“TINHA A IDEIA DE QUE O SEC. XXI SERIA MELHOR”
Rui Canas é o primeiro presidente eleito da nova União das Freguesias de Setúbal. Nasceu na Avenida Luisa Tódi e cedo contatou com as gentes do mar, ali tão próximo e brincou com as crianças que, na altura, deambulavam na zona envolvente que se estende entre a Fonte Nova e o Viso. Frequentou a escola primária Conde Ferreira e o seu primeiro emprego foi a meio tempo na Casa da Cultura, ao tempo do antigo FAOJ. A sua casa é um refúgio e tem do mundo a ideia de que a globalização trouxe fenómenos negativos. É agnóstico mas sabe que o Homem necessita de crenças para viver. “Os Esteiros” é o seu livro dileto.
Como foi a sua infância?
Nasci na Avenida Luísa Todi, ao pé da Saboaria. Tomei contato com o mar, o rio e a pesca. Morava perto da Doca dos Pescadores e ali ía ao banho, andava com os pescadores e passava 4 meses numa praia. Corríamos, nadávamos, íamos à fruta e brincávamos com muita imaginação. Tinha muitos amigos na zona da Fonte Nova, Viso e na avenida. Eramos todos rapazes. As raparigas não tinham o hábito de andar na rua. Andei na escola do Conde Ferreira, com o professor Costa no 1º ano e com o professor Barbeiro, da 2ª à 4ª classe.
O primeiro amor…
Talvez com alguma vizinha mas não ficou nenhuma recordação em especial. Acho que isso só aconteceu no ciclo preparatório com uma menina muito bonita da qual não revelo o nome por óbvias razões.
E o primeiro emprego…
Foi a meio tempo no FAOJ. Fiquei na Casa da Cultura com o saudoso Sr. Barreto, na área do desporto. Não me recordo quanto ganhava.
Como é a sua casa? Como a define?
Um refúgio. Um sítio onde tenho que me sentir bem apesar do pouco tempo que lá passo. Mas tem que ser um espaço que tem que ver comigo. Preocupo-me mais com a luz, o equílibrio e a funcionalidade. Acho que esta é a casa que sempre gostaria de ter tido.
O que pensa do mundo?
É uma coisa que me faz pensar todos os dias. Acordo a ouvir a Antena 1, para saber das notícias que acompanho ao longo de todo o dia. O mundo faz-me refletir porque tinha a ideia de que o séc. XXI seria melhor para todos. Em termos tecnológicos, ciência, medicina e saber, o mundo evoluíu mas no que tocas aos aspetos democráticos, igualitários e resolução de problemas de fundo acho que o mundo não evoluiu nada. A globalização trouxe fenómenos negativos para a sociedade como a questão da perda de direitos sociais e laborais e a crescente desigualdade que se verifica hoje.
Sente-se realizado humana e profissionalmente?
Sempre pensamos que há mais qualquer coisa para se fazer. Pessoalmente sinto-me satisfeito comigo próprio e isso tem a ver com a minha coerência. A minha vida profissional tem sido variada e muito rica em termos de experiências tanto no público como no privado. Orgulho-me do trabalho realizado.
Como se resolve a crise?
A crise é uma palavra que quer dizer coisas diferentes para cada um de nós. A crise na Europa é de valores e de projetos que são necessários encontrar para promover o progresso, o desenvolvimento e o conforto. Há situações de guerra que me preocupam bastante. A crise resolve-se com o regresso de valores que entretanto abandonámos, com o investimento para desenvolvimento, cidadania e participação na resolução dos problemas.
Deus criou o Homem, ou foi o Homem quem criou Deus?
Foi o Homem quem criou Deus. Não sou católico nem religioso. Sou agnóstico, mas o Homem não consegue viver sem crenças. Eu acredito no Homem.
Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?
Não. Porque se mudasse faria coisas que quereria voltar a mudar. Não controlamos a vida mas podemos fazer opções. N ão me arrependo das minhas.
Que faz no presente e que projectos para o futuro?
Sou presidente da União das Freguesias de Setúbal. Num futuro imediato quero melhorar a condição de vida das populações das áreas desta nova Junta.
CAIXA DAS PALAVRAS
Um destino
Portugal
Um livro
Esteiros (Soeiro Pereira Gomes)
Uma música
E depois do Adeus (Paulo de Carvalho)
Um ídolo
O meu pai
Um prato
Sardinhas assadas
Um conceito
Vive com os outros