu avô tinha uma quinta nas Pontes e eu passava lá as vindimas. Costumava andar montado num macho que havia lá na quinta.

 

O primeiro amor...

Tive uma paixão por uma miúda do coro de S. Julião. Devia ter 14 anos. Não fui correspondido. Foi uma coisa de miúdas. Ela chama-se Micá. Era mais velha que eu. Não tive sorte.

 

O primeiro emprego...

A trabalhar na drogaria dos Pachecos, onde o meu pai tinha uma quota. Trabalhava no escritório. Tinha 14 anos. Não me recordo de quanto ganhava mas sei que era pouco.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É o local onde tenho toda a minha vida. É uma casa boa. Tenho um estúdio onde estudo e trabalho. É todo o meu mundo. É confortável. Posso-me considerar uma pessoa com sorte. Todos os dias quando saio de casa dou graças pela minha sorte.

 

O que pensa do mundo?

Penso que temos a sorte de poder chegar a tanta coisa mas o Homem acaba por destruir tudo pela sua ânsia e pela ambição, o que lamento. Tenho uma ideia positiva do mundo que é belo embora não seja completo. Falta-lhe estima, entreajuda e compreensão.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sou uma pessoa que nunca se sente realizada com o que tem, quero sempre chegar mais longe e por isso continuo o estudar e a trabalhar. Talvez esteja mais próximo daquilo que ambiciono mas tenho receio do futuro.

 

 

Como se resolve a crise?

Passa por se apostar mais na cultura e na educação que são os pilares do desenvolvimento humano e social. As mentalidades têm que mudar cultivando-se cada vez mais. Também é preciso chamar as pessoas à razão e perceberem que tem de ser pró-ativas. A passividade é muito grande. Precisamos de ser mais ativos na vida social para termos sucesso.

 

Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Embora tivesse crescido num ambiente religioso, sou católico, mas acredito mais nas pessoas. Sei que há coisas que acontecem que não se explicam. Acho que nos criámos ao mesmo tempo. É uma dúvida que irei sempre manter. Deus para mim são as atitudes positivas das pessoas, a bondade, a estima, a consideração, etc..

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Teria arriscado em relação áquilo que gosto de fazer. Não teria perdido tempo com coisas menos importantes na minha vida.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Sou músico profissional, estou a acabar a licenciatura em jazz, contrabaixo, em Évora e pertenço a alguns grupos de música como a Orquestra Big Band da Humanitária de Palmela, Quarteto Fado Deolinda de Jesus, Quarteto Jazz Edgar Caramelo e Quarteto Jaqueline Mercado. Para o futuro criei um curso livre de jazz e música moderna na Academia Luísa Todi e pretendo manter a minha atividade em concertos e vários espetáculos.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Nova York

 

Livro

Mr. Pc – Vida e Obra de Paul Chambers (Rob Palmer)

 

Uma música

Eu não sei quem te perdeu (Pedro Abrunhosa)

 

Um ídolo

Eddie Gomez

 

Um prato

Sardinhas assadas de Setúbal

 

Um conceito

Procurar a felicidade

 

publicado por Joaquim Gouveia às 09:12

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