Entrevistas de JoaQuim Gouveia

16
Set 14

 

O POVO SOFRE MUITO”

 

Rui Sales é um homem do movimento associativo de Setúbal, solidário, amigo, disponível. O seu trabalho em prol do coletivo está bem à vista em várias agremiações da cidade, algumas das quais ainda contam com a sua participação. Começou a trabalhar cedo, aos 12 anos, porque não ia à escola para assistir aos treinos do seu Vitória. O seu primeiro amor marcou a sua vida. Do mundo tem uma ideia negativa acusando os magnatas que espezinham o povo. Diz que hoje ninguém quer ouvir a palavra dos que tentam ajudar de que é exemplo o próprio Papa Francisco. Diz que os políticos que temos são uma vergonha e é necessário acabar com os cartões dourados. Lamenta, na sua vida, o fato de não ter sido enfermeiro.

 

Como foi a sua infância?

Nasci em Setúbal, no dia 25 de Janeiro de 1942, num prédio cor de rosa que fica por detrás da Câmara Municipal. Andei na escola das irmãs do senhor Almeida, que era o dono da antiga Casa das Manteigas. Não fui um bom aluno porque só queria brincadeira. Aliás, quando passei para a Escola Comercial, chumbei por faltas logo no primeiro período porque ia ver os treinos do Vitória ao Campo dos Arcos. Gostava, também, de ir ao aterro alugar bicicletas para levá-las, depois, para perto do Quartel do 11. Coisas daquela época.

 

O primeiro amor...

Nasceu numa brincadeira. Eu tinha 12 anos. A mãe dela trabalhava na confeitaria Abrantes. Foi uma pessoa que marcou bastante a minha vida. Depois foi para o estrangeiro. Entretanto já faleceu.

 

O primeiro emprego...

Na papelaria Rubi. Como não queria andar à escola a minha mãe meteu-me a trabalhar. Só tinha 12 anos. Ganhava 70 escudos por mês.

 

Como é a sua casa? Como a define?

É uma casa onde me sinto feliz. Nunca sonhei ter uma casa como a que hoje tenho. É o meu lar, onde me sinto muito bem. Hoje já não se vive a cidade, que eu a conheci noutros tempos e, então, passo mais tempo em casa.

 

O que pensa do mundo?

Vejo cada vez mais os magnatas a espezinharem o povo. Quanto mais as entidades como o próprio Papa Francisco falam, menos as pessoas os ouvem e por isso há mais gente com fome e a morrer na miséria. O povo sofre muito. Na verdade não tenho uma imagem positiva do mundo. Nas viagens que já fiz por essa europa fora percebi que isto são alguns que mandam nos outros todos, uma escravatura dos nossos dias.

 

Sente-se realizado humana e profissionalmente?

Sinto-me realizado porque com 72 anos de idade não me acusa a consciência de ter alguma vez prejudicado alguém mas, muito pelo contrário, ajudei muita gente, hoje boas pessoas, bons amigos e bons chefes de família. Ainda hoje tento ajudar os que me procuram. Sou solidário. Há mais de 30 anos que pertenço a instituições de caridade como a Conferência de S. Vicente de Paulo, de Santa Maria.

 

 

Como se resolve a crise?

Em Portugal resolvia-se se os políticos não olhassem tanto para os seus umbigos. As grandes reformas e os cartões dourados tinham que acabar. Os políticos que temos são uma vergonha. Nestes últimos 40 anos surgiu uma lufada de novos políticos que nunca souberam o que custa a vida. Nunca lhes faltou nada. Não sabem o que é o drama de uma família com necessidades. Para mim qualquer maioria é má para um país.

 

Deus criou o homem, ou foi o homem que criou Deus?

Penso que Deus criou o Homem. Sou católico praticante. Acredito em Deus, porque nós temos exemplos de muita gente que veio ao mundo para salvação de muitos outros, pela sua entrega e dedicação. Numa aflição todos chamamos por Deus.

Se pudesse voltar atrás o que mudaria na sua vida?

Nunca tive a profissão que idealizei para mim e que era a de enfermeiro. Apenas quando servi na tropa tive a felicidade de a exercer. Tentaria mudar esse aspeto. Tirar a dor a um irmão é algo de grande felicidade.

 

O que faz no presente e que projetos tem para o futuro?

Sou reformado e dirigente do Vitória Futebol Clube e da Associação de Socorros Mútuos Setubalense. A minha idade já não me permite aceitar outros convites para exercer mais cargos. No entanto, ainda quero ser útil à minha cidade e continuar a ajudar o próximo.

 

CAIXA DAS PALAVRAS

 

Um destino

Brasil

 

Livro

A Bíblia

 

Uma música

Rio Azul (Mário Regalado)

 

Um ídolo

Deus

 

Um prato

Sardinha assada de Setúbal

 

Um conceito

Ser útil em todos os atos e missões

 

publicado por Joaquim Gouveia às 08:56

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