Entrevistas de JoaQuim Gouveia

06
Jan 18

“O HOMEM TEM QUE OLHAR PARA SI E RESPEITAR-SE”

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Manuel Véstias nasceu num monte alentejano. Privou com muitas limitações e começou a trabalhar muito cedo. Os seus pais eram analfabetos mas muito importantes na forma como desenvolveu o seu crescimento. Na escola foi um aluno razoável e no mundo laboral tem realizado o seu caminho a preceito. É autarca, técnico de qualidade e pequeno empresário. Não é crente e por isso acredita que foi o Homem quem criou o enigma chamado Deus. Depois de cumprir o seu atual mandato na autarquia do Sado, sente-se com coragem para abraçar projetos sociais. Álvaro Cunhal é o seu ídolo.

Como foi a sua infância?

Sou natural do concelho do Alandroal, Santiago Maior, distrito de Évora. Nasci no monte Alto, monte alentejano. A minha mãe era criada de servir e o meu pai trabalhador agrícola. Fiz a escola num local que se chama Seixo. Fui um aluno razoável. Os meus pais eram analfabetos. Existiam muitas dificuldades a todos os níveis. Felizmente nunca passei fome mas tive uma infância com muitas limitações. Tínhamos uma alimentação sem frigorífico. Não havia casas de banho, nem luz elétrica. Tínhamos um fogão a petróleo. Trabalhava-se muito, de sol a sol. Vivi tudo isto e hoje sinto uma certa revolta.

 

O primeiro amor…

Não foi a minha mulher, foi uma rapariga que era vizinha da minha tia que vivia a 5 km de distância. Ainda namorámos algum tempo. Eu era bastante namoriscadeiro mas com responsabilidade. Sou casado há 35 anos.

 

E o primeiro emprego…

Desde que me lembre sempre trabalhei. Depois da escola primária não quis continuar os estudos e aos 11 anos fui guardar vacas com o meu pai. Ganhava 500 escudos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

Vivo numa cooperativa de habitação numa moradia de habitação social. Tenho um quintal com horta e com árvores. É uma casa muito acolhedora de portas abertas para a família e para os amigos. Tenho todas as condições necessárias a uma boa vivência.


O que pensa do Mundo?

Olho para o mundo com muita preocupação. Quem está neste planeta não se respeita. Quando nascemos não temos nada e passamos a usufruir dos bens familiares. O Homem tem que olhar para si e respeitar-se e inventar a sua sobrevivência. Preocupa-me a fome, a guerra, a poluição e a exploração do Homem pelo Homem.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sem dúvida e muito afirmativo. A partir do momento em que fui tropa sempre trabalhei por conta de outrém. Estive sempre ligado ao movimento associativo. Sou do Partido Comunista Português desde 1982 e autarca desde 1997. Sou um homem realizado e de bem com a vida.

 

Como se resolve a crise?

Olhando para o país com investimento que terá que ser superior às amortizações. A nossa competitividade deve ser ativa e atualizada. Os investimentos têm que criar empregabilidade que gera consumo. Os empresários têm que ser dignos e de referência e gerar postos de trabalhos dignos.

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Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?

Não sou crente. Acredito no Homem. Acho que foi o Homem quem criou esse enigma.

 

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Não quero voltar atrás. Nunca me senti perdido. Só se fosse para recuperar a minha mãe. Só nesse sentido.

 

Que faz no presente e que projetos para o futuro?

Sou presidente da Junta de Freguesia do Sado, trabalho na AutoEuropa, como técnico de qualidade e sou micropequeno empresário. Sou um homem de desafios. Estou no último mandato na junta que quero levar até ao fim sempre com a mesma dignidade e humildade. Depois, certamente aparecerão projetos sociais para realizar.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino:

Cabanas de Tavira

 

Um Livro:

Paredes de Vidro (Álvaro Cunhal)

 

Uma Música:

Grândola Vila Morena (José Afonso)

 

Um Ídolo:

Álvaro Cunhal

 

Um prato:

Açorda de alho com sardinhas assadas

 

Um conceito:

Respeitar os outros

 

 

 

publicado por Joaquim Gouveia às 15:04

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